150 ANOS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA
Parabéns à Imigração Italiana em seu dia. Sigamos seu exemplo de luta! Reverenciemos o laborioso trabalho de nossos antepassados! Seu sangue permanece em nossas veias e nas de nossos filhos e netos. Assim como permanece em muitas famílias a graça da fé cristã, o planejamento europeu, o senso de economia, a crença de que a vitória vem do trabalho dedicado e perseverança. Assim como permaneceu nos seus descendentes o mesmo respeito e amor pela Pátria Verde e Amarela que passou a dar-lhes aquilo que não possuíam na terra de origem.
Neste 21 de fevereiro, Dia Nacional do Imigrante Italiano, completaram-se 150 anos da chegada da primeira leva de imigrantes ao Brasil. Os primeiros saíram do Porto de Gênova no dia 03 de janeiro de 1874, às 13 horas, a bordo do navio a vela “La Sofia”. Questionados por ministro italiano por que deixavam a Itália, os emigrantes responderam: ”Plantamos o trigo, mas não comemos o pão. Cultivamos as videiras, mas não bebemos o vinho. Criamos os animais, mas não comemos a carne. É uma Pátria a terra onde não se consegue viver do próprio trabalho?
”A Itália ainda não era unificada. Era dividida em reinos. Das 1.800 comunas do Reino de Nápoles, por volta de 1.500 comunas não eram ligadas por estradas. O povo não votava e não tinha representantes que o defendiam. Só os “Signori” que tinham propriedades e classes abastadas votavam. Os colonos trabalhavam na terra como escravos. Eram explorados. Em muitos lugares não havia dinheiro, faziam suas trocas “em espécie”. Faltava comida.
Moravam em casa de pau-a-pique, algumas sem janela, em cavernas cavadas nas rochas, em construções rústicas, em cima de cocheiras e de pocilgas. Faltava higiene. Consulta médica tinha preço proibitivo. A malária, a pelagra e a cólera dizimavam esta população sofrida. Nesta época, estatísticas indicavam 400.000 mortes por ano. O governo passou a estimular a imigração por uma questão de sobrevivência das famílias. De 1870 a 1920, sete milhões de italianos deixaram sua pátria em direção à Austrália, EUA, América do Sul.
Viajavam nos porões de navios velhos. Havia mortes na viagem. Os cadáveres eram lançados ao mar. Havia naufrágios. Viagem perigosa.”Quaranta sei giorni di macchina e vapore”. Em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós que proibia o tráfico negreiro, o Brasil tinha dificuldade de mão de obra especializada para cuidar da cultura cafeeira. Em seguida com a luta abolicionista o país interessar-se-á por trazer levas de imigrantes italianos para cuidar da agricultura. Vieram para o Sudeste: Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais. E para o Sul: R.G. do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A grande emigração italiana permitiu o progresso do país, propiciou melhoria de condições aos que lá permaneceram, mais comida. Aqui recomeçaram a vida no meio do mato, entre animais ferozes, faltava tudo! Mas era melhor que na Itália, pois chamavam seus compatriotas dizendo: ”Venham o quanto antes. Os ares são melhores, a água é boa”. Chegaram com vontade férrea de vencer. Criados na mais profunda dificuldade de sobrevivência eles souberam enfrentar a enxada à luz do sol e até nas noites de luar.
Creram na Providência Divina e na intercessão de Santo Antônio de Pádua, na “Vergine” do Santíssimo Rosario. Economizaram muito. Comeram muita polenta com almeirão que crescia no meio do café. Triunfaram. Ajudaram a construir o progresso do Sudeste e do Sul do Brasil. Parabéns à Imigração Italiana em seu dia. Sigamos seu exemplo de luta! Sua história continua sendo uma lição de vida para o Brasil contemporâneo.
Tomaz de Aquino Pires