VIVER É SEMPRE A MELHOR ESCOLHA

Estamos em setembro, o Mês Oficial da Prevenção ao Suicídio, mas durante todo o ano instituições de saúde alertam sobre a importância do tema que já é considerado questão de Saúde Pública. Segundo a OMS, embora os números estejam diminuindo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência mundial com índices que não param de crescer. Todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária, câncer de mama, ou ainda vítimas de homicídios ou guerras.

Anualmente mais de 700 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Com os episódios subnotificados estima-se que chegue a 1 milhão por ano. No Brasil, já são quase 14 mil, representando uma média de 38 pessoas por dia.

Os motivos que levam ao suicídio não escolhem classe social, etnia ou faixa etária, porém entre os adolescentes o gráfico é crescente. O Ministério da Saúde, entre 2016 e 2021 detectou um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. Porém as taxas entre os homens são geralmente maiores em países de alta renda (16,6% por 100 mil), enquanto que entre as mulheres as taxas de suicídio são maiores em países de baixa ou média renda (7,1% por 100 mil).

Sabe-se que praticamente 100% dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. Entre os principais podemos destacar: a esquizofrenia, transtornos de personalidade (como o Boderline), compulsão por uso de álcool e outras drogas e, em disparado, os transtornos de humor (como a Bipolaridade). Lembrando que os bipolares não apenas oscilam entre o estado feliz e o triste, e sim apresentam uma disparidade extrema entre a depressão profunda e a euforia. E é, exatamente nesses momentos de euforia, quando eles mais se sentem “poderosos e imbatíveis”, que perdem a consciência e agem por impulsividade, tirando a própria vida.

A maioria dos casos pode ser evitado com acesso a tratamentos e informações de qualidade. Portanto é de extrema importância que todos fiquem atentos, que falem, que se envolvam mais e aprendam a perceber os seus próprios sinais e os de quem está em volta. Por exemplo, aqueles que necessitam sempre se mostrar sorridentes, perfeitos e felizes (inclusive nas redes sociais) podem estar escondendo distúrbios ou dores emocionais, que se forem encaradas, podem evitar sofrimento futuro e atitudes extremas. Por isso não é raro alguém se suicidar e os amigos se surpreenderem dizendo: “mas ontem mesmo ele parecia tão bem”!

Infelizmente tem sido comum, como uma obrigação velada, o fardo de dar certo, ser legal, estar bem a todo momento. Mas, e quando algo não acontece como imaginávamos, o que fazer com a frustração? Pois muita gente não sabe e nessa hora cai num desespero que parece não ter solução. Então que tal começarmos a observar o que tem por trás das máscaras – das nossas e dos outros? Quanto mais os traumas, os transtornos e o ato desesperado do suicídio deixarem de ser tabus, será possível entender melhor as necessidades daqueles que muitas vezes sofrem em silêncio.

Enquanto alguns guardam para si outros, num momento de extrema tristeza ou depressão, expressam a vontade de morrer.  Se você ouvir isso de alguém, entenda que essa pessoa não quer apenas chamar a atenção, como muita gente diz por aí. Realmente ela está precisando de atenção, mas não pela necessidade dos holofotes, mas sim porque foi o jeito que ela encontrou de pedir socorro.

As pessoas quando estão em profunda depressão dizendo não ver sentido em nada, normalmente não estão conseguindo ver cor na vida, como se tivessem um filtro ou uma lente nos olhos que distorce a realidade.  Então se você é daqueles que diz: “isso é falta do que fazer”, “ela precisa de um tanque de roupa para lavar”, ou “ele quer se fazer de coitadinho”, então, além de precisar se informar melhor, talvez você também precise tratar suas questões emocionais e buscar entender essa falta de empatia e intolerância.

Se alguém estiver falando em se matar, saiba como começar a ajudar:

– Escute, demonstre empatia e não faça julgamentos;

– Diga frases como: “estou aqui para ajudar”, “conte comigo”;

– Se possível não deixe essa pessoa muito sozinha;

– Ajude-a a evitar ambientes e pessoas toxicas e exposição a bebidas e outras drogas;