Depois da dengue, agora é a vez do chikungunya
Os dois casos importados de chikungunya confirmados pela Prefeitura de Limeira no último dia 22, mais os dois que já haviam sido notificados pelos CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de Estado da Saúde no município de Campinas, devem colocar os demais municípios da região em alerta. Em todos os casos, a doença não foi contraída no próprio município: as duas pessoas que moram em Limeira tinham viajado para a Venezuela, e os dois casos de Campinas referem-se a soldados do Exército Brasileiro que voltaram de missão no Haiti.
No Brasil, de acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, até 18 de outubro haviam sido notificados 1.750 casos autóctones suspeitos de febre de chikungunya. Destes casos autóctones suspeitos, 682 foram confirmados, 114 (6,5%) foram descartados e 954 (54,5%) continuam em investigação.
Dos 954 casos em investigação, 143 são do município de Oiapoque/AP, 97 de Riachão do Jacuípe/BA, 648 de Feira de Santana/BA e 66 de outros municípios da Bahia, que ainda poderão ser confirmados ou descartados.
Das 17 pessoas foram diagnosticadas com o vírus no estado de São Paulo, conforme a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, todas as ocorrências foram confirmadas em soldados que vieram do Haiti.
O vírus pode ser transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos transmissores da dengue. Os sintomas iniciais são febre alta (mais de 38,5 ºC), dores intensas nas articulações de pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, dores de cabeça, dores nas costas e pelo corpo, náusea, vômito, dores musculares, manchas vermelhas na pele e conjutivite.
Na avaliação do médico Pedro Tauil, doutor em medicina tropical e professor da UnB, o chikungunya chegou ao país para ficar. O médico adiantou que, por ter os mesmos vetores, a febre chikungunya deverá ter a mesma sazonalidade da dengue, ou seja, o período das chuvas será de picos de transmissão da doença.
Apesar das semelhanças com o vírus da dengue, Pedro Tauil esclareceu que a nova doença mata muito menos que a dengue, já que, apesar dos mesmos sintomas, são raras as vezes em que apresenta casos com hemorragia. A maioria dos pacientes melhora depois de 7 a 10 dias, mas, diferentemente da dengue, uma parte dos indivíduos infectados pode desenvolver a forma crônica da doença, com a permanência dos sintomas, que podem durar entre 6 meses e 1 ano.
Até o fim de outubro, o governo federal, em parceria com estados e municípios, deverá concluir o Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti. O objetivo é identificar as larvas dos mosquitos Aedes egypti e Aedes albopictus, os focos e depósitos de água onde foram encontrados.
Desde a confirmação de casos da febre chikungunya no Caribe, no fim de 2013, o Ministério da Saúde elaborou o Plano Nacional de Contingência, que definiu, entre outras metas de controle da doença, a intensificação das atividades de vigilância, respostas da rede de saúde, divulgação de medidas às secretarias, preparação de laboratórios de referência para diagnósticos e o treinamento de profissionais.
ALERTA
As medidas preventivas são as mesmas da dengue. Para evitar a transmissão do vírus, é fundamental que as pessoas reforcem as ações de eliminação dos criadouros dos mosquitos. As medidas são as mesmas para o controle da dengue, ou seja, verificar se a caixa d’água está bem fechada, não acumular vasilhames no quintal, manter as calhas desentupidas e colocar areia nos pratos dos vasos de planta, entre outras iniciativas semelhantes.
Muitos moradores decidiram economizar água, e em alguns casos optaram por armazenar a água da máquina de lavar: uma medida perigosa, porque mesmo tendo produtos químicos, com o período chuvoso, a água da chuva pode diminuir a concentração desses produtos. Então, os depósitos devem estar sempre cobertos.