Agricultores assentados participam de curso sobre manejo de sistemas agroflorestais
Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizaram curso de manejo de sistemas agroflorestais, em junho, no assentamento rural 17 de Abril, em Restinga, SP. Agroflorestas ou sistemas agroflorestais (SAFs) são estratégias que combinam objetivos produtivos e recuperação de recursos naturais na agricultura.
Conforme os organizadores, “nesse assentamento foram desenvolvidas diversas práticas ao longo dos últimos quatro anos, que propiciaram a instalação de dois SAFs. Um deles, pela dedicação dos agricultores responsáveis, tornou-se uma Unidade de Referência (UR) pelas técnicas ali desenvolvidas. Foi denominada SAF-Horta”.
Atualmente, esta UR é acompanhada por um grande número de agricultores do assentamento e de uma rede no estado de São Paulo. No decorrer das pesquisas, destacaram-se novos agricultores-experimentadores, com perfil para ampliar e diversificar essas práticas e modelos.
Por isso, com a realização de diversos encontros e vivências, quatro novos agricultores se interessaram em também conduzir em suas áreas de produção novas experiências em agroflorestas.
O objetivo é construir, de forma participativa, conhecimentos e práticas voltadas ao manejo de SAFs, como forma de abordar as diversas dimensões e percepções sobre o agroecossistema, tendo em vista uma intervenção responsável e também eficiente com todos os elos do sistema.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente João Canuto explica que “no primeiro dia, durante a reunião de planejamento, foi apresentado um vídeo sobre manejo de SAFs. O debate, então, permitiu elucidar ainda mais os princípios da sucessão vegetal, estratificação e biodiversificação, facilitando a troca de experiências e a planificação das práticas de campo programadas.
Também foram demonstrados os equipamentos adquiridos pelo projeto Ecoforte, com explicações sobre maneiras de uso adequado, importância da utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e formas de armazenamento correto. Depois, o grupo seguiu para a área de SAF para iniciar atividades práticas.
Os participantes constataram que o sistema agroflorestal, atualmente com 5 anos, apresentava uma quantidade grande de biomassa, possível de melhorar a fertilidade do solo com poda e reciclagem do material no próprio local.
Teve inicio então, a parte prática, com divisão dos participantes para utilização dos diferentes equipamentos, alternando o seu uso para que todos pudessem adquirir noção prática de manejo de biomassa em SAF, com podas drásticas e leves, conforme a necessidade.
Na sequência, o grupo efetuou a fragmentação do material, separando-o, de forma que a parte mais leve ficasse nas entrelinhas e a lenha nas linhas das árvores. “A intenção era aportar uma quantidade significativa de biomassa para fertilizar o sistema e permitir o enriquecimento do SAF com cultivos de frutas (nas linhas) e hortaliças (nas entrelinhas) na época das chuvas de 2016/17”, explica Canuto.
Foi deixada uma pequena parte sem manejo, para controle e comparação de resultados. Foram aferidas medidas de luminosidade, umidade relativa do ar e temperatura, de forma comparativa entre o SAF manejado e a parte ainda fechada do sistema. Ao final, todos se reuniriam para avaliações, o que foi considerado muito enriquecedor, por se tratar de uma experiência prática.
Conforme o pesquisador, “grande parte dos participantes iniciaram o cultivo de SAFs há pouco tempo e julgaram importante conseguirem visualizar e experimentar o manejo de um sistema mais consolidado” .
São parceiros: Associação de Agricultura Natural de Campinas (ANC), Fundação Banco do Brasil (FBB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Rede de Agroecologia do Leste Paulista, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e Associação de Produtores São Bento do Sapucaí.
Matéria: Cristina Tordin