A Arquitetura da Esquina do Gallo Relojoeiro
O casarão ainda está ali, porém está totalmente despido de suas características arquitetônicas originais.Estilo eclético, traços do neoclassicismo com contribuição de pedreiros europeus. Construído no alinhamento da calçada na esquina das ruas Cel. Amâncio Bueno com Cândido Bueno. À esquerda para quem olha da Igreja. Foi construído pelo Cel. Amâncio Bueno na fundação da Vila em 1894. Projeto de Guilherme Giesbrecht, engenheiro da Mogiana. Casarão com telhado escondido de quatro águas, estilo Republicano, no seu exterior, as bonitas platibandas com ornamentos e cornijas. Apresentava altos porões com boa ventilação através das gateiras. Alicerces de pedra seca em amarração. Arcabouço principal de tijolos em amarração com cal e areia. Assoalhos e forro em madeira de lei. Estes casarões tinham pé direito de 5 a 6 metros. Eram verdadeiros sanatórios, ensolarados e arejados. O salão comercial tinha portas de aço para as duas laterais dessa esquina central com degraus internos. Na fachada havia molduras trabalhadas com nas portas e janelas e faixas recortadas. As paredes externas eram pintadas com cores discretas e as faixas em branco. Ao alto da platibanda as iniciais do construtor : “A.B”. Sala de jantar com paredes internas pintadas a mão com arabescos em agradável tom de azul forte, abrandado com cinza prata. Altos janelões com vidraças externas de abrir e folhas internas em madeira maciça. O imóvel foi vendido ao imigrante italiano de Pádua, Antônio Gallo, tinha o apelido de “Peroba”. Era casado com D. Maria Aguiari Gallo. Vieram para a lavoura do café, em 1888 e 1889. Com o desaparecimento dos velhos, os filhos venderam o imóvel que foi transformado em loja. Hoje esta esquina abriga uma Loja de Calçados. Os porões e assoalhos com paredes internas foram destruídos para abrigar salas comerciais de aluguel ao nível da rua. Altas portas de duas folhas e janelões de madeira foram retirados, assim como as vigas que sustentavam o assoalho e o forro antigo. O piso desceu ao nível da rua. Desta forma, não se preservaram as molduras e faixas que decoravam a frente e as laterais da casa. Telhado, janelas e portas, fachada, pintura foram retirados e arquitetura descaracterizada. Apagou-se a História. Destruiu-se a memória. Tudo foi transformado. Porém as paredes externas são originais. Seria possível a reconstituição da fachada em partes. A antiga arte foi sufocada por reboco liso. Porém os alicerces em pedra e as paredes de pesados tijolos continuam a manter a história da vila, embora escondida. É preciso um processo conscientizatório para que todo detalhe arquitetônico de prédio histórico receba, hoje, o respeito,o resgate, o restauro e a preservação. Há construções que ainda podem ser resgatadas no Centro Histórico do Velho Jaguary. Esta edificação, felizmente, pode ainda ser restaurada, resgatando, no mínimo, através de uma releitura, a fachada frontal e lateral respeitando a história do lugar e de seu povo, sua memória, sua IDENTIDADE. O CONPHAAJ, a Cultura e o Turismo, o Departamento do Patrimônio Histórico, a Casa da Memória Padre Gomes contam com a anuência dos filhos honrados da Terra.
TOMAZ DE AQUINO PIRES – CASA DA MEMÓRIA