Gestão eficaz dos recursos hídricos das indústrias de celulose e papel: indústria recuou 75% no uso de água

 

Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), há 40 anos, a indústria consumia de 180 m³ a 200 m³ do recurso para assegurar a produção de uma tonelada de celulose. Hoje, são, em média, 25 m³ por tonelada

Durante o mês de março comemora-se o Dia Mundial da Água (22 de março), criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data visa conscientizar a população sobre a importância desse recurso, esgotável e indispensável, para a sobrevivência humana e da natureza. Dados da Confederação Nacional da Indústria revelam que a cada segundo, no Brasil, são retirados dos rios 2,3 milhões de litros de água para uso industrial. Até 2050, a demanda global pelo recurso no setor deve crescer aproximadamente 400%. Por essa razão, as indústrias têm relevante papel na preservação e conscientização sobre a gestão da água, além de serem diretamente responsáveis por atualizar métodos obsoletos e focar em soluções sustentáveis e que priorizam a economia circular.

O problema da escassez de água é uma preocupação de toda a comunidade internacional. Limitar o consumo de recursos naturais, incluindo matérias-primas, energia e, principalmente, concentrar-se em uma gestão adequada do recurso são considerados alguns dos temas mais relevantes quando falamos de sustentabilidade.

No mercado de celulose e papel, a água doce provavelmente é o recurso mais crítico. Diminuir as emissões de poluentes tóxicos para sistemas de água e volumes de águas residuais são problemáticas diárias. Por outro lado, a demanda por produtos de melhor qualidade, a disponibilidade limitada de água, o aumento do custo do tratamento de efluentes e o maior uso de fibra reciclada exigem uma “água de processo” de maior qualidade visando, assim, ao correto funcionamento das máquinas. O cenário delineado acima é, sem dúvida, um verdadeiro desafio para os fabricantes do segmento.

“No entanto, os encargos ambientais podem ser reduzidos se modificarmos e desenvolvermos novos processos de produção de papel.” Pelo menos é o que afirma a Valmet, multinacional de origem finlandesa, provedora de tecnologia e serviços para as indústrias de papel, celulose e energia.

O gerente de vendas e operações da Valmet no Chile, Carl Mikael Stål, explica que a resolução para uma gestão adequada de água na indústria de papel e celulose se dá com uma melhor compreensão da química do processo de fabricação que, por sua vez, é obtido por meio de uma avaliação correta do processos e posterior otimização destes.

“Para atingir esse objetivo, o mais importante é dominar detalhadamente toda a linha de fabricação de celulose ou papel: máquinas, equipamentos e processos. Você tem que entender todo o quadro, desde o tratamento de água e circulação interna de água até a purificação de efluentes. Ter uma gestão adequada da água envolve planejar, desenvolver, disseminar e gerenciar o uso ideal do recurso em toda a fábrica”, explica.

Stål acrescenta que, em sua experiência, essa indústria tem um interesse especial na gestão eficiente do recurso hídrico, motivado pelo grande aproveitamento de água pelas plantas produtivas, que chegam a consumir milhões de metros cúbicos por ano.

“Estamos cada vez mais conscientes de que, embora a água doce seja um recurso renovável, ela não é inesgotável. Isso motiva nossa indústria a aplicar melhorias substanciais no assunto, e nós, como fornecedores, colocamos essas necessidades no centro do desenvolvimento das tecnologias Valmet, oferecendo soluções integradas para a gestão da água, que incluem a avaliação de procedimento, estudos de viabilidade, otimização de procedimentos e processos avançados de tratamento de água baseado em tecnologias de ultrafiltração. Todas essas tecnologias visam reduzir o consumo de água potável na produção dessas indústrias”, diz Stål.

O executivo diz ainda que, com uma gestão eficaz da água, as fábricas de papel e celulose desfrutarão de diversos benefícios. “Elas não apenas garantirão uma operação com baixos níveis de consumo de água, mas também podem assegurar uma produção mais econômica e eficiente, reduzindo as emissões de poluentes tóxicos para os sistemas hídricos, bem como o uso desnecessário de produtos químicos, reduzindo o consumo total de energia e o volume de efluentes”, conclui.