História e Arquitetura do Casarão do Berlim

Esta é sem dúvida uma grande memória arquitetônica da Vila Bueno. Uma das primeiras onze casas construídas pelo fundador da cidade, Cel. Amâncio Bueno em 1894. Projeto do engenheiro ferroviário alemão da Cia Mogiana, Wilhelm (Guilherme) Giesbrecht. Está situada no Bairro Berlim, na Rua Cândido Bueno nº 423. Possui alicerces de pedra em amarração, arcabouço principal em tijolões de barro com amarração em cal e areia. Sr. Plínio Poltroniéri afirmava que fora residência daquele engenheiro por algum tempo. Sua arquitetura lembra a fundação da vila, a riqueza trazida pelo café, reminiscências do estilo neoclássico, lembra a imigração italiana, na contribuição dos pedreiros frentistas. É a única das 11 construções que se afasta do alinhamento da calçada e deixa espaço para jardim em sua frente. Foi chamado de Casarão Imperial por sua imponência e elegância. As paredes terminam em platibandas ornamentadas por cornijas. Acima delas há finos ornamentos. Há belíssimas molduras por sobre os janelões frontais e porta de entrada. Faixas decorativas ornamentam as paredes. Acima das cornijas veem-se ornamentos similares a apliques em cimento. No frontão superior, grandes ornamentos e compoteiras. O Capitão Ulisses Masotti, imigrante italiano, comprou-a ao coronel, em 1896, mandou construir seu brasão na fachada do prédio com suas iniciais: “U.M”. Fez do prédio sua residência e sede da Casa Comercial Bueno e Ferreira, tornando-se o 1º Cartório do qual se tornou o 1º tabelião. A inauguração do estabelecimento aconteceu em 17/09/1897 e , em 1898, no mês de março, foi nele realizada a 1ª eleição do “Distrito de Paz de Jaguary”, segundo a obra “Jaguariúna no curso da história de Suzana Barretto Ribeiro, SEDUC/2008. O estabelecimento funcionou neste casarão até 1923. A entrada para o Cartório se fazia através de original alpendre frontal com guarda-corpo em balaústres. Sua cobertura é sustentada por dois pilares de ferro, madeiramento e telhado em três águas. Ornamento na frente e nas laterais por gradil de madeira. O honrado Capitão Ulisses Masotti faleceu em 1928, pessoa benemérita à vila. Com sua fiel companheira, D. Rosa Tonini, criaram sete filhos. Era benquisto e conhecido em toda região.. Encontram-se constantes dados sobre o tabelião e seu cartório no semanário “A Comarca” de Mogi-Mirim como na obra: “Vila Bueno, ensaios para a história” p.133,Arte Escrita Editora. CMU Publicações, 2007. A artística construção apresenta porões altos com ventilação (grades de ferro chamadas gateiras). As mesmas protegem os assoalhos em madeira de lei de alguns cômodos. Em outros, há piso hidráulico. O forro em madeira já foi reformado. Telhado na frente e nas laterais está escondido por platibandas. O escoamento das águas pluviais se faz através das calhas e por condutores embutidos. Este casarão, nas décadas de 50 a 70 foi residência da família do Sr. João Berne e D. Lídia Bergamini que montava anualmente, artístico e grande altar para N.S. das Dores, na Semana da Paixão da Paróquia de Santa Maria. Nas últimas décadas o casarão foi adquirido pela Família Bonetti e permaneceu abandonado no processo de divisão hereditária. Posteriormente foi adquirido e restaurado pela proprietária, Lúcia M. de Moraes Ribeiro, e, na seqüência, adaptado para restaurante e local de eventos. De 2005 a 2016 ali se instalou a Biblioteca Municipal Prefeito “Adone Bonetti.” Neste final de 2018, o casarão já integrado ao Cadastro do Patrimônio Histórico Municipal pelo CONPHAAJ, foi vendido a compradores de Holambra, segundo comunicado ao Conselho na Casa da Memória por arquiteto que procederá a novas adaptações internas.

TOMAZ DE AQUINO PIRES

 

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