PREFEITURA MUNICIPAL – O PRIMEIRO PRÉDIO: 1960

Construído na esquina da Rua Alfredo Bueno com José Alves Guedes, o imóvel foi o terceiro prédio que abrigou o Paço Municipal. Os prédios anteriores foram alugados. Foi construído oficialmente, a duras penas, com esta finalidade por volta de 1960, pelo segundo Prefeito Adone Bonetti, 1959-1962. Ao longo dos anos e administrações, o imóvel sofreu várias intervenções internas e ampliações para adaptar-se às necessidades de cada gestão, à medida em que a cidade crescia e os trabalhos aumentavam. Houve um grande respeito: a sua fachada, ela sempre permaneceu fiel ao período histórico de sua construção.

Ali se escreveu a história oficial de Jaguariúna por longo período. A municipalidade assustou-se, quando surgiu, de repente, uma alta muralha de concreto, destruindo parte do jardim com palmeiras e as escadarias da frente do prédio, destruindo o estiloso Gabinete de Prefeito. Este foi elegante salão reconstruído com arte, na gestão do Prefeito Prof. Antônio Maurício Hossri (1997-2000), pelo arquiteto Mílton R. Souto Bonel. Originalmente, nesta ala, havia sido a Câmara Municipal. Muitas pessoas procuraram a Casa da Memória a fim de reivindicar a preservação das linhas arquitetônicas originais.

Desejavam intensamente a manutenção da arquitetura da época, pois, nesse Paço Municipal, há mais de meio século, registram-se as administrações, enquanto a municipalidade, também através dele, tece a sua história, a sua cidadania. É um marco da memória de Jaguariúna. “Perder a memória de nosso passado é perder a nossa identidade.” “Um povo sem memória é um povo sem passado e sem futuro.” O lamento do povo foi altamente significativo, pois demonstrou que o moroso processo de conscientização sobre a necessidade de preservação do Patrimônio Histórico já havia se firmado na sociedade jaguariunense. “Vox populi, Vox Dei”. A voz do povo é a voz de Deus!

O interesse coletivo em preservar a história da municipalidade ali gravada, ali testemunhada pelos cidadãos fala muito mais alto. Nas décadas anteriores houve sorrateiras e furtivas demolições de prédios históricos com características arquitetônicas singulares. Por isso, a partir do final de 2012 os poderes Executivo e Legislativo aprovaram a legislação reivindicada pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico (CONPHAAJ) que tem o Poder de preservar o patrimônio cultural histórico e artístico defendido pelo interesse coletivo da comunidade. A Constituição Brasileira determina que tal observância seja assegurada pelos Poderes Públicos: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Embora houvesse consolidado o prejuízo estético quando se mutilou o prédio, em tempos seguidos, felizmente, determinou-se a derrubada daquela muralha contemporânea, anacrônica em termos arquitetônicos aos anos 60, que destruía o estilo do imóvel original. Mas ainda não foi dessa vez que se reconstituíram as duas escadarias com pingadeiras características dos prédios públicos daquela época. Houve a construção de rampas para os cadeirantes, que em termos estéticos deixaram muito a desejar. Aconteceu a construção de novas salas para atendimento público. É preciso o restauro exclusivo da fachada frontal do mesmo em sua íntegra. Quem sabe um dia será possível repor ambas as escadarias originais, repor as palmeiras. Nossos arquitetos e engenheiros do Planejamento têm competência técnica para entrada especial para os cadeirantes pela rua José Alves Guedes em nova construção de prédio moderno atrás da fachada frontal.

Internamente, não há nada que justifique sua preservação. Neste caso especial, sugerimos o modelo artístico de preservação, aquele que aconteceu com o Casarão do Café, na Avenida Andrade Neves, em Campinas. Seja possível ocorrer aqui. Será a preservação de um imóvel em seu grau mínimo, apenas a frente do mesmo, ou seja, Grau de Preservação 3 (GP3). Caso haja necessidade de ampliação do prédio, respeite-se a sua memória histórica, isto é, a sua fachada de frente. Atrás dela poder-se-ão subir mais dois pisos necessários para abrigar novos departamentos com funcionários exigidos pelo progresso do município, segundo reivindicações do CONPHAAJ para seu Híper Centro Histórico. Deve-se aproveitar todo aquele espaço ocioso de um quintal de prédio que nunca foi aproveitado.

Como diz Dr. Joaquim Sabaté Bel da Politécnica de Barcelona, preservação e progresso nunca são antagônicos. Tudo seja feito com inteligência e respeito à História, porque é a identidade de um povo e de uma cidade.

TOMAZ DE AQUINO PIRES