QUE DOR É ESSA?

Por Adriana Cruz

Você já ouviu falar em Estirão? Esse é o nome dado ao crescimento acelerado dos ossos e músculos. Em geral ele acontece na puberdade (mas algumas crianças o sentem bem antes) e dura em média de três a quatro anos. Nem todo mundo percebe e sente, fisicamente, que está crescendo, mas quem passa por isso nunca mais esquece porque é realmente bem desconfortável. Eu me lembro de procurar um médico para o meu filho ao se queixar dessa dor. Pense o quão traumático é para os nossos membros, de repente, começarem a “se mexer”, tomar novas formas, aumentar de tamanho, ganhar mais espaço. Definitivamente, crescer dói!

Se formos do campo físico para o emocional, não é diferente. Crescer emocionalmente também dói. Esse é um dos motivos pelos quais muita gente foge dos tratamentos terapêuticos de autoconhecimento, da expansão da mente e do crescimento. Quem encara o processo já pode ser considerado um vitorioso. É preciso coragem para enfrentar os dilemas, travas causadas na infância, limitações, resistências, crenças limitantes, compulsões e tantas outras questões que nos impedem de ser feliz.

Se você não está satisfeito com o rumo da sua vida, mas vive conformado, repetindo para si mesmo “não tem jeito, não tem solução”, preste atenção nas suas atitudes, cuidado com o tipo de alimento que tem dado a sua mente, com quem tem andado, em quem você tem se espelhado. Olhe a sua volta e observe se é exatamente a sua maneira de levar a vida que tem te colocado nesse lugar de conformismo. Se não fizer mais sentido agir como sempre agiu, mude, reaja. Como eu disse antes, se mexer é desconfortável, mas é necessário! Se não está doendo, então você não está crescendo. Na sua zona de conforto nada dói, mas também nada acontece. E você quer que nada aconteça? É uma escolha sua.

Essa semana uma cliente da Terapia me encheu de orgulho quando me contou sua reação diante de uma situação delicada. Ao enfrentar uma questão do passado que ainda a incomodava, ela teve coragem de se expor se despindo do orgulho que a acompanhava por toda a vida e fez isso sem criar muita expectativa. Apenas sentiu que precisava abrir seu coração para uma determinada pessoa, reconhecer seus erros e enfrentar um grande inimigo: sua própria arrogância. O objetivo era estancar uma ferida. Porém percebeu que essa atitude desencadeou uma tristeza profunda e, consequentemente, a oportunidade de muitas reflexões. Então ela se permitiu sentir essa tristeza (que há muitos anos não se permitia sentir), observou seus sentimentos e avaliou duas possibilidades: se apegar a essa dor e se lastimar, ou tirar uma lição de tudo isso. Optou pela segunda alterativa e levantou na manhã seguinte pronta para viver uma nova fase, muito mais leve e feliz. Foi uma questão de opção e atitude. E sabe o que é mais incrível? O crescimento emocional lhe permitiu olhar por um outro ângulo todo aquele contexto, a ponto de compreender que muitas convicções que nutria, faziam sentido somente na sua mente e que nem tudo era tão real assim. Ou seja, as percepções mudaram. “Foi como soltar no meio da estrada um peso de uma mala cheia de aspirações, ideais, sentimentos e até idolatria que eu tinha por outras pessoas, e que agora passaram a não fazer mais sentido”, comentou ela. Ouvindo isso eu soube que ela havia suportado a dor, havia crescido, não era mais uma menina assustava cheia de medos e dependência emocional. Sua fase de Estirão havia chegado ao fim.

E você, tem coragem de fazer o mesmo? Enfrentar seus medos, se permitir sentir dor, chorar se for preciso, mas sair do outro lado muito mais forte? Logicamente que isso não é fácil já que a nossa mente quer nos privar do sofrimento. Para nos proteger ela nos desestimula a enfrentar um cenário desconhecido ou um terreno cheio de desafios e de fortes emoções. Por isso, quando começamos a agir diferente do habitual, logo desaminamos. Num dia acordamos decididos a enfrentar tudo, mudar a rota, comer melhor, exercitar o corpo, começar aquelas meditações que são essenciais, praticar a gratidão e os pensamentos positivos, tentamos ser mais honestos com os outros e principalmente com a gente, mas no dia seguinte vai tudo por água a baixo. É muita mudança para uma mente tão mal-acostumada, não é? Pois nessas horas é que distinguimos os adultos das crianças, quem é forte para persistir e quem se entrega e desiste. Portanto, se você está disposto a enfrentar o crescimento, mesmo que doa, seguem algumas dicas:

– Observe todo e qualquer sentimento que esteja te incomodando;

– Chame esses sentimentos “para um café” e seja franco nessa conversa;

– Olhe a sua experiência de vida e se orgulhe de tudo o que já passou e venceu;

– Reúna forças de onde você nem imagina ter (porque você tem) e enfrente;

Adriana Cruz é  Terapeuta, Jornalista e Palestrante

– Especialista em:

– Transtornos Emocionais, pelo método TRG;

– Leitura Corporal;

– Técnicas de Neurociência

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