Pesquisadores e agricultores iniciam a construção de coeficientes técnicos-econômicos em sistemas agroflorestais
A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em parceria com a Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, realizou no final de 2017 um workshop para a construção e discussão de coeficientes técnicos-econômicos sobre sistemas agroflorestais (SAFs).
O objetivo foi reunir e compartilhar informações e dados de pesquisa sobre monitoramento econômico e manejo de SAFs com produtores, técnicos, pesquisadores, professores, estudantes e extensionistas de diferentes instituições – Embrapa, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Agronômico (IAC), Coordenadoria de Assitência Técnica Integral (Cati), Instituto Florestal, Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Unicamp, as ONGs Mutirão Agroflorestal e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Sítio Bela Vista, Sitião Agroflorestal, entre outras, visando a construção conjunta desses coeficientes voltados à avaliação econômica de SAFs biodiversos.
Conforme Luiz Octávio Ramos Filho, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, “os SAFs constituem uma estratégia produtiva agroecológica de crescente interesse para os agricultores familiares. E diante da relativa escassez de informações sistematizadas quanto ao desempenho econômico destes sistemas, foi iniciado em 2015 o projeto ECOSAF, voltado ao monitoramento e avaliação econômica em algumas parcelas de agroflorestas em propriedades agrícolas do estado de São Paulo”.
Simultaneamente, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com apoio do grupo de trabalho Painel Agroflorestal, do qual a Embrapa Meio Ambiente faz parte, iniciou monitoramento similar em diversas parcelas implantadas a partir do Projeto PDRS-Microbacias II.
Luiz Octávio acredita que, “para o avanço do processo de análise que permita a projeção do desempenho econômico das agroflorestas, a médio e longo prazo, é necessário estabelecer criteriosamente diversos coeficientes técnicos-produtivos e econômicos adequados a estes sistemas, considerando a sua complexidade e especificidade”.
Marcos Neves, também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, explica que foram discutidos dados parciais de monitoramentos referentes ao uso de mão de obra e insumos, produtividade física e itinerários técnicos dos sistemas.
“Durante as seções de discussão foram sistematizados em uma tabela, previamente estruturada, dados oriundos de diversas fontes de informação (literatura, dados secundários, dados de campo de produtores agroflorestais) relativos às principais culturas de interesse para SAFs”, explica Neves. “Esta tabela, enfatiza o pesquisador, é a base para a construção de diversos cenários produtivos que embasarão as análises de viabilidade econômica, sendo um instrumento adequado para o aprimoramento dos próprios coeficientes, registro amplo das fontes de informação e ampliação futura do número de culturas sistematizadas”.
De acordo com o analista Waldemore Moriconi, da Embrapa Meio Ambiente, merece destaque a participação de produtores familiares com larga experiência em SAFs agroecológicos, como Clodoaldo Bernardo (Sitio Bela Vista, Cananéia-SP), que a partir de sua experiência de 20 anos trabalhando com SAFs, apresentou dados produtivos e coeficientes reais de campo sobre pupunha, banana, frutíferas e culturas anuais em agroflorestas; Rodrigo Junqueira (Fazenda São Luiz, em São Joaquim da Barra-SP), com dados sobre café em SAFs com 13 anos e Gabriel Mhereb (Sitião Agroflorestal, em Terra Roxa-SP), que apesentou dados de campo sobre SAFs biodiversos com 3 a 4 anos, voltados à produção de hortaliças e frutíferas.
Com os resultados do Workshop e as ações subsequentes do projeto, espera-se avançar na construção e consolidação desses coeficientes, para subsidiar análises econômicas que permitam identificar fatores limitantes e as melhorias técnicas necessárias para otimização dos sistemas agroflorestais biodiversos.
A programação do evento abordou diversos temas, como desafios para o levantamento de coeficientes técnicos-econômicos para SAFs em fontes secundárias (dados de literatura, bases do IBGE) e para a coleta de dados econômicos e técnico-produtivos em situações de campo; elaboração de itinerários técnicos sobre diferentes modelos de agrofloresta; apresentação de experiências produtivas reais, com dados técnicos de agrofloresta com horta, implantação e fase inicial de produção, alguns estudos de caso em café desde a fase inicial até 15 anos de produção; dados técnico-produtivos sobre espécies frutíferas e sua compatibilidade com o cultivo em agrofloresta, além das possibilidades e desafios metodológicos para o estudo de coeficientes sobre a produção e manejo de biomassa em SAFs.
O evento foi coordenado por Luiz Octávio Ramos Filho, Marcos Corrêa Neves, Waldemore Moriconi, Joel Queiroga e Myrian Ramos da Embrapa Meio Ambiente e Neide Araujo da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN-SMA/SP).
Matéria: ASCOM