Desenhista possense luta por sonho de ser artista

“Desenhar é a arte de raciocinar sobre o papel”. Para Leandro Moreira Rodrigues, de 18 anos, esta é a frase que define sua maior paixão: o desenho. Nascido em sete de agosto de 1998, filho de Arlindo Pinho Rodrigues, de 45 anos, e Vangela Souza Moreira, de 48 anos, Leandro desenha desde a infância, mas passou a se interessar de fato pelas técnicas artísticas no ano de 2011, através da internet.

Após ver vídeos de outros desenhistas no YouTube e tomá-los como fonte de inspiração, Leandro decidiu que iria aprender a desenhar como os youtuber’s que o motivavam. “Os youtuber’s eram meu incentivo. Prometi a mim mesmo que aprenderia a desenhar como eles e, desde então, tenho dedicado minha vida aos desenhos”, explicou Rodrigues.

Todos os dias, pegando uma folha e fazendo desenhos, Leandro buscava evoluir, aprender novas técnicas e segredos da arte de desenhar. “Quando fiz meu primeiro realismo, gostei muito do resultado. Mas, ao comparar com os desenhos de outros youtuber’s, percebi que tinha muito que aprender”, disse o desenhista.

Segundo Arlindo, o jovem fazia de todo papel alvo de novos desenhos. “Ele não podia ver papel em branco. Comprávamos cadernos novos para ele e em todas as folhas ele desenhava”, afirmou o pai.

Inicialmente, Leandro desenhava apenas em grafite. Depois de aperfeiçoar suas técnicas nesse estilo, partiu para os desenhos coloridos. De acordo com ele, o medo de pintar era um empecilho. “No começo, eu tinha medo de pintar. Não era muito bom com pintura, achava que iria estragar o desenho. Depois de um tempo, percebi que havia chegado a hora de perder esse medo” contou Leandro.

Observando o talento do filho, que nunca fez um curso, Arlindo compara-o a um músico, que, graças a um dom, toca de ouvido seu instrumento com excelência. “No caso dele os instrumentos são o lápis, borracha e papel. Ele os pega e desenha apenas olhando. É muito importante estudar, mas não há como negar o dom que ele tem”, relatou o pai. Sempre muito reservado por conta de uma infância difícil, Leandro transformou o desenho em uma forma de expressão de sua individualidade.

As situações desconfortáveis de agressão, tanto física quanto verbal, no ambiente escolar fizeram com que o lápis, borracha e papel, se tornassem seus melhores amigos. “Foi muito dolorido. Eu não conseguia entender como pessoas iguais a mim tinham a capacidade de magoar ou ferir alguém de tal maneira”, lamentou Leandro.

As ofensas, insultos e injúrias, apesar de cruciantes, ensinaram algo ao desenhista. Segundo ele, a caminhada por uma vida com algumas decepções o fizeram perceber que é possível fazer escolhas. “Tudo o que aconteceu fez com que eu não quisesse ser uma má pessoa; me fez querer ser uma pessoa melhor e ajudar o próximo de alguma maneira; me incentivou a buscar algo que não machucasse ninguém, mas que trouxesse alegria: o desenho”, declarou.

Vangela conta que, desde que veio ao mundo, Leandro chegou lutando. Com apenas um ano de idade, teve que realizar uma cirurgia no coração, da qual havia pouquíssimas chances de sair vivo. De acordo com os médicos, Leandro não sobreviveria. Neste dia, ele entrou na sala de operações às 7 horas e, às 17h30, saiu.

A estimativa era de que Leandro ficasse por três dias na UTI. Em 24 horas, ele foi liberado, pois já reagia bem. “Hoje, ele ainda carrega as sequelas deste momento. Infelizmente, os médicos não puderam solucionar todo o problema, mas, graças a Deus, tudo deu certo. O importante é que hoje ele está bem melhor”, disse a mãe.

Com o objetivo de trilhar um novo caminho e começar uma nova história, a família, que inicialmente era de Belém do Pará, veio para Santo Antônio de Posse em 2003. Entretanto, certo tempo depois de chegarem aqui, Leandro adoeceu novamente e foi internado. Era o princípio de um câncer no pâncreas. O tratamento durou aproximadamente dois anos.

Este foi o período em que Leandro passou mais tempo em hospitais e, como consequência, o período em que começou a desenhar com mais frequência. Sem que fosse evidente, em meio a esse contexto fulminante para a família, começou a ser lapidado um diamante.

Por não ter um passatempo dentro do hospital, Rodrigues sempre pedia lápis e papel ao pai. “Ele não tinha o que fazer. E, toda a vez que meu marido ia visitá-lo, levava lápis e papel. Foi aí que tudo começou, porque, mesmo depois de ter saído do hospital, Leandro não parou mais de desenhar”, revela Vangela.

Sempre orientado pelos pais a correr atrás dos sonhos, Leandro confessa que seu maior desejo é um dia se tornar um grande artista, reconhecido pelo que faz.

Para Arlindo, Leandro é, foi e sempre será motivo de muito orgulho. “Me sinto honrado por ser pai desse rapaz. É um filho que nunca deu dor de cabeça; é estudioso e dedicado. A cada dia que passa, mais orgulho ele me dá”, disse o pai.

Já para Vangela, é difícil descrever Leandro sem se emocionar. Para ela, a palavra que descreve seu filho é: “abençoado”. “Se eu tiver que definir o Leandro, digo que ele é um menino muito abençoado, meu anjo da guarda. Durante um bom tempo, eu fiquei preocupada com as minhas obrigações, meu trabalho, e não percebia o talento que estava bem aqui, ao meu lado. Tenho muito orgulho dele”, declarou a mãe.

Leandro não teve oportunidades de realizar cursos e aprendeu tudo por conta própria. Hoje, vende suas obras por meio de encomendas com o objetivo de conseguir dinheiro para comprar novos materiais e, assim, desenhar seu tão sonhado futuro. “Ele é um jovem muito esforçado, só precisa de um empurrão, de alguém que diga: ‘Leandro, vai, eu te ajudo’”, afirmou Vangela.

A família, que passou por muitas dificuldades, hoje é muito grata pela vida do filho e de todos aqueles que, em algum momento e de alguma forma, contribuíram para que Leandro estivesse um passo mais próximo de seu maior sonho. “Agradeço muito a todos que ajudaram, principalmente à professora Ana Lúcia Marques, à professora Josefina Trentin, ao professor de artes Ever San Laurenzo e Cristiano Vicençotti, pelo apoio e contribuição”, concluíram os familiares.

Matéria: Matheus Gomide

 

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