Relações inacabadas!

Foi um duro golpe para ela admitir que sua separação, ocorrida há mais de dez anos ainda não estava resolvida em si mesma. Já tivera a oportunidade de refazer sua vida amorosa por três vezes, pessoas idôneas e que demonstraram o quanto gostaram dela, mas dizia não saber o porquê essas suas relações não fluíram.

Seu maior argumento era que seu casamento e consequente separação pertenciam ao passado. Insistia nisso. Demorou a perceber que essa relação estava mais presente do que nunca. Foi com muito custo, entenda-se sofrimento, que percebeu trazer consigo todos os dias e das mais variadas formas o que de fato tivera fim há todos esses anos. Só não teve para ela.

Deu-se conta que nenhum relacionamento iria em frente com suas emoções tão conturbadas e não resolvidas como estavam, e o pior segundo suas próprias palavras: “eu não me permitia perceber isso.” Relatou que um dos maiores e mais frequentes indicadores de que carregava ainda consigo o que aconteceu era seu mau humor repentino. Também um excesso de comparações entre situações mais diversas, mas que agora percebia eram elos com o que havia vivido.

Muitas vezes haviam pontuado para ela, porém não aceitava de forma alguma que isso estivesse acontecendo, ao contrário, achava que essas pessoas não conseguiam se desligar de sua separação. Percebeu então a diferença entre não carregar o passado em seu presente e apenas não negar sua história de vida. Não se pode excluir o oque ou quem fez parte de nossa vida, não importa o tempo, mas o significado. Quanto maior, menos isso é possível.

Newton estabeleceu que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Também no campo emocional há vibrações que são incompatíveis. Enquanto uma não for resolvida não haverá espaço para outra.

Após uma ocorrência que lhe magoou muito, verifique alguns pontos de sua nova vida. Veja seu estado de humor como se encontra hoje. Atenção, não estamos falando exatamente do momento em que o fato aconteceu, mas depois que já passou. Observe as mudanças e busque entende-las sem julgamentos, também sem se dizer “depois do que passei o que você quer de mim”, manifestações reativas que expressam a não aceitação do ocorrido, portanto, o não poder fazer nada para superar.

Não só na vida amorosa isso ocorre. Vejam o profissional que é desligado involuntariamente de seu trabalho. Mesmo que ele quisesse sair, o fato não bem esclarecido internamente fará com que se sinta rejeitado e isso o impedirá de olhar suas novas possibilidades com animo e determinação. Poderá até arrumar uma colocação melhor, mas o fato de não ter absorvido e digerido sua dispensa o impedirá de ser feliz em seu novo local de trabalho..

Conheço inúmeras pessoas nessa situação. Será você uma delas?

Muitas vezes o que impede o desligamento total da situação é a necessidade que o ser humano tem de ser aceito e compreendido por todos. Não pode se desligar de alguém se sabe ser criticado por esse alguém. Tem que ser compreendido e aceito, perdoado e não julgado. Ser agradável e querido por todos.

Oras, se isso não foi possível nem a Jesus Cristo, figura maior de amor e compreensão, como nós com nossas deficiências, necessidades, exigências tipo “tem que ser do meu jeito” podemos querer esse status?

É preciso não só entender, mas também aceitar que nem todos nos terão como o maior e o melhor dos seres. O importante, segundo um meu conhecido é que sejamos os piores apenas para alguns poucos.

Um bom exercício para o viver melhor é listar todas as situações não ou mal resolvidas em nossas vidas e resolve-las. Colocar um ponto final nelas. Não importa o quanto tempo leva ou o quanto vai incomodar. Se é preciso, tem que ser resolvido e acabado. Deixar para depois só piora e dificulta sua vida.

Paulo Antolini é Psicólogo, Psicoterapeuta, Practitioner Programação Neurolinguística, Administrador e Consultor de Empresas. | Fones: 019-3834-8149 / 019-99159-2480 / 011-97452-8262 | Email – paulo.salvio@terra.com.br

 

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