PATRIMÔNIOS NO CENTRO HISTÓRICO DE JAGUARIÚNA
Na gestão do 1º prefeito Quinzinho Pires, a cidade menina não tinha um Posto de Saúde. Alugou-se uma casa na Rua Sílvia Bueno e contratou-se um médico pago pelo Estado, em 1955. Precisava de um Posto de Puericultura que atendesse exclusivamente as crianças. Em 1956, o prefeito conseguiu terreno e prédio com seu amigo, proprietário das fazendas Capim Fino e Cafezal, Dr. Sebastião Paes de Almeida. Ele era Ministro da Fazenda do Presidente Juscelino Kubstcheck. Por isso a Câmara chamou-o Posto de Puericultura D. Diva Paes de Almeida.
Em 1970, o 5º Prefeito, Francisco X. Santiago sentiu necessidade de ampliação do mesmo. Transformou-o em suntuoso prédio para abrigar no andar superior a Câmara Municipal, e no térreo, a recém criada Biblioteca, os Correios. Havia nele sala para a Corporação Musical de Jaguariúna. Aos poucos as administrações sucessivas foram tecendo nova paisagem cultural para o belíssimo prédio. Foi, posteriormente Pronto Socorro e Secretaria de Saúde. Por fim ocupado exclusivamente pela Câmara Municipal. Havia farta entrada para a Rua Alfredo Bueno. Isto sinalizava que era prédio público que atenderia o povo em suas necessidades e reivindicações: função essencial de Casa Legislativa que tem os Vereadores eleitos pelo Povo para defesa e proteção da respectiva comunidade.
Nunca fora criada para defesa de interesses imobiliários. Até a década de 1960 os vereadores não eram remunerados. Um jardim com gramado e palmeiras decorava a frente com o local dos pavilhões à sua esquerda. Fachada com tijolo à vista e molduras brancas. No terreno ao lado o segundo prefeito, Adone Bonetti, constrói o primeiro prédio próprio para o Posto de Saúde. Hoje, Centro Odontológico Municipal. Ao lado o prédio mais antigo, pertenceu a paróquia de Santa Maria. No alto terreno um padre baiano, Mílton Santana, construiu o 1º Salão Paroquial para a igreja. Foi inaugurado em 08 de dezembro de 1940, chamado Salão dos Marianos. Grande solenidade que trouxe à Vila de Jaguari religiosos de toda a Diocese de Campinas. Local para atividades sociais e religiosas da Igreja: Reuniões, catequese, Teatro com moças e moços das associações religiosas.
Na década de 1940 foi Escola Católica de Catequese e Alfabetização. Padre Mariano Camargo contratou a prof.ª Dona Hermínia que preparava as crianças para a 1ª eucaristia e alfabetizava. Desta escola os alunos ingressavam no 2º ano do Grupo Escolar. O imóvel ficou abandonado. Nos anos 1990 foi comprado pela Prefeitura. Foi reformado e ali instalou-se o Posto de Saúde do centro da cidade. A administração municipal sensível à história do imóvel dotou-lhe de majestosa escadaria, ornamentando tal paisagem cultural. O prédio foi ampliado e mal-acabada rampa para cadeirantes fez desaparecer o citado ornamento. Cumpre reconstituí-lo. Terminando a frente desta quadra encontra-se o primeiro prédio da Prefeitura Municipal construído, com muita economia e planejamento, pelo 2º prefeito, Adone Bonetti em 1960.
Sua frente chama a atenção pelas largas escadarias próprias da época com pingadeiras, imóvel circundado por baixos muros e frente muito bem cuidada, com jardim gramado e palmeiras que não mais estão lá. Este imóvel permaneceu até o momento atual, com muita história, acompanhando o progresso da cidade. O local sofreu, no século XXI, sérias interferências arquitetônicas em sua fachada. Cumpre restaurá-la integralmente. Seu interior, embora tenha apresentado um fino gabinete, obra de muito bom arquiteto, necessita internamente de nova construção. Porém a fachada dos anos 60 deve ser, após reconstituição e restauro, preservada, pois representa a construção histórica de Jaguariúna desde a segunda gestão da emancipação Política.
Varrer toda esta história da Rua Alfredo Bueno é negar ao cidadão o direito de lembrar e/ou conhecer a sua história. É puro ato de vandalismo para favorecimento de vaidade humana e de construtores de edifícios a demolição destes quatro prédios. Quando a arrecadação de um Parque Industrial é farta, restaura-se, em primeiro lugar, o histórico e constrói-se o patrimônio de amanhã em outros sítios. Não se concebem mais vandalismos!
Tomaz de Aquino Pires