Diabetes infantil: silenciosa, a doença na infância tem crescido em todo o mundo

 

Dezembro, 2024 – Casos de diabetes diagnosticados em pacientes pediátricos têm crescido em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 98 mil novos casos em crianças e adolescentes ao ano. Fato que exige atenção redobrada de pais e responsáveis, já que alguns sintomas podem passar despercebidos e/ou serem confundidos com outras doenças. Porém, as sequelas ao longo da vida podem ser graves e o diagnóstico precoce e início de cuidados podem evitar complicações. A médica endocrinologista infantil Adriana Aun, do Vera Cruz Hospital, em Campinas, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.

 

1 – Quais sintomas podem dar indícios da doença na infância?

“Os sintomas do diabetes na infância são sutis e muitas vezes passam despercebidos pelos pais até que a doença se agrave e se torne necessário um atendimento médico de urgência”, diz a endocrinologista. Por isso a família precisa estar atenta aos seguintes sintomas:

perda de peso;
aumento do apetite;
aumento do volume de urina (muitas crianças voltam a fazer xixi na cama);
aumento da sede (passam a beber mais água)
indisposição;
turvação visual;
emagrecimento rápido;
falta de vontade para brincar;
irritabilidade e mudanças de humor;
dificuldade para compreender e aprender.
2 – Quais são os tipos de diabetes mais comuns entre crianças e adolescentes?

O diabetes mais comum da infância é o Diabetes Mellitus do Tipo 1 (DM1), que se origina da falta de produção de insulina pelas células do pâncreas (chamadas células beta). Porém, nas últimas décadas tem sido registrado um número crescente de pacientes pediátricos com o Diabetes Mellitus do Tipo 2 (DM2), estando associada à obesidade infantil.

 

3 – Qual é a diferença entre o diabetes Tipo 1 e Tipo 2?

A diferença entre um tipo e outro é a razão pela qual ocorre a deficiência na produção de insulina e o excesso de açúcar no sangue.

No caso do tipo 1, é decorrente de um processo autoimune, quando o corpo produz anticorpos contra as células beta pancreáticas, levando à deficiência de insulina. Envolve fatores genéticos.

Já no tipo 2, podemos dizer que também existe uma grande influência do fator genético somado ao sedentarismo e à obesidade. Este tipo de diabetes acomete 90% dos pacientes adultos.

 

4 – A partir de qual idade o diabetes pode se manifestar?

Pode surgir em qualquer idade, mas a maior incidência tem sido observada durante a fase da adolescência.

 

5 – Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por exame de sangue, com o objetivo de medir dosagem de açúcar (glicemia) presente no sangue. “É considerado diabetes se a glicemia for maior que 200mg/dL, avaliado num momento qualquer do dia. Quando dosada após um período de 8 horas de jejum, a glicemia maior que 126mg/dL pode ser indício de diabetes. Além da dosagem da glicemia, a avaliação da hemoglobina glicada (que seria o acompanhamento da dose de açúcar no sangue por um período de três meses) é uma ferramenta auxiliar no diagnóstico, que aponta para a presença de diabetes quando a média é maior que 6,5%”.

 

6 – Como é o tratamento do diabetes infantil? É diferente do tratamento em adultos?

Não há diferença entre o tratamento do diabetes infantil ou adulto. O que difere é o tratamento conforme o tipo de diabetes. “O tratamento do tipo 1, é feito com a reposição da insulina, um hormônio anabólico, que tem a função de regular a quantidade de açúcar presente no sangue. Este hormônio é produzido pelo pâncreas, mas no caso de quem tem a doença, o órgão produz abaixo do necessário e por isso é preciso repô-lo por meio de injeções subcutâneas”, explica. “O tratamento do tipo 2 é feito com medicamento oral (hipoglicemiantes) e mudanças de hábitos, como alimentação e atividades físicas, que promovam a perda de peso”, completa.

 

7 – O diabetes tem cura?

O diabetes é uma doença que não tem cura. “Muitos estudos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas em busca da cura e alguns avanços já foram conquistados. Atualmente, no caso do tipo 1, existem grandes expectativas no campo das pesquisas com células-tronco”, diz a médica sobre as boas-novas. Também é válido salientar que no caso do tipo 2, com diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida, principalmente o emagrecimento, é possível ter um ótimo controle da doença.

 

8 – Quais são as principais orientações para evitar o desenvolvimento do diabetes infantil e como os pais/responsáveis podem auxiliar?

Não há maneiras de prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 1 já que tem origem genética; mas há como evitar que o diabetes seja diagnosticado num contexto clínico grave, reconhecendo precocemente os sintomas. A maior mortalidade pelo tipo 1 se dá no atraso do diagnóstico e no uso inadequado de insulina. Já o diabetes tipo 2, visto nos adolescentes, pode sim ser evitado, com medidas de prevenção à obesidade, prática de atividade física e bons hábitos alimentares.

 

9 – Se o diabetes não for tratado, quais complicações pode gerar?

O diabetes causa aumento da glicemia, que se não tratado, pode trazer riscos, como:

Cetoacidose – grave complicação metabólica que pode gerar internações;
Amputação de membros;
Retinopatia – danos aos olhos, que pode prejudicar a visão;
Complicações renais;
Coma.
10 – Como a família pode contribuir com o tratamento?

São diversas maneiras de ajudar para que essa criança tenha uma melhor qualidade de vida:

Oferecer apoio, mantendo a criança acolhida e motivada;
Estimular a prática regular de atividades físicas, ou seja, no mínimo 30 a 60 minutos por dia ou de acordo com a orientação médica;
Oferecer uma dieta rica em frutas, vegetais, legumes e alimentos com baixo teor de sal e gordura;
Diminuir, se possível cortar de vez, o consumo de alimentos enlatados, industrializados, fast food, doces e refrigerantes;
Em casos de adolescentes, aconselhá-las a não fumar;
Manter de forma regular o acompanhamento médico;
Estimular o uso correto das medicações prescritas;
Realizar os exames solicitados pelo médico para monitorar o controle da glicose e investigar possíveis lesões de órgãos. Alguns exames devem ser feitos todos os anos, como o exame oftalmológico e a hemoglobina glicada;
Controlar o peso;
Fazer o acompanhamento e tratamento adequado de outras condições que podem estar associadas ao diabetes, como hipertensão e colesterol elevado.
“De modo geral, o diabetes impacta na vida de toda a família exigindo a mudança do estilo de vida não apenas do paciente, mas de todos. E isso é fundamental para o tratamento, qualidade de vida e prevenção de complicações em longo prazo”, conclui a médica.

 

Sobre o Vera Cruz Hospital

Há 81 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quase oito anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia, tendo, inclusive, ultrapassado a marca de 2,5 mil cirurgias robóticas, grande diferencial na região e no interior do Brasil. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 35 anos, o Vera Cruz criou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association. Em abril de 2021, o Hospital conquistou o Selo de Excelência em Boas Práticas de Segurança para o enfrentamento da Covid-19 pelo Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) e, em dezembro, foi reacreditado em nível máximo de Excelência em atendimento geral pela Organização Nacional de Acreditação.