LEMBRANDO JAGUARIÚNA DE 1955 ATÉ HOJE

O Calçamento de Jaguariúna era com paralelepípedos apenas na Rua Cândido Bueno. As demais ruas do centro da cidade menina eram de terra. Ruas do centro tinham calçadas e sarjetas. Algumas colocadas pelo novo Prefeito. Estas ruas absorviam o calor do sol e a constante chuva. Duas carrocinhas retiravam o lixo úmido exposto em latas de 20 l. da frente de casa. Da rua Alfredo Engler onde morava ainda vejo as carroças puxadas a burro apinhadas de goiabas vermelhas e brancas a granel. Traziam o fruto para a fábrica de massa para doce do Bonetti. O cheiro da goiabada rescendia extasiando o olfato no berço onde nasceu Jaguariúna.

Parecia estar no tacho de cobre da fábrica, no fim da Cel. Amâncio Bueno. Grupo Escolar com mestres e exame oral de leitura. Alfabetização pelas cartilhas, tabuadas na ponta da língua. Divisão por dois algarismos no 2.º ano primário. Primeiro livro inesquecível! Missas na Matriz, Catecismo, repique de sinos. Em cada quadra um sapateiro colocava meia sola, salto e engraxava os calçados. Dois a três campinhos gramados de futebol no centro da Vila para os jovens e crianças. Começava a regularização de calçadas e sarjetas além da Alfredo Engler e Cândido Bueno. Arborização, Posto de Saúde e Puericultura. Melhoria nas estradas rurais, pontes. Coletoria Estadual, chegam as primeiras casas bancárias. Postes de ferro nas ruas, a luz incandescente era fraca. Faltava energia elétrica. Só três fábricas! Comércio mais forte. Vida rural agropecuária intensa.

Companhia Mogiana deslizava sobre os trilhos. Viação Bortolotto, pouquíssimos horários de ônibus. Ao centro da cidade transporte de tração animal e alguns caminhões das fazendas, raros automóveis importados. Ponto de “carros de praça” com seus “chauffeures” uniformizados. Aos poucos chega nova iluminação. Implanta-se o Ginásio Estadual. Chega subestação de energia elétrica. O prefeito traz água encanada do rio Jaguari e ligação de esgoto. Esgoto despejado no rio. Tampam-se os poços e as fossas sépticas e negras dos quintais. Melhorias nos postes com lâmpadas a mercúrio. Os Vereadores não eram remunerados. Chegou o asfalto. Chegaram as primeiras indústrias. Migração do Paraná e de Minas Gerais. Mais indústrias e a necessidade da construção de casas populares e escolas. Começam os primeiros núcleos habitacionais. Havia a Creche do Padre. Instala-se a Creche Municipal. Mais correntes migratórias com o advento de novas e grandes Indústrias. Irmãos do Nordeste chegam com um acento novo de linguagem sobrepondo-se ao nosso “R” caipira. Como o espocar de rojões proliferam-se os loteamentos com casas populares formando inúmeros bairros transformando a zona rural em urbana. Cessa o transporte ferroviário interno e seu leito é transformado em largas avenidas unindo os novos bairros ao centro. Surgem praças urbanizadas, parques e lagos. Constrói-se o Hospital Municipal.

Instituições escolares são construídas em cada bairro. Educação Infantil é plena. Ensino Fundamental Municipalizado com prêmios. Ensino Médio Estadual e Ensino Superior. A cidade transformou-se num verdadeiro Parque Industrial. Realmente chegou o progresso. Mas os Poderes Públicos e os cidadãos devem zelar pela preservação da paisagem cultural construída pelos antepassados.Todos aspiram ao Progresso, porém que ele seja sustentável sem varrer a história de nossas ruas, os patrimônios adquiridos pela cidade e por seu povo.

Tomaz de Aquino Pires