Não é simples

Não se consegue, com respostas simples, resolver problemas complexos. E é complexa a situação da educação em todo o mundo. Por várias e discutíveis razões.

Questiona-se o ensino tradicional, paralisado no tempo e baseado na equação: o professor fala, o aluno aprende. As novas gerações nascem plugadas nas redes sociais, praticamente com “chips”. Navegam pela internet e têm desenvoltura para encontrar respostas praticamente para tudo. Já se chegou a questionar a permanência da escola como local de ensino/aprendizagem. Ampliou-se o conceito de formação adequada: há uma educação formal, cujo ambiente natural é a escola e uma educação informal, presente em todos os espaços. A vida ensina a quem quer aprender. O conhecimento nunca esteve tão acessível e disponível. A curiosidade é a chave para desvendar todos os mundos: o da cultura, o da ciência, o das artes, o da história e de outros campos.

O Brasil é um caso emblemático. A educação é direito de todos, mas dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade. O Estado, segundo a Constituição, tem de destinar 25% do orçamento para a educação. São Paulo reserva mais. Ultrapassa 30% e chega quase a um terço do orçamento voltado à educação pública.

Não é pouco o montante de recursos. Em 2016, foram R$ 28 bilhões. Mas os resultados não correspondem à consistência do investimento. Qual o motivo? Ou melhor, quais os motivos?

Além do próprio repensar nos métodos de ensino, impõe-se observar que o declínio dos valores não prestigia o esforço, o empenho, o sacrifício e o devotamento. O famoso “currículo oculto”, propiciado no lar, principalmente pelas mães, foi negligenciado. Não se insiste no respeito ao professor, na responsabilidade do aluno ante os compromissos de quem realmente quer aprender. O descrédito nos acenados benefícios de um curso bem feito, ante a ausência de perspectivas para quem se entregar com seriedade a um aprendizado consequente.

O momento é de assumir protagonismo heroico. Os mestres a assumirem o desafio de ministrar aulas interativas e a cada dia mais interessantes, os alunos a aceitarem o repto de mergulharem no estudo sério, as famílias a estimularem seus filhos na caminhada e a uma reiteração consequente daquilo que ainda continua a ser veraz: sem o conhecimento não se alcança vida digna, nem capacitação para o trabalho, menos ainda qualificação para o bom exercício da cidadania.

José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo

 

Comentários