Fundador do MIS Campinas, Henrique de Oliveira Júnior morre aos 101 anos
Cineasta tem mais de 80 filmes e trabalhos premiados em festivais no Brasil e no exterior.
Morreu aos 101 anos, no último sábado (5), Henrique de Oliveira Júnior, cineastas e fundador do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas (SP). O enterro ocorreu no domingo (6), no Cemitério de Sousas.
Ele estava internado havia 15 dias na Casa de Saúde de Campinas, após ter se recuperado de um quadro de Covid-19.
A Prefeitura de Campinas lamentou o falecimento em nota. “Rendemos a ele nossa gratidão, admiração, homenagem e a família/amigos nossas condelências”, comunicou.
“Ele foi e sempre será uma figura importante não somente da cena cultural campineira, mas do Brasil, pela sua criatividade, inventividade e por transitar com maestria pela fotografia e cinema. Um verdadeiro gênio! O MIS prestará homenagens em gratidão por tudo que ele representa para o audiovisual de nosso país!”, declarou o chefe do MIS, Alexandre Sonego.
Henrique já havia sido homenageado no curta-metragem “Henrique de Oliveira Júnior – Memórias em Celulóide”, produzido por Marcos Craveiro.
O documentário de 14 minutos mostra a trajetória do fundador do MIS, que tem 89 anos e grande parte deles dedicados à paixão pela sétima arte.
Henrique de Oliveira Júnior fundou o MIS Campinas em 1977 — Foto: Reprodução/ EPTV
Cineasta com mais de 80 filmes e trabalhos premiados em festivais no Brasil e no exterior, Henrique começou a carreira cedo, aos 14 anos, como assistente de operador de cinema no antigo Cine Coliseu, que ficava no Largo Carlos Gomes.
O documentário mostra fotos da época e trechos restaurados de alguns de seus trabalhos, como “Lição Merecida”, de 1952, e “O Pedreiro de Days Peixoto”, de 1966.
Henrique fez parte do ciclo campineiro do Cine Clube Universitário, realizando o filme “O Artista”, em 1967, e vários trabalhos de registro de época em 16 milímetros e super 8 milímetros.
Em 1969, realizou um de seus mais importantes trabalhos, o curta de 90 segundos intitulado “Ser”, que levou um dos principais prêmios de obras em 16 mm do Festival de Cinema do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 1978 realizou, juntamente com a equipe Pesquisa Oito e Bernardo Caro na direção, o filme “Tabela”, que ganhou mais de 25 prêmios nacionais e internacionais e participou da bienal de São Paulo.
Em 1955, restaurou uma cópia do primeiro longa-metragem feito em Campinas, “João da Mata”, de 1923. Em 1981, a pedido do cinegrafista Thomas de Túllio, de “João da Mata”, então com 82 anos, reconstruiu a câmera éclair, uma das primeiras filmadoras de todo o mundo, usada no filme. Hoje, ela está no MIS de campinas.
Entre seus trabalhos significativos ainda está a construção de um projetor de 35 mm com mais de 900 peças que o cineasta fez sozinho e outro de 16 mm.
Em 1977, fundou o Museu da Imagem e do Som em Campinas.
A produção do filme “Henrique de Oliveira Junior – Memórias em Celulóide” recebeu convite para que a obra faça parte do acervo de filmes da Cinemateca Brasileira.