Roda de conversa em Agroecologia debate dimensões educacionais na perspectiva do desenvolvimento territorial sustentável
Foto: Paula Packer
Para celebrar o Dia Internacional da Agricultura Familiar, em 24 de julho foi realizada a primeira edição do ciclo de Rodas de Conversas em Agroecologia, com o tema inaugural “Agroecologia e educação: semeando conhecimentos para futuros sustentáveis”. Para enriquecer o debate, a equipe organizadora convidou Marcos Sorrentino, diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marcos Sorrentino, e Valquíria Garrote, docente do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Acre. O evento contou com a participação de 40 pessoas, incluindo membros da comunidade interna da Embrapa Meio Ambiente e de instituições parceiras da Rede de Agroecologia do Leste Paulista, representativas da agricultura familiar, prefeituras municipais, organizações não-governamentais, pesquisa agropecuária, ensino universitário e extensão rural.
Primeiramente, os convidados falaram sobre temas relacionados às suas trajetórias profissionais, abordando a temática da roda de conversa. Em destaque, aspectos conceituais e de princípios que consideram centrais no tema da agroecologia, assim como a dimensão educacional como vetor fundamental para mudanças estruturais na promoção do desenvolvimento territorial rural em bases sustentáveis. “No meu ponto de vista, a agroecologia tem relação com uma educação popular, um compromisso com a biodiversidade e, acima de tudo, uma oportunidade de conexão entre pessoas, entre saberes e com as dimensões do existir. Os dilemas que vivemos são enormes na questão da continuidade da humanidade e a agroecologia é uma oportunidade de enfrentarmos esses desafios”, disse Marcos Sorrentino.
Ainda nesse primeiro bloco, foram consideradas formas de implementar mudanças de paradigma, para que o desenvolvimento rural (promotor de conservação dos recursos naturais, geração de renda e justiça social) vir a ocorrer efetivamente no Brasil. Para que isso ocorra, torna-se fundamental a implementação de políticas públicas convergentes com processos de transição agroecológica, na emergência de sociedades sustentáveis.
No segundo bloco da roda de conversa, participantes do evento iniciaram a sessão de debates. Apresentaram a necessidade de esforços para promover o diálogo na sociedade, com bases em princípios educativos. De modo a possibilitar o entendimento da crise planetária na qual nos encontramos e da urgência de mudanças estruturais do modo de ser e estar na nossa sociedade, de forma mais justa e fraterna com as pessoas e a natureza em geral. Foram destacadas as iniciativas efetivas, na forma de mobilizações para que a agroecologia possa se fazer cada vez mais presente nos territórios, a partir da participação da sociedade, especialmente do fortalecimento da agricultura familiar agroecológica.
Ao final da roda de conversa, houve o entendimento coletivo quanto à riqueza dos temas abordados, cujos debates foram iniciados e precisam ser continuados. Foi estabelecido o compromisso de relatar as principais questões tratadas durante o evento, divulgar aos participantes e gerar uma nova rodada de interação, para aprofundar os assuntos ali considerados. Para encerrar o evento, foi anunciada pela comissão organizadora a próxima edição da Roda de Conversa em Agroecologia: às 14h do dia 7 de agosto, com o convidado Romeu Mattos Leite, do Instituto Brasil Orgânico.
De acordo com Bruno Scarazatti, analista da Embrapa Meio Ambiente e um dos coordenadores do evento, essa é a primeira de uma série de encontros que a equipe planeja realizar. “As discussões geradas na roda de conversa transcenderam as questões relacionadas a produção de alimentos saudáveis, e foram em direção de sugestões e propostas para o fortalecimento dos movimentos que buscam as mudanças necessárias no campo e na cidade, alinhadas com os princípios da sustentabilidade socioambientall”, disse.
Para Paula Packer, chefe da Embrapa Meio Ambiente, o direcionamento do momento é olhar para alimentos saudáveis. “A produção de alimentos saudáveis deve ser adaptada considerando a ecologia da paisagem do ecossistema de produção, levando em conta os três eixos que afetam o planeta atualmente: mudanças climáticas, poluição e perda de biodiversidade”.