É possível viver 100 anos com saúde?

Número de centenários cresce no Brasil, mas envelhecimento saudável exige a adoção de bons hábitos ao longo da vida

O número de pessoas com mais de cem anos no Brasil ultrapassa os 37 mil, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022. Em comparação a 2010, quando o país registrava cerca de 24 mil centenários, houve um crescimento de 56%.A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) explica que esse aumento reflete o progresso em áreas como medicina, saneamento básico e melhorias nas condições de vida.

No entanto, com tantas mudanças enfrentadas pelo corpo ao longo dos anos, é preciso tomar cuidados para envelhecer com saúde e evitar doenças, fragilidades ou incapacidades.Entre as condições que podem acometer pessoas na terceira idade estão as doenças cardiovasculares, o Acidente Vascular Encefálico (AVC) e as demências, especialmente o Alzheimer, conforme o Ministério da Saúde.

Essas enfermidades podem ter origens genéticas, mas também podem estar ligadas a fatores ambientais e ao estilo de vida adotado.Por isso, a SBGG alerta sobre a importância de adotar bons hábitos ao longo da vida, incluindo na terceira idade, como ter uma alimentação saudável. A indicação é que sejam consumidos alimentos naturais e nutritivos, que fortaleçam o organismo e que, se possível, seja consultado um especialista para adequar a dieta do idoso às suas necessidades, também levando em consideração dificuldades como mastigação e deglutição.

A orientação é evitar frituras e alimentos ultraprocessados, priorizando frutas, verduras, legumes e fontes de proteínas e minerais – como peixes, aves, ovos e carnes -, que ajudam a prevenir a anemia. Alguns alimentos também são fontes de ômega 3, como salmão, atum, espinafre, brócolis, chia e nozes. Entre os benefícios do ômega 3, está a sua função antioxidante, que diminui os efeitos dos radicais livres e auxilia na prevenção da depressão e de distúrbios cognitivos, como a demência, explica a SBGG.

Não fumar e praticar exercícios promovem a longevidade

Um estudo publicado na JAMA Network Open, realizado na China, avaliou 5 mil idosos com, pelo menos, 80 anos a fim de identificar os fatores que colaboram para uma vida longa e saudável.

Além de uma dieta diversificada, a ausência de tabagismo foi destacada como um dos principais hábitos associados à longevidade, evitando doenças como câncer e enfermidades pulmonares, que reduzem a expectativa de vida.

A pesquisa também destacou a importância de atividades físicas regulares para manter o corpo saudável e forte, colaborando para a prevenção de doenças crônicas e a melhoria da função cardiovascular.

De acordo com o Ministério da Saúde, a prática de exercícios garante maior segurança para a realização de atividades cotidianas e ajuda a prevenir diabetes, obesidade, colesterol elevado e hipertensão, reduzindo o risco de doenças cardíacas. A recomendação é que sejam realizados 150 minutos de atividade física moderada por semana.

Para aqueles que têm mobilidade reduzida, o ideal é que as atividades ocupem de três a quatro dias da semana para melhorar o equilíbrio e evitar quedas, conforme o órgão.

Para aumentar o desempenho durante o exercício, uma alternativa é suplementar a coenzima Q10, substância produzida naturalmente pelo corpo, que diminui com o envelhecimento.

Entre os benefícios da Coenzima Q10, apontados pelo Manual MSD, estão o seu efeito antioxidante, a sua função no metabolismo energético e as melhorias na aparência da pele, na saúde cerebral e pulmonar e nos distúrbios neurológicos degenerativos, como a doença de Parkinson

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) alerta que pessoas com problemas nas articulações devem evitar atividades de alto impacto, priorizando esportes como natação, pilates ou caminhada. A prática de exercícios deve respeitar os limites do corpo para diminuir o risco de lesões e evitar a fadiga.

Saúde mental também deve receber atenção
A saúde mental da pessoa idosa também deve ser levada em consideração quando se fala em envelhecimento saudável.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas com problemas graves de saúde mental têm uma expectativa de vida, em média, de 10 a 20 anos menor em comparação com a população em geral.

A SBGG alerta que as doenças neurodegenerativas, o abandono familiar, o etarismo, a solidão e a aposentadoria são fatores que ocasionam a perda das atividades rotineiras e estão entre as causas mais comuns da depressão na terceira idade.

Para ajudar a manter a saúde mental, a orientação é que seja promovida a socialização. Os idosos devem ser incentivados a ocupar a cabeça com hobbies, como ler, cozinhar, assistir filmes, cuidar de plantas e pintar quadros.

A prática de atividades físicas pode contribuir para recuperar a independência e elevar o bem-estar entre os idosos. O Ministério da Saúde informa que um idoso mais ativo tende a se sentir menos cansado e com menos dores nas costas e articulações.

Também é uma forma de fortalecer a autoestima, a percepção da própria imagem e minimizar sentimentos de solidão, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida.