O sonho da casa própria se distanciando

A Caixa Econômica Federal decidiu reduzir o limite máximo de financiamento de imóveis usados nos casos que utilizem recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e pretende focar somente em moradias novas, conforme informou o banco.

O Sistema Financeiro Habitacional (SFH) regula a maioria dos financiamentos imobiliários no Brasil, e usa recursos do FGTS ou do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A mudança da Caixa vale apenas para esse tipo de financiamentos com recursos do SBPE. O limite que o consumidor pode parcelar caiu de 80% para 50% do valor total do imóvel usado. O restante do valor do imóvel deverá ser pago à vista.

A medida é mais uma adotada para amenizar a escassez de recursos que enfrenta por conta da redução dos depósitos na poupança, principal fonte de fundos para o crédito imobiliário. As alterações entraram em vigor no dia 4 de maio e valem apenas para novos contratos. Este tipo de negócio representa 27% de todos os imóveis financiados em 2015 pela Caixa.

O SFH envolve operações com imóveis de até R$ 750 mil nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal; nos demais Estados, o valor é de R$ 650 mil.

Com essa mudança, o consumidor precisará arcar com uma entrada maior ao começar um financiamento da casa própria.

Por exemplo, um consumidor que queira comprar uma casa usada no valor de R$ 500 mil (que não faça parte do “Minha Casa” e sem usar dinheiro do FGTS), poderá financiar apenas 50% do valor total, ou seja, R$ 250 mil. Os outros R$ 250 mil terão que ser pagos à vista, na entrada.

As regras continuam iguais para operações usando recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ou pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, informa o banco.

IMÓVEIS NOVOS E POPULARES
A Caixa informou que seu foco neste ano será o financiamento de imóveis novos, com destaque para a habitação popular. O banco já aumentou duas vezes neste ano os juros para financiamento da casa própria. O último reajuste, em 13 de abril, foi de 0,3 ponto percentual em todas as formas de relacionamento com o banco. Nos financiamentos feitos pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH), a taxa balcão – para clientes sem relacionamento com o banco – subiu de 9,15% para 9,45% ao ano.

Os depósitos em poupança têm caído ao longo deste ano e batido recordes negativos. A diferença entre o que entrou na poupança e o que foi sacado está negativa em R$ 23,2 bilhões até março, no pior primeiro trimestre desde 1995.

Os bancos usam o dinheiro da poupança para financiar as operações imobiliárias do SFH. Assim, a Caixa está enfrentando um cenário difícil, com menos recursos para emprestar nesta modalidade de crédito.

CAEM CONTRATOS
De acordo com o Ministério das Cidades, o número de contratos de financiamento para imóveis na faixa para quem tem renda mensal de até R$ 1,6 mil do programa federal Minha Casa, Minha Vida caiu 72% entre 2013 e 2014 na RMC (Região Metropolitana de Campinas). De um ano para o outro, os contratos liberados na faixa 1 diminuíram de 7.540 para 2.112.

A faixa foi a única das três a cair tanto na região – os contratos na faixa 2, para quem ganha até R$ 3.275, caíram 12,6%, e na faixa três, para quem tem renda de até R$ 5 mil mensais, a baixa foi de 24,5%. Os números preliminares de 2015 são ainda piores até agora, pois nenhum contrato foi liberado na faixa 1 (nas outras duas faixas já foram 4.481 contratos).

O encarecimento do custo no mercado imobiliário, a crise econômica que afetou o País e a demora no lançamento de uma nova etapa do programa são apontados por especialista e profissional do ramo como fatores que influenciaram a queda. O governo não soube explicar a queda, mas diz que a terceira fase do programa será lançada “em breve”.

A queda na RMC acompanha o cenário nacional. No País, o número de contratos caiu 62,8% (de 539.129 para 200.289).

A assessoria da Caixa Econômica Federal informou que a redução na liberação de contratos ocorreu pela queda da própria demanda por obras nesse patamar. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, afirmou que a terceira fase do programa será lançada em breve, com três milhões de unidades a serem contratadas.

 

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