RAÍZES DO COMÉRCIO E INDÚSTRIA NO VELHO JAGUARY

Precisaríamos muito consultar a Gazeta Mogimiriana do último quartel do século XIX. Infelizmente nunca pudemos consultá-la. Está decompondo-se por falta de Restauro. O conhecimento da história deste período nos está sendo vedado. Um município de meados do século XVIII cujas divisas chegavam aos limites de Franca, do qual saíram 300 municipalidades e que guarda tanta história desta região não logrou êxito em obter restauro de jornal tão importante a todos estes municípios. Assim o berço de todos não consegue restaurar parte das memórias e história desta região mogiana! Quem há- de?  No raiar do século XX surge “A Comarca” semanário fundado em 1.900 no município  de Mogi Mirim por Francisco Cardona dá sequência às notícias da Estação do Jaguary. Havia sido fundada a Vila Bueno em 1894 com a construção da Capela de Santa Maria do Jaguary. As primeiras notícias nos chegam por volta de 1901/1902. A Ferrovia Mogiana aqui se intalara em 1875, próxima da ponte ferroviária que cruza o Rio Jaguary. Viera para buscar o café passando pelas principais fazendas. E junto a 1ª estação ferroviária de 1875 aparecem os primeiros sinais de comércio e indústria, com o transporte de café e de passageiros. Ali ficava o Restaurante da Estação do Sr. Januário Eliseu de Navarro. Em 1902 temos a publicação de “A Comarca” da inauguração da Serraria a vapor do Cel. Amâncio Bueno que ficava lá embaixo no começo da rua Cândido Bueno. Hoje, a cem metros do Shopping Jaguari. A Serraria ficava ao pé do morro, em frente do antigo viradouro da Mogiana. Esse ficaria à altura da última rotatória da Avenida Marginal, saída do centro para a   cidade de Pedreira. O capitão Eloy Ferreira inaugura também um bem montado “Restaurant” junto ao seu Armazém de Secos e Molhados. Em 1902 surge mais um bem montado Hotel dos senhores Evaristo Costa e Procópio Coelho. O movimento em torno da Estação de Jaguary firmava-se. O Sr. Manoel dos Santos Fagundes aluga uma casa para estabelecer Alfaiataria e Agência de Bilhetes de Loteria. O imigrante italiano Angelo Guaraldo abre a Alfaiataria Italiana. Imigrantes deixam as fazendas de café para montarem seus próprios negócios na Estação de Jaguary. Natalli Millani, próspero negociante no local , segundo a tradição oral, era sócio de Alberto Mestieri. Feliciano Pompeu manteve também comércio.  Neste ano de 1902, aparecem sinais da imigração sírio-libanesa, pois o sr. Jorge Cury já se faz digno comerciante na localidade. Em dezembro anunciava a Comarca que Restaurante da Estação e Armazéns próximos recebiam grande quantidade de importados como castanhas, passas e avelãs para o Natal. Assim como figos, nozes e artigos próprios para presentes no Dia de Reis, 06 de janeiro. Antigamente os presentes chegavam na festa da Epifania, dia dos Santos Reis. Fundada a Vila Bueno, na virada do século, o núcleo do desenvolvimento vai deslocando-se para a rua de cima da estação, Rua Alfredo Engler na Vila Bueno , fundada em 1894.  Assim o “Barbeirinho” João Batista dos Santos  muda seu salão para um dos cômodos térreos  do sobrado de Lucillo Poltronieri e irmãos. Este sobrado de 1896 fica na esquina da rua Alfredo Engler com a rua Cel. Amâncio Bueno. Ali a Família Poltronieri montou sua Loja de fazendas, ferragens e armarinhos. Este prédio abriga em 2025, o Poupatempo.  Neste mesmo prédio, no pavimento térreo, a família Poltronieri abriu uma Fábrica de Troles, charretes. O pai e os filhos trabalhavam como carpinteiros. Havia boa freguesia na época para este ramo de Indústria. O local era designado tanto como Estação de Jaguary ou Vila Bueno, apesar de que desde 1896, o nome oficial fosse Distrito de Paz de Jaguary. O café e o trem de ferro faziam germinar uma vila. Acomodavam-se anexos à 1ª Estação da Mogiana os descendentes lusos e espanhóis, marchantes e negros libertados, imigrantes italianos seguidos por imigrantes sírio-libaneses. “Viva Jaguary!”

Tomaz de Aquino Pires