Estudo descobre mecanismo que evolui para metástase, mesmo após tratamento bem-sucedido do câncer de mama

 

 

 

Um estudo recém publicado sobre a descoberta de uma forma de bloquear a
metástase das células cancerígenas aponta uma luz no tratamento do
câncer de mama.

Segue um material da Sociedade Brasileira de Mastologia sobre o assunto,
com a explicação do estudo e o alerta sobre as medidas importantes
para evitar que a doença se inicie.

Estamos à disposição para outras informações.

Abs

Estudo descobre mecanismo que evolui para metástase, mesmo após
tratamento bem-sucedido do câncer de mama

_Pesquisa do Reino Unido também atesta eficácia sobre medicamento para
a doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, as descobertas
apontam novos caminhos para prevenção e tratamento_

Um estudo publicado na _Nature Cancer_, uma das principais revistas
científicas do mundo, revela uma descoberta relevante sobre o câncer
de mama. Em experimentos realizados em laboratório, pesquisadores do
Institute of Cancer Research, do Reino Unido, mostram que células de
câncer de mama, mesmo após um tratamento bem-sucedido, ficam
“adormecidas” no organismo por um período de 5 a 20 anos e ao
“acordarem” evoluem para metástase no pulmão. A mesma equipe conseguiu
bloquear, com sucesso, a evolução dessa recidiva, utilizando um
medicamento para tratar leucemia mieloide crônica. “Como toda pesquisa
séria, este estudo é uma luz no tratamento de uma doença importante
como o câncer de mama”, afirma mastologista Rosemar Rahal, membro da
diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). “Tão
significativo quanto descobrir mecanismos, como os que foram
demonstrados pelos cientistas do Reino Unido, é evitar que a doença
comece”, ressalta.

De acordo com o estudo recém-publicado na _Nature Cancer_, pacientes
diagnosticadas com o tipo mais comum de câncer de mama, o tumor
receptor de hormônio positivo (RH+), mesmo com o sucesso de um
tratamento, podem desenvolver metástase anos após as intervenções
iniciais. “Um grande questionamento que fazemos é por que razão estes
tumores RH+, mesmo descobertos precocemente, em fase muito inicial, e
tratados, ainda representam um risco para a volta da doença após 5 a
20 anos, chegando a um índice de ocorrências de até 17%”, destaca a
médica Rosemar Rahal, da SBM. No Brasil, há cerca de 65 mil casos de
câncer de mama ER+ a cada ano.

O estudo pré-clínico, realizado com camundongos pelos pesquisadores do
Institute of Cancer Research, revelam que à medida que o organismo
humano envelhece há o aumento de uma proteína nos pulmões chamada
PDGF-C. De acordo com os cientistas, esta proteína determina se as
células inativas do câncer de mama permanecem “adormecidas” ou
“despertam”, evoluindo para um quadro de metástase.

Para a mastologista Rosemar Rahal, as investigações sobre o
microambiente e as condições favoráveis para que os tumores “acordem”
após um longo intervalo entre a detecção e o tratamento bem-sucedido
do câncer de mama constituem revelações fundamentais para
procedimentos e desenvolvimento de novas drogas.

Como estratégia para bloquear o aumento da proteína PDGF-C e evitar o
processo de proliferação de células cancerígenas, os cientistas do
Reino Unido aplicaram o medicamento imatinib nos camundongos, utilizado
no tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica. Embora os
resultados demonstrem sucesso, a médica destaca uma vez mais que, por
se tratar de um estudo pré-clínico, ainda há muito a pesquisar sobre
o mecanismo que resulta na metástase nos pulmões e também a respeito
do medicamento. “Para chegarmos a uma droga usada com segurança e
eficácia, há muito trabalho pela frente. Estamos falando de algo que
não estará disponível no mercado em curto prazo”, afirma.

Além da utilização de drogas para o câncer, a médica ressalta que a
pesquisa, especialmente no que se refere ao microambiente onde os
tumores se desenvolvem após um longo período de dormência, indica
caminhos para outros tipos de tratamento. “Temos, por exemplo, a
imunoterapia, que constitui um grande avanço nos casos de câncer de
mama e consideramos utilizar o próprio sistema imune do paciente neste
microambiente como estratégia de combate da doença.”

Tão importante quanto as descobertas apresentadas pela ciência,
segundo a mastologista, é evitar que o câncer de mama comece, com
reforço de medidas de grande impacto na qualidade de vida, como
alimentação, atividade física e controle de peso. “Estas atitudes no
dia a dia também se refletem em sobrevida de pacientes tratadas por
câncer de mama”, afirma.

Rosemar Rahal destaca ainda outro ponto importante. “No Brasil, há uma
grande divergência sobre o acesso ao tratamento”, enfatiza. “Seja no
sistema privado ou público, a Sociedade Brasileira de Mastologia
entende que todas as mulheres, indistintamente, têm o direito ao
diagnóstico precoce e a todo o tratamento disponível nas redes de
saúde do País”, conclui.