Amar hoje virou jogo de quem se importa menos?

Nos dias atuais, o amor parece ter se transformado em um território de disputas emocionais, onde o medo de demonstrar sentimentos virou uma tática de defesa, e o desinteresse aparente virou arma de conquista. A ideia de que “quem demonstra menos, tem mais poder” está cada vez mais presente nas dinâmicas modernas dos relacionamentos. Mas por que amar virou um jogo? Por que tantos evitam se entregar, preferindo vencer uma batalha imaginária de quem se importa menos?

A era digital trouxe velocidade, praticidade e infinitas possibilidades – inclusive no amor. Aplicativos de relacionamento, redes sociais e a facilidade de se conectar com novas pessoas criaram uma cultura de excesso. Com tantas opções ao alcance de um clique, tornou-se mais fácil descartar do que resolver, substituir do que aprofundar. Essa abundância cria uma ilusão de que o próximo será sempre melhor, o que diminui o valor da conexão presente.

Nesse cenário, demonstrar sentimentos virou quase um sinal de fraqueza. Existe o medo de se doar demais, de parecer “carente” ou “desesperado”. Assim, muitos preferem manter uma postura indiferente, fingindo desinteresse para não parecerem vulneráveis. A lógica é simples (e cruel): quem se importa menos, sofre menos. Ou, pelo menos, é o que parece na superfície.

O problema é que essa postura afasta. Quando duas pessoas estão competindo para ver quem se envolve menos, a conexão verdadeira se torna impossível. O medo de amar, de se machucar ou de parecer “bobo” trava a espontaneidade, bloqueia a entrega e impede que o amor floresça com profundidade. As relações viram jogos de poder emocional, onde um espera o outro mandar mensagem primeiro, responder com atraso ou demonstrar menos carinho. A reciprocidade dá lugar à disputa.

Além disso, a insegurança emocional amplificada pelas redes sociais gera um ciclo de comparações constantes. Vemos casais “perfeitos” online e acreditamos que demonstrar afeto com intensidade pode nos deixar em desvantagem. A autenticidade cede lugar à performance, e o medo de parecer fraco nos impede de viver um amor sincero. Nessa tentativa de se proteger, muitos constroem muros tão altos que acabam isolados dentro de si mesmos.

Essa dinâmica também evidencia uma falta de maturidade emocional. Amar exige coragem, presença e vulnerabilidade. Exige a disposição de se abrir, correr riscos e lidar com frustrações. Mas muitas pessoas preferem fugir disso, mantendo-se na superfície, com relacionamentos que não exigem profundidade. Assim, o amor vai sendo diluído em conexões rasas, em trocas vazias e em afetos temporários.

O jogo de quem se importa menos pode até proteger no curto prazo, mas no longo prazo destrói a chance de viver um amor verdadeiro. Relacionamentos não são disputas, são parcerias. Não se trata de vencer, mas de construir. Não se trata de quem ama menos, mas de quem está disposto a amar com verdade.

Amar de verdade é um ato de coragem. É permitir que o outro veja nossas fraquezas, nossos medos e ainda assim escolher ficar. É sair do modo de defesa e entrar no modo de entrega. É aceitar que amar pode doer, mas também pode curar. Pode transformar. E, principalmente, pode nos conectar de maneira única.

No fim, a grande pergunta que fica é: até quando vamos seguir jogando para não perder, ao invés de amar para ganhar de verdade? Até quando vamos deixar o medo de parecer vulnerável impedir a chance de viver algo profundo, leve e recíproco? Talvez seja hora de parar de fingir que não nos importamos e começar a amar com mais verdade — sem jogos, sem máscaras, sem reservas. Porque no amor, quem ama de verdade nunca perde.

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