Atenção para o detalhe
*José Renato Nalini
Os preocupados com o futuro têm a tendência de se aterem ao cenário macro e desprezar o foco no micro. Entretanto, é talvez nas pequenas coisas que esteja a alternativa em épocas de profunda crise como aquela em que estamos imersos.
Há um consenso de que a Quarta Revolução Industrial vai extinguir inúmeras profissões. Aquelas que surgirão em seu lugar, oferecem dilemas aparentemente insolúveis. São em número infinitamente menor e reclamam formação infinitamente superior. Aquela ainda inexistente na escola brasileira.
Ocorre que talvez a resposta para o desemprego, a informalidade e a desocupação, possa estar no detalhe. Um exemplo é o turismo doméstico. A viagem ao redor do planeta está por ora descartada. Os países ainda proíbem a chegada de brasileiros que não se precaveram e multiplicaram as mortes causadas pela peste, porque não houve alerta geral, nem se levou a sério a recomendação cautelar da ciência.
Então o destino do turista é o próprio Brasil. Como as pessoas não conseguem ficar paradas, vão continuar fazendo seus fins de semana. Podem ser chamadas a prestigiar recantos pitorescos bem próximos à sua residência. Não há cidade paulista que não possua atrações turísticas. Pode ser a gastronomia, a agricultura, a floricultura, a História, a religião, o folclore, o artesanato.
É a hora de recuperar as receitas tradicionais, fazer aqueles doces que encantavam as crianças de antigamente, prepará-los com carinho e oferecer o produto em atraentes embalagens. Tudo se compra quando se viaja. É hora de fazer concursos de pratos típicos, de ensinar mais gente a fazer crochê, tricô, frivolité, renda, bordado. Promover visitas em propriedades rurais. O turismo no campo é um chamariz em todo o mundo.
Conhecer uma propriedade que ainda mantenha alguma tradição. Servir uma refeição característica àquela região. Propiciar a oportunidade de colher frutas no pomar e escolher suas verduras e legumes no próprio canteiro.
Há muita gente que gostaria de se entregar a uma atividade saudável e rentável como esses exemplos de múltiplas oportunidades abertas com o turismo doméstico. O que é preciso é ter a audácia da criatividade, da ousadia, a inovação, do empreendedorismo e da coragem.
Quando parece que o mundo é adverso, é no detalhe que a solução pode ser encontrada. Mas, para isso, é preciso olhos atentos. Olhos capazes de enxergar.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.