Dentista de Jaguariúna embarca para missão na África

Matéria: Paula Partyka

Ansiosa para participar de um Projeto da Organização Humanitária Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), a dentista Mariana Bachega embarca neste domingo, 07, para o Malawi

A Organização Humanitária Fraternidade Sem fronteiras (FSF), atua em alguns dos lugares mais pobres do planeta com o desejo de ajudar e a construir um mundo de paz. O objetivo é ‘sacudir o mundo’ com a ideia de que milhões de pessoas, cada uma ajudando um pouquinho, podem acabar com a fome e promover a vida de famílias que vivem na extrema miséria.

Na África subsaariana, a FSF abriu e mantém centros de acolhimento, onde oferecem alimentação, cuidados com a higiene, atividades pedagógicas, culturais e formação profissionalizante. Amparam idosos com alimentação e construção de casas.

A dentista de Jaguariúna, Mariana Bachega conhece a organização e seguia seus trabalhos há algum tempo. Ela conta que sempre teve o desejo de participar de uma missão, mas é difícil ter vaga disponível.
Com isso, ela se inscreveu na FSF e paga por mês uma contribuição de apadrinhamento de uma família e pode oferecer doar seu trabalho também. São várias missões, inclusive no Brasil, e a doação pode ser única também.

Ela se inscreveu em todos os projetos da FSF e aguardava pela sua vez. Até que há dois meses, mais ou menos, ela estava acompanhando uma blogueira nas redes sociais que relatou e mostrou uma situação de uma cidade da África onde passou um furacão e as pessoas estavam passando muitas necessidades.

“Aquilo me emocionou e eu comecei a chorar e disse: Deus eu preciso ajudar, faça com que chegue minha vez. Aí eu entrei no meu e-mail e estava lá, selecionada”, conta.

Ela foi selecionada para o projeto Nação Ubuntu. É realizado ao lado de um campo de refugiados, localizado no Malawi, país vizinho de Moçambique. O campo de refugiados, ao lado, existe há 24 anos, embora tenha sido instalado para atender um momento emergencial, de crise. A grande maioria das crianças e jovens não tem acesso à escola, o alimento oferecido é insuficiente e não há oferta ou criação de oportunidade de trabalho.

O projeto tem o ideal é mudar as histórias de vida e oferecer a crianças, jovens e toda a população de 38 mil refugiados e malauianos em situação de vulnerabilidade um novo modelo de vida – uma nova oportunidade. Aos poucos, apresentam a eles a proposta de convivência e sentindo a resposta do coração de cada um.

E então, a vez de Mariana chegou, mas para a viagem se tornar de fato uma realidade, foi necessário seguir diversos protocolos estimados em mais R$10.000,00. Esse valor se encaixa apenas na passagem área, terrestre e alimentação, porque ela precisa levar material odontológico, pois no Malawi não tem.

Como ela tinha uma reserva de R$4.000,00 e não tinha de onde tirar o que faltava, fez uma rifa. Ela conta que os familiares e colegas próximos à ajudaram, bem como pessoas que ela não conhece. Da mesma forma que ela teve ajuda com a venda, teve ajuda com a doação dos prêmios, os quais é grata.

Essas pessoas ficaram sabendo da rifa por meio de um vídeo que ela soltou nas redes sociais. “Foi imediato. Muita gente compartilhando e dobrou o meu número de seguidores”, conta.

Segundo ela, uma moça de Jaguariúna pediu sua conta porque queria comprar um número maior de rifa e depositou R$1.000,00, equivalente a 33 rifas. Assim como uma de Campinas, que depositou R$600,00.

As pessoas, sabendo da missão da Mariana, ajudaram também com a doação de alguns materiais para ela levar. “Eles passaram uma lista de medicamentos gigantesca que eles têm necessidade”.
No grupo da Nação Ubuntu tem 40 pessoas, sendo 30 deles médicos. Apenas duas dentistas. Opa, uma delas desistiu, então a única dentista dessa missão é Mariana.

No domingo, 07, dia do embarque, também é o dia de conhecer o grupo. A missão inicial deles é ter duas malas de no máximo 32kg. “Uma a gente doa para a ONG e a outra é os nossos pertences. Temos que levar até coberta”, explica. Depois, passam dez dias trabalhando no projeto Nação Ubuntu.

No grupo tem pessoas de todo País, mas Mariana viu que um dos números tinha código de área de São Paulo e entrou em contato para conhecer a pessoa antes. “Ela é de Campinas e faz parte da Comissão Organizadora da ONG e eu fui lá. Ela disse assim: durante o dia você não tem que se preocupar porque vai ter tanto trabalho que você não vai ter tempo. Mas a noite, todos choram”.

Nesses dias que antecedem a viagem Mariana está muito emotiva e sensível, porque está chegando a hora. “E o psicológico tem que estar preparado, porque sempre foi uma coisa que me tocou muito. Então eu tenho me preparado nesses últimos dias”. Ela acredita que essa viagem vai transformar sua vida.

Em casa

Mariana se descreve como uma pessoa normal, gosta de estudar e se especializar. Sua área de atuação é ortodontia. Ela chegou em Jaguariúna com seus pais quando tinha 16 anos, posteriormente foi para Conchal, casou e retornou para Jaguariúna.

Maria Eduarda e Maria Fernanda são as filhas de Mariana e ela conta que as meninas estão empolgadas com a viagem da mãe. “Elas estão amando. Eu falei: filhas, mamãe vai viajar, ficar dez dias longe e vocês vão ficar com o papai. Minha filha mais velha entrou no Instagram dela e postou para que comprassem a rifa”.

Além disso, Mariana frisa e agradece o apoio que recebeu de quem é sangue de seu sangue. “Meus pais, minha irmã e minha família”.

 

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