De supervisora de telemarketing a confeiteira

A trajetória de Deza Correia, do Bake Off Brasil, que mudou de carreira para seguir o seu sonho

Matéria: Kely Bezerra

Deza Correia (32) participante da quinta temporada do Bake Off Brasil, do SBT, celebra sucesso na carreira. Em entrevista exclusiva, ela contou um pouco dos bastidores do programa, assim como sua história de vida. Ela conquistou desde quem quer aprender a fazer doces até quem já tem conhecimento e quer aprender mais dicas.

De telespectadora assídua – daquelas que não perdem um programa –, a um dos 16 escolhidos para estrelar o Bake Off Brasil, Deza Correia viu sua rotina se transformar da noite para o dia. “Eu sempre admirei o programa e pensava: Um dia eu quero só entrar dentro dessa tenda”, conta a moradora de Jaguariúna, conhecida pelo seu laço na cabeça e o sorriso no rosto.

A inscrição

Quando me inscrevi para participar do programa, achava que nunca conseguiria ser escolhida. Eu fiquei entre 187 mil inscritos e com pessoas muitas boas, profissionais que faziam esculturas. Mas meu marido sempre me incentivou. Ele me falava: Você tem o seu jeito e é com o seu jeito que você vai passar. E eu fui escolhida. Fiz o teste de vídeo, de voz e levei um bolo para eles. Os responsáveis pelo programa me disseram que eu teria que fazer outro vídeo. E mais uma vez fomos ao SBT e levei outro bolo. Eles falaram para o meu marido que ele iria me entregar o avental porque eu tinha sido aprovada. Foi uma emoção muito grande.

Os bastidores e as provas

Os bastidores são uma delícia: rimos muito, choramos muito, mas é uma experiência única, maravilhosa. As gravações são muito estressantes, ficávamos gravando até 01h da manhã; era bem cansativo. É muita pressão; são duas provas, uma técnica e uma criativa. Um exemplo: o programa no qual eu fui eliminada era para fazer um bolo de chapéu. Foi um desafio, porque eu trabalho com bolo, mas nunca tinha feito bolo esculpido. Então nessa prova eu me preocupei com o recheio, com a massa e eu quis homenagear o meu cunhado. Fiz um chapéu de palha e faltou um pedacinho para eu terminar. Mas a edição do programa não mostra muitas coisas. Teve um dia em que o meu liquidificador estourou e a produção não mostrou e deu a entender que eu tinha desperdiçado duas massas. E também não mostraram que eles elogiaram a minha massa. E é assim: você tem que lidar com tudo aquilo; com a pressão e com o resultado. As minhas provas técnicas foram surpreendentes. Eu fazia coisas que nunca tinha feito e sempre ficava entre as 10 melhores. Eu fui eliminada no último programa, que foi o do bolo de chapéu e a torre de biscoito. Segundo eles, o meu erro foi a temperagem do chocolate. Mesmo sendo eliminada, fui elogiada pelo sabor e fiz o glace real certinho.

Após a participação no programa

Mudou muita coisa, mas o nome Deza Correia já era conhecido. Há quatro anos eu fiz uma live no Facebook sobre um recheio e em três dias deu um milhão de visualizações. E começaram a me seguir e eu comecei a dar cursos com valores acessíveis. Hoje eu ministro aula nos municípios da região de Americana, Jundiaí, Bragança Paulista, Pedreira, Campinas e Amparo, entre outros.

O tempo

Assim que dá o tempo estipulado por eles, você tem que se afastar da bancada, senão é desclassificada. A pressão é tão grande que você pensa: Eu não vou conseguir entregar o que pediram. O tempo passa muito rápido e, de repente, eles falam que faltam trinta minutos para terminar a prova. Quando inicia a prova, temos que pensar muito rápido e ser ágeis.  Ter agilidade em pensar em recheios e sabores. Mas o que me atrapalhava é que eles mexem com o nosso psicológico. Eu sou muito emotiva, muito família e eles sabiam que eu tinha deixado o meu marido aqui em Jaguariúna com o meu filho de 14 anos. Muitas vezes, a Nadja Haddad (apresentadora) chorava comigo. Ela é um amor e nos falamos até hoje.

Interesse pela confeitaria

Eu comecei a me interessar realmente pela confeitaria quando comecei fazer o bolo no pote. Até que um dia, uma cliente perguntou se eu sabia fazer bolo de festa. Eu, ousada, falei que sabia. Mas eu não sabia e nunca tinha feito bolo de festa, só os bolos no pote. E era a época do Frozen (filme de animação musical). A cliente disse: Eu quero que você faça a trança da Elza (personagem). E depois dessa encomenda, comecei a entregar 19 bolos nos finais de semana e trabalhando no telemarketing em Guarulhos-SP. Foi lá que eu comecei. Faz cinco meses que estou em Jaguariúna.

