Felipe Magaldi Suguihura: paixão pelo esporte nasceu ainda na infância com o incentivo do pai

Crédito: Arquivo Pessoal

Professor de práticas esportivas da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Campinas, ele se dedica a várias modalidades, que foi descobrindo ao longo da vida

A Educação Física é uma área que trabalha para introduzir o ser humano na cultura do movimento, contribuindo para todos os aspectos da vida, biológico, emocional, social e cognitivo. Para isso, propõe uma série de atividades planejadas para a promoção do condicionamento físico de crianças, jovens, adultos e idosos, sendo importante para colaborar tanto com a saúde física quanto mental, auxiliando que uma pessoa tenha muito mais qualidade, saúde e bem-estar. Mas, para que isso aconteça, é preciso contar com o trabalho de profissionais qualificados e dedicados, que muitas vezes até precisaram romper paradigmas, a exemplo do servidor público Felipe Magaldi Suguihura, professor de práticas esportivas da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Campinas.

Era de se esperar que Felipe, sendo filho de um casal da área de saúde _ o pai é o médico ginecologista (Roberto Satoshi Suguihura) e a mãe, a biomédica Monica Magaldi Suguihura _, seguiria os passos dos pais. Ou, ainda, por carregar a marca da ascendência oriental, com facilidade para exatas, percorreria o mesmo caminho já trilhado pelo irmão mais velho nos campos da engenharia. Só que uma referência, um estímulo e uma sementinha plantada lá na infância, mudaram toda uma trajetória que hoje está diretamente ligada à vida esportiva de 300 alunos.

 

A Semente do esporte

Felipe nasceu em Bebedouro, interior de São Paulo, em 1980, mas durante os seus seis primeiros anos de vida residiu em outra cidade, Tupã. A família regressou para Bebedouro, onde Felipe permaneceu até ir para a faculdade.

Foi o pai, dr. Roberto Suguihura, o primeiro a dar exemplo da prática esportiva para os filhos. Nos fins de tarde, levava a turminha  para o Clube dos Médicos, assistir seus jogos de vôlei. Mesmo o pai sendo descendente de orientais e com baixa estatura, isso nunca foi um empecilho para praticar este esporte. E também foi o pai de Felipe que o ensinou a nadar, aos 6 anos de idade, pronto, semente da prática esportiva e da competitividade lançadas.

Felipe cresceu naquela escadinha típica entre os irmãos, sendo a diferença entre eles de um até dois anos: Maurício, o irmão mais velho, ele o segundo, depois veio a irmã, Ana Luiza, e o caçula André. Tinha infância com a família e primos distantes, mas foi privilegiada com uma casa de quintal grande que permitia muitas brincadeiras. Como Bebedouro era uma cidade pequena, tudo se fazia a pé, eles tinham muita liberdade para ir ao clube e escola. Estudou no colégio das freiras “Anjo da Guarda”, se destacava pelas boas notas, principalmente na área de exatas, e também pela dedicação nas aulas de educação física, praticando todas as modalidades (natação, basquete, vôlei e handebol).

Aos 10 anos, com a chegada no clube do professor Carlos Eduardo Rodrigues, a natação foi virando coisa séria, os treinos tomaram outra configuração e quando Felipe percebeu as competições passaram a fazer parte da sua alegria. Até os 17 anos era regrado no treino.  Gostava muito de se desafiar, participou do Projeto Nadar do Estado de SP; do troféu Gustavo Borges, em que foi até finalista. Felipe confessa que ficava muito nervoso. “Competir me ajudou a trilhar em concursos, em projetos e na minha vida”, conta.

 

Rompendo paradigmas 

Trazer estampado no rosto a ascendência oriental, toda uma facilidade para a área de exatas e a influência do irmão mais velho, já cursando a faculdade de Engenharia de Produção na Universidade Federal em São Carlos, foi o que Felipe precisava para manter o padrão, prestar o vestibular e seguir a mesma faculdade. “Mas acontece que no primeiro ano enfrentei muitas greves e voltei para Bebedouro inúmeras vezes. Nesse período, retomei os treinos de natação e fui ser monitor no clube para turmas menores. E percebi: esse cenário é para mim”, relembra sobre o momento de decisão.

Felipe chega a terminar o segundo ano do curso, mas tranca a faculdade, volta definitivamente para Bebedouro e começa a trabalhar no clube que treinava e competia. Decide então prestar a faculdade de Educação Física e ingressa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2001.

Nos primeiros anos de faculdade, já sentiu que estava no caminho certo, porque dentro da Unicamp teve como inspiração e referência para a área de licenciatura, a professora Carmem Lúcia Soares, a conhecida professora Carminha. Ela trouxe a inovação para a história da ginástica. Na pedagogia dos esportes, o modelo foi o professor Roberto Paes.

Felipe se formou em licenciatura e bacharelado pela Unicamp. Aperfeiçoou-se em Estudos da História da Educação Física, com aprofundamento nas Técnicas e Fundamentos dos Treinamentos Esportivos, e escolheu a modalidade de beisebol. Ainda nesse período, passou no concurso de professor do Estado.

Nesta função, atuou por cinco anos. Foi nesse momento em que conheceu Marta Lopes, professora de educação física no Estado, que trabalhava com badminton no CDU do Padre Anchieta. Marta apresentou a modalidade, Felipe se encantou, começou acompanhar, praticar e voltou a competir. Casou-se com Marta e resgatou a veia competitiva adormecida.

O casal Felipe e Marta pede exoneração do Estado em 2012 e juntos fundam a Associação Esportiva Sankalp, com projeto contemplado pelo Fundo de Investimentos Esportivos de Campinas (FIEC), edital de 2012, para eventos e projetos esportivos, além de divulgar o badminton.

Diversidade de modalidades

Felipe é servidor público da Prefeitura Municipal de Campinas desde 2018, onde exerce a função de instrutor de Práticas Esportivas. Ele defende que a educação física faz grande diferença para a vida do aluno, não apenas ao criar o hábito da prática esportiva tradicional, mas através de modalidades diferentes como arte, dança, natação, hidroginástica, tênis e badminton. “Essas práticas esportivas são capazes de vencer o vício de horas de uso do celular e contribuem para o desenvolvimento físico, melhorando performance nos estudos e até em habilidades socioemocionais, como autonomia e autoconfiança”, destaca Felipe.

Felipe tem seu dia a dia como se fosse uma competição, precisa de preparo e muito fôlego para  atender com excelência os 300 alunos. Ele atua em três espaços esportivos. No Barracão São José, nas manhãs de segundas-feiras, treino de Badminton e aula de hidroginástica para adulto/idoso. Nas terças e quintas-feiras, no período da tarde, badminton para crianças e iniciação cognitiva.

No Clube João do Pulo, às quartas e sextas-feiras, de manhã, ginástica e hidroginástica, adulto/idoso. Natação infantil, duas turmas, e no final da tarde, hidroginástica. Aos sábados, natação adulto e aperfeiçoamento com as crianças/projeto competições

No Jardim Capivari, de manhã, às terças e quintas-feiras, ginástica, vôlei adaptado e hidroginástica.

Felipe ressalta que para poder desenvolver ações municipais efetivas, é preciso se pensar numa rede de conexões entre esportes, educação e saúde. Como os alunos passarão a ficar de forma integral, as escolas do futuro terão que proporcionar espaços multidisciplinares projetados para promover esporte, cultura, lazer, educação com qualidade e diferenciais.