Pecuária Sustentável e estradas são fundamentais para a manutenção de comunidades Pantaneiras, avalia ABPO
De acordo com Associação, sem infraestrutura, pantaneiros se aglomerarão em bairros pobres das cidades que margeiam o bioma
O Pantanal tem uma ocupação humana de mais de dois séculos, porém há relatos da presença de bovinos na planície que datam entre os anos de 1600 a 1700. As áreas privadas representam aproximadamente 95% do bioma, com cerca de 85% do território mantendo sua cobertura nativa. Com essa afirmação, o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta, defende o desenvolvimento do bioma, até hoje preservado pelos pantaneiros. Ele reforça dados do IBGE que sinalizam para uma área de 15 milhões de hectares dos quais 65% (9,73 milhões de ha) estão em Mato Grosso do Sul, ocupando 27% do território estadual.
“A pecuária está presente no Pantanal há mais de 300 anos, de forma sustentável, para que as próximas gerações tenham acesso aos recursos naturais que o bioma oferece. Para continuar com essas características, a ABPO desenvolve parcerias com instituições locais, nacionais e internacionais, com o objetivo de fornecer informações, tecnologia e estrutura para instruir e atualizar os pantaneiros sobre a produção sustentável”, explica o presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO).
A ABPO enfatiza que qualquer tipo de supressão ilegal no bioma não é aceita e deve ser punida. Segundo a associação, o próprio governo de Mato Grosso do Sul monitora o bioma 24 horas por dia, supervisionando ações ilegais que ocorrem no Pantanal.
“A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Informação (SEMADESC), além da fiscalização, promove, juntamente com nossa associação, a bonificação por meio do Protocolo da Carne Sustentável do Pantanal para aqueles que submetem sua produção aos requisitos de conservação e sustentabilidade do bioma. Isso valoriza as ações respaldadas pela lei e reforça o papel essencial do IMASUL, bem como o trabalho ágil da instituição na aplicação de multas a qualquer indivíduo que viole a legislação”, destaca Cruzetta.
Outro aspecto levantado pela ABPO diz respeito às estradas construídas no bioma, que conectam pontos importantes. Essa infraestrutura é fundamental, principalmente para as comunidades que vivem em áreas isoladas e muitas vezes precisam deixar o Pantanal para ter acesso prático a escolas, postos de saúde e serviços de assistência.
Leonardo Barros, criador pantaneiro e associado da ABPO, enfatiza que o Pantanal vai além das paisagens e animais, e seu povo precisa de cuidados e infraestrutura possíveis somente por meio do desenvolvimento sustentável do bioma.
“A construção de pontes e estradas, além de facilitar o acesso, também proporciona dignidade, educação, atendimento de saúde mais ágil, insumos para produção e qualidade de vida a todos que residem, conhecem e vivem do Pantanal. São dezenas de crianças e adultos que precisam ser privados do seu ambiente, do seu habitat, devido a necessidades básicas, sendo obrigados a deixar o Pantanal e a se aglomerar em guetos ou em bairros empobrecidos nas cidades vizinhas. O Pantanal não é apenas uma paisagem bonita, são pessoas que precisam de estrutura e do trabalho da pecuária sustentável e legal, como fazemos há 300 anos”, conclui Barros.
Sobre a ABPO
A Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO) foi criada em 2001 por pecuaristas brasileiros da região do Pantanal, com o objetivo de sistematizar sua produção para atender aos requisitos da Pecuária Orgânica Certificada, incorporando conceitos modernos de qualidade, responsabilidade social, ecologia e desenvolvimento sustentável.
Atualmente, a entidade conta com 130 associados que, por meio do Protocolo de Sustentabilidade e do Protocolo de Orgânicos, tornam a atividade mais rentável e sustentável, obedecendo a rigorosos requisitos de produção que envolvem principalmente a conservação do bioma.