Uma viagem que vale uma vida!
Assistindo os noticiários do dia a dia nós nos deparamos com diversas situações que colocam em cheque a nossa fé na vida. Vemos filhos matando pais, pais matando filhos, crianças sendo assassinadas por policiais e muitas outras atrocidades. Nós não precisamos ir muito longe para ver esse tipo de barbárie. Esse tipo de coisa está acontecendo do nosso lado e bem mais perto do que imaginamos, mas o mais importante que isso não é se revoltar sobre o crime e apenas deixar como estar, o primordial é que a haja a sensibilização. Se colocar na pele da mãe que perdeu o filho, se colocar no lugar do filho que perdeu os pais. Sensibilização é uma palavra forte, uma palavra que significa “ter reação a”. A sensibilização com os fatos do dia a dia é de grande importância em nossas vidas, mas além de ficar sensível com tal coisa, também devemos nos mobilizar.
É sobre isso que a matéria irá falar. Sobre mobilização. A história parece mais um enredo de algum filme dramático que irá concorrer ao Oscar no ano que vem, mas o roteiro saiu da vida real e aconteceu em novembro de 2008. Leonardo Aranha de Matos, um menino de 20 anos de idade, com toda a vida pela frente e que tinha força e garra para conquistar seu lugar ao sol. Tinha acabado de começar a cursar Administração de Empresas com foco em Comércio Exterior, tinha real paixão pela vida e gostava de estar rodeado de seus amigos sempre que podia. Na verdade ele ainda gosta, e muito, só que seu maior sonho era retomar tudo o que um dia deixou pra trás. Mas não deixou por vontade própria. Ele foi obrigado a largar sua faculdade e deixar de ver seus amigos em um domingo de manhã. Tudo por uma questão de imprudência.
“Era 16 de novembro de 2008, um dia normal, estava participando de um churrasco com meus amigos do colegial. Quando cheguei em casa me dei conta que havia esquecido a carteira com uma amiga. Era um percurso simples a se fazer, mas nesse caminho de ida eu sofri um acidente de carro que provocou a chamada Lesão Medular Incompleta, afetando a C4-C5. Esta lesão comprometeu seriamente todos os movimentos do meu corpo. Fui hospitalizado e fiquei internado e entubado por três meses, lutando contra as infecções hospitalares, passei por traqueostomia, e outros procedimentos nada agradáveis. Já em boas condições recebi alta. Em janeiro de 2009, logo me deparei com problemas respiratórios que me forçou a voltar para o hospital por mais uma semana. Enquanto isso minha casa era equipada com uma mini UTI e as instalações e equipamentos para a manutenção da minha vida, adaptação do banheiro, cama hospitalar, balão respiratório, tudo muito novo para nós que tínhamos que nos acostumar e aprender a lidar, inclusive com os enfermeiros circulando pela casa, cuja rotina foi totalmente alterada”
ESPERANÇA
Leonardo nunca desistiu de achar a sua luz no fim do túnel, pois como ele mesmo descreve, a jornada dele não acabou. Conseguiu tratamento no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, ficou lá por um mês onde conseguiu entender mais sobre a sua condição e ter mais conhecimento sobre o seu corpo. A seus pais foram ensinados todas as manobras, como fisioterapia e diversos tipos de massagens, para que eles conseguissem dar continuidade ao tratamento fora da instituição. Voltando para Campinas após todo o procedimento cedido pelo centro da capital do país, Leonardo voltou a fazer um novo tratamento, mas dessa vez dentro do laboratório de BioMecânica da UNICAMP. Lá ele fez fisioterapia, inúmeros exames e a cada dia mais ele conseguia ter mais consciência corporal.
“Nunca desisti de encontrar novos tratamentos e cada notícia que lia sobre células tronco. Tudo o que eu descobria era motivo de alegria, até que encontramos a “Acreditando Centro de Recuperação de Lesão Medular”, só que mais uma vez nos deparamos com o alto custo destes tratamentos. Mas não me importava, lá estava a oportunidade de reabilitar meus movimentos.”
Esse novo tratamento trouxe ao menino novas esperanças, novas aspectos e novas concepções. Segundo Leonardo, este novo tratamento foi maravilhoso e o proporcionou novas experiências. Trouxe alguns milímetros de movimentos, mas que já lhe deixava bastante excitado. Só que esta nova chance de se ver completamente recuperado teve que ser interrompida mais uma vez. O custo da viagem de Campinas a São Paulo estava tornando todo o tratamento inviável para a família de Leonardo, uma vez que seus pais se aposentaram para dedicar a vida inteira ao filho.
Sua casa já era uma clinica de reabilitação a esta altura, pois a cada lugar que eles passavam, eles colhiam um pouquinho de conhecimento de cada pessoa e aprimoravam cada vez mais. Tudo precisa ser bem executado, os exercícios físicos precisam ter eficácia, as massagens têm que ser feitas seis vezes ao dia, mas mesmo assim o inimigo número um de quem vive nesta condição nunca deixou de atacar. Para quem não sabe, uma leve explicação ajuda: as escaras são espécies de feridas causada pela má respiração da pele. Esse tipo de “machucado” aparece, geralmente, em locais onde há uma certa dificuldade de mobilidade.
