INFÂNCIA NO CENTRO DA ANTIGA VILA

No raiar de 1955, mudamo-nos da Fazenda Florianópolis para o centro da antiga Vila, agora Município, na Rua Alfredo Engler, ao lado da Pousada Vila Bueno. Papai vendeu sua parte da fazenda e veio dedicar-se ao comércio. Quatro filhos para encaminhar aos estudos e trabalho. Os mais velhos queriam ser boiadeiros e futebolistas, por isso não se deram bem no Diocesano Santa Maria em Campinas. Ganhavam medalhas no futebol. Meus pais preocupados com os horizontes que se abriam vieram para o comércio.

Comprou casa na “Vila. Hoje ali ergue-se a Loja Montreal. Na nova morada, após quatro homens, chegou uma irmãzinha, a caçula, em 1956. Todos festejaram com alegria! Aqui um grupo festivo de meninos buscava-me em casa para rodar pneus na quadra central, brincar descalço nos quintalões vizinhos, com árvores frutíferas. Fazíamos cavernas imitando os filmes com índios e mocinhos do Velho Oeste norte americano.

Um grande pasto gramado, atrás da Pensão da D. Marica, hoje Pousada Vila Bueno, era o cenário preferido para as brincadeiras. O grande espaço era o nosso campo de lazer. Ali se instalavam circo-teatro, circos de cavalinhos, outros com leões, elefantes e gorilas. Algumas vezes vinham Touradas como a do peão Indio Vago. O saudoso espaço tornou-se a Travessa Dona Ermelinda. Para alegria da meninada reproduzíamos aqueles divertimentos nos grandes quintais. Montávamos com varas de eucalipto arenas de rodeio e cirquinhos. Procurávamos bodes e cabras nas ruas para tourar.

Com cabo de vassoura e lata de massa de tomate improvisávamos microfone para os locutores dos espetáculos. Em cada espetáculo circense um malabarista caia do rolo e quebrava o braço. Daí, após repreensão, os adultos desmontavam nosso circo. Distraíamo-nos diariamente com as brincadeiras de pega-pega, correndo pelos quintais, cruzando varais de arame farpado, lotados de roupa pendurada para secar, andávamos pelos trilhos da Mogiana.

A correria estendia-se pelas ruas, pelo jardim público. Subíamos e pulávamos do alto do coreto e num pulo, galgávamos a fonte sem nos molharmos. O Largo da Igreja, acima dos jardins públicos era cercado por cerca viva de buxinhos (fícus). Era excelente esconderijo para o esconde-esconde. Estes buxinhos eram intermeados por frondosas árvores de madeira de lei. Era outro espaço para a revoada dos meninos-passarinhos que planavam durante toda a infância livre. E nela desenvolviam sua criatividade para brincar.

Mundo maravilhoso livre com plena segurança. Único tempo sem brincadeiras era aquele período do Grupo Escolar onde havia disciplina, respeito, ensino e aprendizagem eficientes de segunda a sábado. Cumprido o turno escolar esta infância estava livre para voar e desfrutar da bênção da Infância.

 

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