Clássicos do futebol paulista terão torcida única após brigas e morte de idoso
Depois das brigas das torcidas de Palmeiras e Corinthians, domingo, dia 3 de abril, e que resultaram na morte de uma pessoa que passava na hora da confusão, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, reuniu-se com o vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Fernando Sollero, e com o promotor Paulo Castilho, além de delegados e desembargadores, e determinou que os clássicos de futebol em São Paulo terão torcida única até o final deste ano, ou seja, até 31 de dezembro deste ano, a partir do próximo clássico a ser disputado no estado.
A medida, segundo o secretário, valerá inclusive para jogos entre os times paulistas na Libertadores da América e para torcidas de grandes clubes de outros estádios que vierem jogar em São Paulo no Campeonato Brasileiro. Além disso, o secretário anunciou que, até amanhã, deverão ser identificados os cerca de 50 torcedores que participaram dos confrontos e que todos eles serão banidos dos estádios, por um período que ainda não foi determinado. “Todos os que forem identificados, serão banidos de todos os jogos”, disse o secretário.
As torcidas organizadas também estarão proibidas de levar faixas ou adereços, inclusive bandeiras. A proibição vale, inclusive, para as faixas que uma das torcidas organizadas do Corinthians, a Gaviões da Fiel, vem levando ultimamente nos estádios paulistas. para pedir investigação sobre o escândalo da merenda escolar, que envolve políticos de São Paulo.
Outra medida acertada durante a reunião foi a determinação de que todos os ingressos para jogos de futebol no estado serão vendidos somente pela internet, com cadastro prévio e identificação de todos os torcedores por meio de CPF. Com isso, pretende-se acabar com a venda direta de ingressos dos clubes para as torcidas organizadas. A ideia é implantar um sistema, que ainda será acertado com os clubes, segundo o vice-presidente da FPF, de forma que os torcedores organizados tenham que preencher um campo específico, identificando-se como torcedor organizado e que passem a ocupar uma área destinada somente para eles nos estádios, diferenciando-os do torcedor comum.
Segundo Sollero, essa medida ainda precisará ser ajustada e a possibilidade é de que ela só comece a funcionar para o Campeonato Brasileiro. De acordo com o promotor Paulo Castilho, a Federação ficará responsável por avisar aos clubes paulistas sobre as determinações e de colocar em prática todas as medidas que foram acertadas na reunião de hoje.
Entenda o caso
No domingo, dia 3 de abril, um pedestre que passava pela Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, mais conhecida como Praça do Forró, próximo à estação São Miguel Paulista, morreu baleado durante confrontos entre torcedores. O nome da vítima ainda não foi divulgado, embora o secretário tenha dito na coletiva de hoje que ela já foi identificada.
O assassino ainda não foi identificado, mas o secretário negou que a vítima, um homem de cerca de 60 anos, que passava pelo local e não tinha ligação alguma com as torcidas, tenha sido morto por disparo de um policial. “Não há nenhum indício de que o tiro tenha sido dado pela polícia. Os policiais se submeteram a exames residuográficos”, disse Moraes.
Sobre a liberação, já hoje, dos torcedores que foram detidos ontem após os confrontos, o secretário disse que isso ocorreu por causa da tipificação criminal que lhes foi imputada. Mas, segundo Moraes, durante o inquérito policial, a imputação aos torcedores deverá ser mais rigorosa: “Eles [torcedores] continuam soltos porque obtiveram na Justiça a liberdade. Mas não podemos ser mais duros do que a lei estabelece. Podemos chegar ao limite do rigor da lei”.
Fonte: Agência Brasil / Matéria: Elaine Patricia Cruz