Fotógrafo João Zinclar tem sua obra revista em mostra e documentário nesta 6ª
O fotógrafo João Zinclar (1956 – 2013), o “operário da fotografia”, como gostava de se apresentar, terá sua obra revista em homenagem realizada na próxima sexta-feira, às 19h30, no Sindimetal Campinas (Rua Dr. Quirino, 560, Centro). Durante o evento, o público poderá conhecer parte do seu rico acervo, que hoje se encontra no Museu da Imagem e Som de Campinas. Haverá, ainda, projeção do filme depoimento por ele prestado ao setor de História Oral do MIS, editado por Carlos Tavares e Sônia Oliveira, e uma rodada de depoimentos de pessoas que trabalharam e conviveram com o fotógrafo, e analisaram sua obra. O evento é uma realização da equipe do Acervo João Zinclar. A entrada é gratuita.
João Zinclar morreu há cinco anos. Foi dirigente sindical metalúrgico do SindiMetal Campinas, militante político que colocou sua arte a serviço das lutas sociais pelo país afora. As imagens que realizou são, portanto, parte da ação de um trabalhador que soube identificar as transformações na cultura visual e no cenário político brasileiro nas décadas de 1980 e 1990, e perceber a necessidade de produzir registros das lutas populares sob a ótica de quem vive o movimento por dentro. No início do século 21 foi do analógico ao digital, sem receio de enfrentar os embates entre técnica e estética.
Em 2009, lançou o livro fotográfico “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”, um registro da cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. A obra é resultado dos cinco anos em que Zinclar percorreu as margens do Rio São Francisco em oito estados.
Colaborou em publicações de movimentos populares no Brasil, na Inglaterra, na Alemanha e no México, além de boletins sindicais, blogs, sites, calendários e outros veículos da imprensa alternativa e popular.
Sobre seu próprio trabalho, declarava: “Faço fotografia, faço denúncia (…), se não fosse a luta de classes talvez eu estivesse fotografando a obviedade do mundo (…) e o jornalismo diário convencional”. Óbvio e convencional é algo que João não foi, mas é preciso dizer que se equivocou ao afirmar: “Não sou artista, sou jornalista (…) não faço arte”.
Mais: “Sou um comunista que se orienta pelos valores e pela teoria marxista de como interpretar e procurar transformar esse mundo (…). O que me motiva a fotografar é a luta de classes (…). Antes de ser fotógrafo, sou um militante. A máquina nada mais é que um instrumento a serviço das mudanças sociais”.
Acervo
O acervo de João Zinclair reúne imagens que registram inquietações sobre sonhos, frustrações, vitórias, projetos, desejos, contradições e as impermanências com as quais a vida, a luta, a militância e a memória se fazem.
O acervo é composto por 53 mil negativos e 200 mil imagens digitais. São registros de greves, debates, ocupações, mobilizações, passeatas, movimentos estudantis, festas, celebrações e marchas, datados do início dos anos 1990 até o início de 2013.