Tempos de Guerra

Por Gabriel Montenegro

Professor e Psicólogo

Uma prática muito comum entre amigos, pessoas mais chegadas ou até parentes é minimizar uma preocupação com uma pequena frase: “fica em paz”. Numa noite de pipoca e filme entre amigos, quando se divide a conta por igual para todos, e um dos amigos está sem grana, chega num canto e diz: “Faz a minha e depois faço o pix pra você, me ajuda nessa, tô sem grana por
agora…”, a resposta imediata muitas vezes é: “fica em paz, quando der você acerta” alguns até nem se preocupam com a devolução do dinheiro mas apenas com a satisfação da companhia. Pois é, nosso desejo mais saudável em nossas relações diárias é sempre por PAZ, “vá em paz”, “fique em paz”, nunca em guerra. Imaginando o mesmo exemplo citado da reunião entre amigos, e se lança um desejo de “fica em guerra”, seria minimamente confuso, não acha?

Estamos como sociedade novamente numa eminente ameaça de guerra, a Rússia contra a Ucrânia. Num esforço raso diria eu que a guerra sempre se fez presente no século 21, imagens da Faixa de Gaza sempre acompanham os telejornais e se tornam notícias corriqueiras, mas agora uma guerra que beira a um avanço significativo em escala mundial nos deixa tensos e inconformados com a capacidade de líderes (sejam eles quais forem) de sempre querer resolver problemas com a atividade de morte de inocentes. Já dizia Sigmund Freud “o neurótico repete, em vez de se lembrar”, a neurose é um conjunto de problemas psicológicos que afetam as reações e relações cotidianas, lidamos com uma infinidade de neuroses no nosso dia a dia. E a guerra sem dúvidas é parte gigantesca de um dos maiores males da nossa sociedade: a busca insaciável pelo poder.

Dominar e ter vantagem sobre tudo e todos e em todo momento, quem de nós já não se viu refém desse desejo? Mesmo que em pequena escala, almejamos um dia o poder. São ideias primitivas, sentimentos iniciais que estimulam quando não controlados outras tantas atividades perversas em nossas relações sociais. Gerar um comportamento de conforto deveria ser a busca entre nós, esse comportamento saudável está em busca de reduzir nossas tensões diárias. De que maneira, diria você? Fazendo o que
muitos chama de mínimo, mas que se observamos melhor fazer o mínimo se torna o máximo.

Ajudar, servir, ouvir e criar empatia, procurar a paz em nós através daquilo que temos e somos, com nossas qualidades para ajudar e não pra ferir. A vida de cada um se move rumo à morte natural. No entanto o objetivo da atividade mental é reduzir as tensões provocadas por elementos externos e elementos internos maldosos (traumas, decepções e etc). Cabe a nós individualmente entender o quanto podemos nos ajudar e reproduzir incansavelmente atitudes de paz e não de guerra. Enquanto isso, nem Rússia nem Ucrânia quem morre são pessoas. No menor sintoma de violência procure ajuda.

 

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