Carreira

Foi o acaso, quando eu era pequenininha, eu ficava olhando a minha tia fazer bolos, porque ela sempre faz os bolos de aniversário da família. Eu nunca me imaginava em uma confeitaria, mas conquistei o meu espaço e foi a melhor escolha que eu fiz. Ver o brilho no olhar das pessoas não tem nada que pague. Ir a um evento e escutar: Você salvou a minha vida. Pessoas falam pra mim que estavam a ponto de cometer suicídio e que ao ver a minha live mudaram de ideia. Eu escuto que as minhas palavras, o ensino que eu passo e a minha história de vida os ajuda a prosseguir.

História da Deza

Na verdade, quando estávamos em Guarulhos, meu marido e eu, sempre trabalhamos juntos em telemarketing. Eu saí primeiro e comecei a ministrar cursos. Logo ele também saiu porque estávamos prosperando com as vendas de bolo e cursos. Abrimos uma loja de bolo, a Bolateria Deza Correia Cakes, que vendia R$900,00 por dia. Até que veio uma crise e falimos e todas as portas se fecharam. Nós pensávamos: O que vamos fazer? As dívidas chegavam e não tínhamos como quitá-las. Sofremos muito. Foram momentos horríveis, passamos necessidades. Até que uns amigos que moravam aqui em Jaguariúna falaram para o meu marido encaminhar um currículo para cá. Ele relutou um pouco porque eu iria ficar em Guarulhos e ele aqui em Jaguariúna. Eu falei que era a única solução. Ele encaminhou o currículo no domingo. Na terça, chamaram-no para uma entrevista, mas não tínhamos dinheiro para ele vir fazer a entrevista. Conseguimos o dinheiro; ele veio, fez a entrevista e foi contratado. Ficou morando em uma quitinete e só comia arroz. E lá em casa, em Guarulhos, faltando tudo. Ele ligava à noite e dizia que estava indo pra casa a pé porque não tinha gasolina. E chorávamos muito. Até que um dia eu cheguei a um ponto, à noite, de tentar cometer suicídio, porque eu não aguentava mais aquela situação e nem vê-lo sofrendo. Nós tínhamos perdido tudo o que tínhamos conquistado. Eu não dormia mais, não levantava mais da cama, não tinha mais vontade de viver. Então eu me ajoelhei e orei: Meu Deus, por que tanto sofrimento, eu só quero trabalhar, viver bem, eu não quero nada de ninguém. E algo vinha na minha mente e dizia: tira a sua vida. E eu pensava nele, pensava no meu filho e ajoelhada, chorando muito, me deu um sono forte depois de muitos dias sem dormir. No outro dia, eu fui para a Igreja e uma pessoa que nunca tinha me visto na vida (depois eu descobri que era nossa cliente), perguntou se podia me dar um abraço e aí ela falou assim: O Espírito Santo pede para te falar que a partir de hoje sua vida vai mudar e todos os planos que estavam guardados; as gavetas irão se abrir e a tua vida vai mudar de uma tal maneira que você não vai acreditar. Ontem, você ajoelhada, disse que eu tinha-me esquecido de você, mas eu estou aqui de braços abertos pra te receber, filha. E a minha vida se transformou de verdade porque no outro dia, quando eu acordei, quando eu abri o whatsapp, para minha surpresa, tinha muita gente procurando por bolo, por encomendas e pedindo curso. E eu pensei: Como vou fazer os bolos, porque eu não tinha condições. Mas recebi doações de ingredientes e fiz todas as encomendas. E daquele dia em diante, nossa vida se transformou. Eu falei para o meu marido: Eu vou embora para Jaguariúna e ele disse: Não dá agora. Eu pedi para Deus preparar uma casa e foi do jeito que eu pedi. Nós morávamos dentro de uma comunidade e tenho muito orgulho, pois foi lá que eu comecei. E desde que eu cheguei aqui, a nossa vida se transformou. Chamaram-me para o programa, consegui contratos, ministro aulas em empresas e faço propaganda para as lojas. O que eu mais amo na vida é ajudar as pessoas, dando o meu testemunho com o meu trabalho.

Dica para quem almeja trilhar uma carreira em confeitaria

Eu sempre falo nas minhas aulas: Nunca desista, acontece muita coisa pra gente desistir, mas o nosso sucesso depende de nós mesmos. Você tem que ter força de vontade, ter um objetivo, tem que erguer a cabeça, olhar pra frente e focar. Nada é fácil; às vezes tudo é bem complicado. Haverá erros e é com os erros que se aprende. Eu não desisti e hoje eu estou conhecida em vários países. Eu não tinha noção de que com uma live no Facebook eu ficaria conhecida em outros países. Então não desistam dos sonhos de vocês e sempre sorriam, abracem e transmitam amor, porque o resultado aparece.

Quem será o mestre-confeiteiro do Bake Off Brasil

Há muitas pessoas que têm chance de ganhar, mas duas pessoas se destacam: o Francisco, que faz bolos incríveis, e a Bela que também é boa nas provas. Nessa 5ª edição, todos se tornaram muito amigos, porque sabemos que há espaço para todos. Cada um tem o seu carisma, o seu talento e o seu diferencial.

 

 

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