PADRE GOMES E AS 1ªs CAVALARIAS DE SANTO ANTÔNIO

Padre Gomes celebrava missa na Capela de Sto. Antônio da Faz. Sta Francisca do Camanducaia, sempre que convidado. Era amigo de Totó Valente e de seu administrador, Sr. Francisco Parizi, autênticos cristãos. Para homenagear o milagroso Santo surgiu o projeto de organizarem  uma cavalaria em sua homenagem.

Ambos convidaram os congregados marianos, fazendeiros, sitiantes, moradores da Vila que eram cavaleiros a fim de participarem da cavalgada. Convidou também o Pe. Astério Paschoal, experiente na organização de uma procissão de cavaleiros. Assim na Festa de Santo Antônio de 1949 aconteceu a 1ª Cavalaria. Ela saiu da referida capela, através de estradas rurais, com ordem e silêncio, em clima de Romaria passava por Guedes, desfilava diante da Estação Ferroviária e dirigia-se ao centro da Vila em aprimorado desfile cujo término acontecia na frente da Igreja Matriz, com estandartes da congregação Mariana, sob o repique dos sinos e espocar de rojões. O povo acorria ao centro histórico da Vila. Os moradores da zona rural já vinham com seus cavalos e suas famílias de charretes e cabriolés. Aqueles que tinham caminhão colocavam-no para trazer as famílias que residiam distante. Com muito respeito e, segundo costume da época, os cavaleiros organizadores e participantes trajavam paletó, fita de mariano ao colo e até gravata. Os Pais traziam consigo seus filhos cavaleiros.  Serafim Abib, o amigo de todos conhecido como “Chafi”subia até a torre da igreja.  Era advogado, foi fotógrafo, por ‘hobby,”mais tarde vereador.  Parecia sentir que através de sua Arte deixaria para a posteridade as fotografias da paisagem cultural de sua época tão carente de imagens. Assim fotografou nas décadas de 1940 e 1950 o centro do velho Jaguari. Nestas ocasiões  a praça central ficava apinhada de gente. O povo colocava seus trajes de festa e vinha assistir ao acontecimento. Os cavaleiros perfilados paravam diante da Igreja e viravam-se acolhendo a carroça toda enfeitada que trazia a imagem de Santo Antônio e o pároco, acompanhado dos coroinhas. Em seguida, por último, aproximava-se o carroção da Fazenda Santa Francisca puxado por fortes cavalos, conduzido por seu cocheiro. Nele vinham os músicos da banda com seus instrumentos  e o Maestro Paulo de Moraes Penteado. Após pregar sobre a vida do grande evangelizador, todos recebiam no mais profundo respeito a Bênção do Santíssimo Sacramento e o pãozinho bento de Sto. Antônio. Esta Cavalaria de Santo Antônio, procissão de cavaleiros, repetiu-se, segundo a tradição oral, nos anos 50 e 51, cada vez com mais participantes. Depois a cavalaria adormeceu até 1973. Voltou por pedido e iniciativa do Padre Gomes com ajuda do Chefe de estação e político Sr. Manoel Rodrigues Seixas que encontrou no Sr. Anísio de Aguiar seu grande sustentáculo por aproximadamente quarenta anos. Ele já tinha um grupo de cavaleiros e pagava promessa a N. Sra. Dos Remédios em Morungaba. Esta retomada já foi acolhida pelo Prefeito Francisco Xavier Santiago. E assim desenvolveu-se intensamente tornando-se parte do calendário turístico da cidade, como realização municipal. Trouxe cavaleiros e muladeiros com suas tropas da região, muitos carros de bois do Sul de Minas Gerais. Vieram grupos folclóricos como Congadas, Folias de reis. Trouxeram excelentes corporações musicais, fanfarras premiadas do estado, que sempre abrilhantaram o aguardado evento. Orquestra de violeiros acompanhavam a celebração de Missa no Centro cultural, a partir de 1991. Houve presença de TVs e gravação de novela. Acontece na segunda semana do mês de junho, próximo do dia 13, dia do patrono da cavalaria.  Silenciou na COVID 19, precisou diminuir seu ritmo, alterar trajeto  para melhorar sua  organização. Agora retoma-se a significativa tradição, patrimônio cultural imaterial, em sua 50ª edição.

Tomaz de Aquino Pires