PF acredita que ‘rastrear dinheiro’ é a melhor forma de chegar aos ladrões
Criminosos são responsáveis por roubo de US$ 5 milhões em Viracopos
A Polícia Federal (PF) acredita que fazer uma espécie de “rastreio de valores” é a melhor alternativa de chegar aos responsáveis pelo roubo de US$ 5 milhões no Aeroporto Internacional de Viracopos, em março de 2018. Nesta terça-feira (29), a corporação realizou uma operação contra lavagem de dinheiro, cometida a partir do crime no terminal de Campinas (SP), e cumpriu cinco mandados de busca e apreensão.
O diretor da Polícia Federal na metrópole, Edson Geraldo de Souza, a técnica chamada de “Follow the money” (siga o dinheiro, em inglês) é o que existe de mais moderno atualmente na investigação de crimes contra o patrimônio. Através do rastreio do destino que foi dado ao montante roubado, é possível identificar os envolvidos no crime de maneira mais fácil do que uma investigação apenas por depoimentos ou imagens de circuito de segurança.
“Por exemplo, no roubo de Viracopos de 2019, nada foi levado, então é mais difícil chegar nos criminosos. Quando você tem o dinheiro, você tem uma movimentação que te faz chegar nas pessoas. Um dos nossos investigados, por exemplo, declara uma renda de R$ 2 mil por mês e tem uma empresa que fatura R$ 24 milhões”, disse o delegado durante uma coletiva nesta terça.
Os mandados de busca e apreensão foram executados em dois estados, sendo três em Campinas, um em Sumaré (SP) e um em Belém (AL). Pelo menos 20 policiais participaram da ação. Foram apreendidos dispositivos eletrônicos e documentos.
De acordo com a PF, durante o inquérito policial para investigar o roubo em Viracopos, foi verificado um grupo, que, de maneira “estruturada e ordenada”, praticou atos de lavagem de dinheiro para esconder o valor levado do aeroporto, por meio de compra e venda de imóveis, aquisição de veículos e criação de empresas, além de outros métodos.
“Muitas pessoas podem inclusive ter emprestado o nome para a aquisição desses imóveis, mas é importante dizer que isso é crime. Ela se envolve em lavagem de dinheiro se empresta o nome adquirido com dinheiro ilícito. E nesse caso, ela que vai precisar provar que não sabia de que se tratava de um crime”, completou o delegado.
Dois dos principais envolvidos no crime e a companheira de um deles, que foi encontrada com US$ 20 mil, já haviam sido identificados e dois foram presos em uma operação deflagradas pela Polícia Federal em 2020. A suspeito é de que cinco pessoas participaram do roubo.
O nome da operação, “Occulta Pecunia”, significa “dinheiro oculto”, em latim. Os envolvidos vão responder por lavagem de dinheiro e associação criminosa, que têm penas somadas de até 14 anos de prisão.
Dólares foram transportados pela Lufthansa Cargo — Foto: Reprodução / EPTV
Outra operação
Em setembro de 2020, a Polícia Federal prendeu, Operação Tango Victor, um homem e uma mulher ligados ao roubo de Viracopos. À época, foram expedidos três mandados de prisão temporária e um de busca e apreensão.
Um dos mandados de prisão e outro de busca e apreensão foram cumpridos na capital paulista e outro, de prisão, no estado de Rondônia, onde foi preso, pela Polícia Rodoviária Federal, na BR-364, em Porto Velho, o investigado considerado um dos líderes do grupo, que foi assassinado em Campinas em maio de 2021.
Ele estava em liberdade. O outro homem investigado também foi assassinado dias atrás, em Campinas. A Polícia Federal acredita que os dois foram executados por saberem informações relacionadas ao crime.
Arte mostra como foi o roubo de 5 milhões de dólares no Aeroporto de Viracopos, em Campinas — Foto: Arte/G1
O roubo
O roubo em Viracopos ocorreu em seis minutos no dia 4 de março de 2018. Um grupo com pelo cinco homens armados com fuzis invadiu a área de cargas do aeroporto para levar os dólares, além de quantias em libras e reais que seriam entregues na Suíça. Sem fazer disparos, os criminosos entraram e saíram da estrutura.
De acordo com a Receita Federal, a remessa dos dólares foi declarada corretamente. O dinheiro estava em um avião da Lufthansa carregado em Guarulhos que fez escala no aeroporto de Campinas para pegar mais carga antes de seguir viagem para a Europa.
À época, os criminosos destruíram o alambrado, acessaram o terminal de cargas e fizeram de reféns os seguranças da concessionária Aeroportos Brasil, que administra o terminal. Durante o período que ficaram no aeroporto, eles conseguiram fazer a transferência de 13 sacolas para veículos usados na fuga.
Polícia Federal de Campinas cumpriu mandados contra roubo em Viracopos — Foto: Divulgação/Polícia Federal
Fonte: G1