NUNCA COMEÇA COM UM TAPA

Nos últimos dias as notícias de agressão verbal e física, envolvendo a modelo e apresentadora Ana Hickmann e o marido, fizeram o tema “violência doméstica” ganhar mais voz na imprensa e nas redes sociais. O caso dela em especial chamou atenção porque muita gente não entende os motivos que fazem uma mulher linda, famosa e bem-sucedida aceitar, por mais de 25 anos, conviver com um parceiro que a trata com palavras ofensivas e a desmerece até mesmo em frente às câmeras ou na presença do filho, de amigos e de funcionários. Quando sabemos de casos semelhantes envolvendo pessoas da camada mais pobre da sociedade, compreendemos que elas suportam o agressor, por dependência financeira e para pouparem os filhos de um desfecho pior. Porém as razões vão além disso, independente de classe social ou do grau de instrução. Estou falando de questões emocionais profundas que podem colocar as pessoas num cenário do qual não conseguem sair.

Quando somos crianças, temos inocência e isso nos permite acreditar nas pessoas, sem maldade, então achamos que mesmo um agressor é capaz de mudar. Porém na fase adulta esse sentimento não é mais inocência, ele tem outro nome e um sobrenome também. Chama-se Dependência Emocional.

Mas você pode se perguntar: Por que uma mulher se apaixona por um homem agressivo? Ela não se apaixona. Toda mulher, na verdade todo ser humano saudável, busca proteção, e os relacionamentos normalmente começam bem. É muito difícil alguém se mostrar agressivo logo no primeiro encontro. Esse é o momento de mostrar o melhor lado, quando se quer agradar. Mas com o tempo… as máscaras caem! A questão é que nessa fase, independente se existe amor, gratidão, cumplicidade, costume, sempre temos o poder da decisão. Aceitar ou não o outro na nossa vida, é uma escolha – ou pelo menos deveria ser.

O fato é que as pessoas levam para dentro das relações uma bagagem cheia de tralhas, questões do passado mal resolvidas. Sem falar naqueles que demonstram transtornos de personalidade como os Bipolares, os Borderline ou os Narcisistas. Este último por exemplo, é aquele que inicia um namoro se mostrando alguém amoroso, divertido e solícito. Ele faz o outro se sentir à vontade, cria confiança e então, como ele precisa acreditar que é o centro do universo, (porque no fundo se sente um nada), faz quem está a sua volta se sentir submisso, cumprir suas vontades, aceitar suas condições e inclusive adorá-lo. Um narcisista normalmente sente insegurança e tem baixa autoestima. Este é um dos motivos pelos quais tenta rebaixar o parceiro(a), com o intuito de não permitir que o outro se sobressaia e ele se sinta mais inferior.

Quem convive com alguém assim começa a duvidar do seu próprio valor como indivíduo e só se reconhecer como parte do outro. Começa a se sentir diminuída, incapaz e nem sempre percebe isso logo de cara. Se for alguém que também têm questões emocionais abaladas, é mais fácil ainda cair na conversa do narcisista e acreditar nas suas verdades. Claro, porque o que ele diz, pensa ou faz, passa a ser o certo, o tempo todo.

É fato que muitos homens também sofrem agressão, não tanto física, mas verbal, além de humilhações e pressões psicológicas, porém a violência contra a mulher é infinitamente maior, incluindo os casos de feminicídios.

As estatísticas mostram que no Brasil, a cada quatro horas uma mulher é agredida dentro de casa. E somente no primeiro semestre deste ano, 722 perderam a vida vítimas de violência, segundo dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Na maioria dos casos essas mulheres estão tão abaladas que chegam a sentir algum tipo de culpa pelo desequilíbrio do agressor. Portanto o problema é muito complexo mas pode ser evitado ainda no começo da relação, com algumas atitudes e percepções. Por exemplo, é importante observar os sinais. Todos dão sinais! Fiquem atentas!
Os desentendimentos nunca começam com um tapa. É uma palavra, um xingamento, um gesto, um empurrãzinho, uma grosseria. Muitas vezes observamos o parceiro perder a paciência (às vezes até com um terceiro) e, apesar de nos sentirmos desconfortáveis, achamos uma desculpa para a atitude dele. Depois, numa briga, procuramos uma causa, como o nervosismo, o dia estafante no trabalho ou qualquer outro problema. Tudo passa a ser justificativa para um ato exagerado dele. Portanto, que tal nós mulheres, pararmos de tapar o sol com a peneira? É preciso ficar mais esperta a esses sinais e, se não estiver de acordo com eles, simplesmente dizer: “Não aceito isso pra mim”.
Para finalizar quero lembrar que muita mulher acredita ser capaz de ajudar o marido agressivo a mudar suas atitudes. Desculpe a sinceridade, mas uma pessoa só muda se – e quando – ele quer e se – e quando – ele busca ajuda. Se você que me me lê agora é mulher e passa por isso, me responda: mesmo que você acredite na mudança dele, é realmente preciso esperar por essa mudança enquanto você apanha ou é desvalorizada? Pense nisso. E se você conhece alguém numa situação parecida, ajude-a a refletir.

Cuide de suas emoções e fortaleça seu amor-próprio. Assim vai ser bem mais fácil dizer não para quem chegar oferecendo menos amor e atenção do que você sabe que merece receber.
Te desejo um ótimo final de semana, na companhia de quem te faz bem! Fique com Deus e até a próxima!

 

Adriana Cruz

Terapeuta, Jornalista e Palestrante

– Especialista em:

– Transtornos Emocionais, pelo método TRG;

– Leitura Corporal;

– Técnicas de Neurociência

Whatsapp: (11) 97618 0546

Atendimento presencial e online

Instagram: @adrianacruzterapeuta