A arrogância é exterminadora do sucesso

*Por Yuri Trafane

Jim Collins, em seu livro “Como as Gigantes Caem”, estudou várias empresas que um dia foram potências em seus setores, mas que em algum momento mergulharam rumo ao desaparecimento ou à irrelevância.

Ele descobriu que todas as grandes derrocadas passaram por cinco fases: excesso de confiança, a busca indisciplinada por mais, a negação de riscos, a luta desesperada pela salvação e a irrelevância, que pode culminar com a morte do negócio.

Apresento essa pesquisa para destacar que o começo de um “tombo empresarial” é a arrogância que nasce do sucesso. Essa autoconfiança exagerada está firmemente enraizada na percepção de que, “se eu sou bom o suficiente para ter dominado o mercado, serei bom também para mantê-lo sob controle”.

Esse raciocínio cega a cultura organizacional e a atira numa espiral viciosa, que pode terminar no cemitério corporativo. A empáfia é como uma praga, que quando se alastra pela cultura corporativa, tem o poder de feri-la de morte. O que não faltam são histórias de tropeções no universo organizacional e, frequentemente, o preço pago é o desaparecimento.

Dentre os exemplos de como a arrogância pode consumir empresas, temos: a Kodak, que preferiu focar na fotografia analógica e perdeu espaço no mercado digital, a Blackberry, que não conseguiu acompanhar a rápida evolução dos smartphones, o Yahoo, pioneiro dos mecanismos de busca superado pela concorrente Google, a Blockbuster, que não soube usar a vantagem que tinha frente à popularização do streaming, e muitos outros.

Um dos remédios para que as lideranças empresariais não caiam na tentação da arrogância é vestir o chapéu de empreendedor intracorporativo. Intraempreender significa promover uma mentalidade empreendedora na própria organização, incentivando os colaboradores a desenvolverem novas ideias e soluções.

Essa abordagem é crucial para evitar a complacência e a estagnação, que podem surgir quando uma empresa acredita que é boa demais para mudar. Sem inovação contínua, as empresas se arriscam a serem superadas por concorrentes mais ágeis e inovadores.

Por mais que um negócio tenha alcançado o sucesso, é vital não se deixar levar pela ideia de que esse sucesso é perene e está garantido. O mercado está em constante evolução e sempre pode surgir um competidor ainda mais forte e inovador. Por isso, manter a humildade e a disposição para mudar é essencial para sustentar a prosperidade a longo prazo.

Yuri Trafane é consultor empresarial, CEO da Ynner Treinamentos e autor de “Os Quatro Papéis”