DIFICULDADES
Leonardo teve que enfrentar inúmeros tipos de escaras durante sua condição e toda vez que elas apareciam, o tratamento tinha que ser interrompido e toda a esperança de uma vida melhor era levado junto. Dentro da casa de Léo, tudo é feito com extremo cuidado e tudo completamente regrado. Desde as suas sessões de fisioterapia, feita por seu pai, cinco vezes ao dia até a sua alimentação balanceada. “Minha condição exige atenções dobradas”.
“Seis anos e quatro meses se passaram e ainda é difícil aceitar e me conformar com meu corpo inerte. A vida está passando diante dos meus olhos, meus pais estão envelhecendo, os primos já terminaram a faculdade, amigos se casaram enquanto luto por um milésimo de movimento, um centímetro ou um milagre do qual jamais desisti. Tenho fé, acredito em Deus e no homem e sua ciência, razão de estar aqui, contando minha história.”
Sentimentos como raiva, angustia, revolta e rebeldia já tomaram conta do corpo de Léo por diversas vezes. É entendível que isso tenha acontecido. Sua mobilidade foi lhe tirada a força. Ele não nasceu com essa condição, ele a “adquiriu” após um grave acidente. Deve ser de extrema dificuldade ter que lidar com esses demônios dentro da gente sem poder exorcizá-los, afinal o caso de Léo é um caso que requer inúmeros cuidados e muitas orações. Ele ressalta que o amor dos amigos, das famílias e até mesmo das pessoas que ele nunca viu, mas já ajudaram, o sustente e o motiva a seguir adiante.
“Um mundo especial nos foi apresentado e cuidadosamente explorado por mim e pelos meus pais que nunca deixaram acreditar que um dia ainda me verão andando pela casa. Não bastasse o duro aprendizado, esbarramos com outras dificuldades, com as quais não sabemos lidar. Foge do nosso controle e não depende da nossa vontade e fé, o principal para a minha sobrevivência com dignidade, aquele que move o mundo: o dinheiro, aquele que não a traz felicidade, mas compra o tratamento, remédios, pomadas, sabonetes, alimentação, e equipamentos para melhorar meu dia-a-dia.
Leio nos olhos dos meus pais, o medo da falta de recursos, a insegurança do amanhã. Seguimos e sustenta-me o amor deles. Desde o acidente meu quadro evoluiu, já consigo sustentar o tronco parcialmente e recuperei um pouco dos movimentos do meu braço direito, mais que o esquerdo, mas me falta o movimento de pinça.
Não ouso pedir que se coloquem no meu lugar, é pedir demais, deixa que essa eu seguro, mas preciso de vocês, preciso saber que posso contar com meus amigos e com quem mais quiser fazer parte da minha história e dar um fim diferente para ela. Sou eternamente grato, por tudo que consegui até aqui com a ajuda de vocês, da oração à ajuda financeira sem esquecer-me do carinho que me dedicaram. Amigos para a vida.”
AJUDA
Vocês podem estar se perguntando o que esse texto imenso está fazendo aqui ou por qual motivo ou razão ele está aparecendo aqui. Léo tem um motivo bem simples para estar presente nesta edição. Como ele mesmo menciona durante sua entrevista, há um a luz na “entrada do túnel” e ele já descobriu onde está o interruptor para que possa acende-la. Ele descobriu que há um tratamento que pode dar vida aos seus movimentos e melhorar sua qualidade de vida. Este novo procedimento utiliza células olfativas e tem 70% de chance de ser bem-sucedido. Esse novo projeto é ligado ao Walkings EUA, uma instituição norte-americana destinada a pacientes para/tetraplégicos, e é realizado no Hospital Britich em Lisboa, Portugal. O médico, Dr. José Pratas Vidal (neurologista) e Dr. Pedro Escada (otorrinolaringologista) são os responsáveis pela implantação deste tratamento. Mas como nem tudo são flores, este novo procedimento tem um custo (bem alto por sinal).
Léo precisa de € 35.000,00 EUROS para conseguir realizar este sonho. Mesmo sem os recursos financeiros, ele decidiu se inscrever mesmo assim e a cirurgia já está marcada para Outubro deste ano. Ele precisa de você aí de casa que está lendo esta matéria, precisa da ajuda da sua palavra para disseminar essa informação e chegar até alguém que consiga doar o valor para ele. O mais importante, além de ajudar com qualquer tipo de recurso, é mostrar o caso de Léo para os seus conhecidos. Mostrar que ajudar o próximo lava nossa alma e nos dá a redenção que tanto buscamos.
“Sonho ir para Portugal buscar meus movimentos, minha liberdade e independência, mas essa viagem só será possível, se mais uma vez puder contar com sua solidariedade. Toda e qualquer contribuição é bem vinda para alcançar a soma necessária para o meu tratamento, o meu renascimento.”
Se você tiver alguma quantia em dinheiro e queira ajudar o Léo, você pode fazer o depósito nesta conta bancária:
- Banco Santander (Código 033)
- Agência: 3949
- Conta Corrente: 010091592
Sua ajuda será de extrema importância e fará a diferença na vida dele. Caso queira doar outras coisas, você pode entrar em contato pela página do Facebook, “Anda Logo Léo”. Este é um documentária que está sendo desenvolvido que irá contar um pouco sobre a vida de Leonardo, lá você encontra diversas informações, além de acompanhar o processo de gravação do projeto.