VOCÊ APROVEITA O PERCURSO?
Adriana Cruz
Sabe quando a estrada permite alta velocidade e então a gente acelera e, mesmo sem pressa, continua acelerando porque já é costume dirigir assim? Quantas vezes erramos o local que deveríamos entrar ou deixamos de ler uma placa importante porque estava rápido demais? Você já passou por isso? Em outros aspectos da nossa vida isso também acontece. Na loucura do dia a dia o tempo passa diante dos nossos olhos e nem conseguimos aproveitar o percurso.
Os relacionamentos com filhos, companheiros, pais, irmãos, amigos, assim como as placas na estrada, também sinalizam, nos dão alertas, mas a gente não consegue perceber. Muitas vezes são informações importantes que fariam a nossa “viagem” ser mais feliz, mas simplesmente a gente ignora, porque não tem tempo pra reparar em nada nem em ninguém.
Quantas vezes já atendi em terapia pessoas que expressavam um profundo arrependimento por não terem aproveitado mais a família, nem dado a atenção devida àqueles que realmente importavam ou ainda por nunca terem tirado as merecidas férias? Já perdi as contas das vezes em que ouvi “Ah, se eu pudesse voltar no tempo…”! Essas pessoas hoje sabem que pode não existir um retorno no caminho e, quando existe, pode não fazer mais sentido retornar.
Portanto, ao invés de olhar no retrovisor sempre se lamentando do que ficou para trás, ou continuar pisando fundo só porque já virou um hábito, que tal – agora – desacelerar?
Crie o hábito de olhar mais nos olhos de quem você ama, prestar mais atenção aos detalhes das pessoas, falar menos, ouvir mais (principalmente as histórias das crianças e dos mais velhos, porque sempre há o que aprender com eles). Desacelerar também é parar de reagir – instintivamente – e passar a agir – racionalmente. E como se faz isso? Por exemplo, ao sentir vontade de responder a uma provocação, você simplesmente se cala, respira fundo e pensa se realmente vale a pena. Às vezes na pressa de rebater, falamos bobagem e depois nos arrependemos. Desacelerar também é se conhecer e aprender a dar tempo ao tempo quando algo não sai como planejamos. Desacelerar é ir com calma, cobrando menos de nós, respeitando nossos limites.
Quem já saltou de um avião sabe que os segundos da queda livre é uma descarga alucinante de adrenalina, mas somente nos momentos seguintes, depois que o paraquedas se abre e desaceleramos bruscamente, é que conseguimos aproveitar a aventura sentindo o vento no rosto, curtindo a paisagem linda lá de cima. Nessa hora é tão natural se dar conta do quanto somos pequenos na imensidão e de quão frágil é a nossa vida! Viver acelerado é estar condicionado a adrenalina dessa queda livre e não viver plenamente o que a vida nos oferece.
Um indivíduo acelerado é ansioso e traz no seu inconsciente um registro de medo que o prende ao passado ao mesmo tempo em que ele tenta controlar o que vai acontecer lá na frente. É a falsa ilusão de que, se ele se antecipar aos fatos, nada de ruim pode lhe acontecer. É querer chegar logo, mas nem saber ao certo porque está seguindo nessa direção. Então mais uma vez eu repito: que tal desacelerar?
Você pode se permitir ficar ocioso também de vez em quando, sabia? A mente também precisa de descanso e de lazer para conseguir pensar e ter clareza para resolver o que for preciso. A mente acelerada causa estafa mental que, por sua vez, pode desencadear diversos transtornos emocionais como por exemplo compulsão, vícios e depressão, além de problemas de saúde como doenças cardíacas, hipertensão, AVC, disfunção sexual, diabetes, obesidade, entre tantos outros. Portanto pela terceira vez vou repetir, porque é de extrema urgência: DESACELERE!
Aproveite o final de semana e tente fazer algo diferente. Que tal observar melhor a sua região? Se você é do interior, desfrute o clima, o cheiro, as cores, a culinária e o jeitinho de ser desse povo. Muita gente da capital dá tanto valor para isso e você, tendo tudo no “quintal de casa”, ainda não acordou para ver?
São municípios cheios de charme e com tantas atividades, algumas inclusive gratuitas, então é só aproveitar. Talvez seja o momento de sair a pé, cumprimentar as pessoas com calma, sem pressa, tomar um sorvete sem olhar no relógio ou no celular, rever aquele amigo ou amiga que você gosta e botar o papo em dia. As estradas são maravilhosas e você pode também dar um pulinho numa cidade vizinha, sem nada em mente, só para conferir as novidades. Se nada disso te despertou interesse, pense no que faz sentido para você. Talvez ficar em casa mesmo, aproveitar para arrumar os armários e doar o que não lhe serve mais. Ou mexer nas plantas, deixar a casa mais cheirosa, ver um filminho largado no sofá, ler um bom livro ou o que for prazeroso pra você. O importante é tirar o pé do freio, aprender aos poucos a curtir o momento presente e sentir cada segundo dessa viagem que passa rápido demais!
Um bom final de semana – desacelerado – e até a próxima!
Adriana Cruz
Terapeuta, Jornalista e Palestrante
– Especialista em:
– Transtornos Emocionais, pelo método TRG;
– Leitura Corporal;
– Técnicas de Neurociência
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Atendimento presencial e online
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