Como lidar com o luto devido á perda de animais de estimação

Praticamente todas as pessoas ao longo da vida já tiveram ou ainda terão algum animal de estimação. Afinal, quem não se encanta com um amigo fiel que nos faz companhia, que se alegra com nossa chegada, que está sempre pronto para brincar, e que nos faz sorrir mesmo naqueles dias mais tensos? E quão gostoso é construir este apego baseado no cuidado, no carinho e em gestos amorosos. É um tipo de demonstração de afeto que ultrapassa a linguagem, e ainda assim conseguimos nos comunicar tão bem com eles.

Pesquisas do IBGE revelam que, no Brasil, o número de animais de estimação ultrapassa significativamente o número de crianças nos lares, e esta estimativa tende a aumentar. Um dos motivos para este fenômeno é devido ao fato de as mulheres estarem tendo menos bebês, ou optam por terem filhos cada vez mais tarde, fazendo com que os lares tenham pouca gente. Isso deve-se também ao aumento da população idosa, cujos filhos já saíram de casa. Sendo assim, a adoção de animais de estimação em um lar é uma das alternativas que podem ajudar a trazer mais alegria, mais vida, direcionar o afeto, a exercitar o cuidado e ter companhia.

Porém, todos sabemos que a expectativa de vida dos animais é muito curta em relação ao tempo em que o dono viverá, por mais que eles sejam bem cuidados. Dessa forma, inevitavelmente os donos um dia verão seus companheiros adoecerem, e morrerem.

A dor sentida pela morte (ou desaparecimento) de um animal de estimação é intensa, e proporcional ao vínculo estabelecido. Portanto, não será uma tarefa fácil de elaborar esta perda, ainda mais se considerarmos o fato de que este tipo de luto em nossa sociedade é considerado como Luto Não Reconhecido, ou seja, não existe um suporte da rede de apoio, para validar e apoiar este momento ao enlutado, pois muitos pensam : “Ah, era só um cachorro…” Este tipo de atitude tende a invalidar o sofrimento, a não dar espaço nem autorização para que ele seja vivenciado, tal qual pede o processo de luto. E por vezes torna-se uma dor sufocada, uma dor silenciada, na qual o dono também não se permite expressar, por vezes temendo ser rejeitado socialmente ou ser tido como fraco.

Para que o processo de Luto devido à perda de animais de estimação siga um curso favorável, é muito importante que a rede de apoio, ou seja, os amigos, os familiares, sejam empáticos com relação ao sofrimento do enlutado, sempre validando sua dor, dando espaço para que ele possa falar e chorar por seu animal o quanto quiser, sendo dada a verdadeira importância que tem.

Outras atitudes que ajudam nesta elaboração são os rituais. Como por exemplo, um sepultamento em um lugar significativo para a família, onde eles possam visitá-lo sempre que sentirem saudades. Ou então pode ser realizado o plantio de uma flor ou uma árvore em memória do companheiro, fazer doações a uma ONG que ajuda animais, em memória do mesmo.É interessante organizar álbum memorial de fotos, ou escrever a história do animal. Para as crianças, pode ser sugerido que elas escrevam uma carta ao companheiro falecido, e a morte do animal  nunca deve ser escondida da mesma. É uma oportunidade de o adulto poder falar e explicar sobre a a experiência da morte para a criança, de forma honesta.

O Luto caracterizado como Não Reconhecido é um tipo de luto que não encontra espaço para ser vivenciado na sociedade, e pode levar ao adoecimento. Por isso, o Atendimento Psicológico é muito útil no processo de elaboração deste e de todos os tipos de Luto, e é uma das lindas contribuições da Psicologia para com a sociedade.

*Grace é Psicóloga, atua na cidade de Jaguariúna e atualmente desenvolve projetos gratuitos para ajudar pessoas enlutadas. Para participar do projeto, envie um e-mail para gracebbenato@gmail.com  ou acesse a página facebook.com/renascendodoluto

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