Automedicação traz riscos para a saúde

“Eu tenho uma farmacinha em casa”. É muito comum ouvir essa frase. Manter medicamentos em casa é um costume, mas sem orientação e com a possibilidade de se medicar por conta própria, a saúde corre perigos. É preciso conscientização para o uso racional de medicamentos, que se refere à necessidade de o paciente receber o medicamento correto, na dose indicada e pelo período adequado, possibilitando que o consumo seja sem exageros, sem automedicação e que o tratamento não seja interrompido por conta própria.
Com sintomas de gripe e uma viagem chegando, Silvia Amelia Giron Moretto ouviu o conselho de uma amiga sobre um remédio que tinha funcionado para os mesmos sintomas. Acreditou que não teria problema. O resultado a levou ao hospital. A gripe se transformou em vômitos, diarreia e alterações na temperatura corporal. “Fui ficando cada vez pior e precisei ir ao hospital. Levei a maior bronca do médico. Aprendi a lição. Não consumo mais nenhum medicamento que não conheço, que nunca o tenha tomado e sem orientação médica”, conta.
Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que 77% dos brasileiros fazem o uso de medicamentos sem qualquer orientação especializada. Indicadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indicam que 18% das mortes por envenenamento no país podem ser atribuídas à automedicação. No caso das crianças, 23% dos casos de intoxicação estão ligados a ingestão acidental de medicamentos.
O que posso ter em casa?
Muitas pessoas desejam ter alguns medicamentos em casa para mais facilidade. Para a médica coordenadora do Núcleo de Atenção Primária à Saúde da Unimed Amparo, Dra. Patrícia Braz, ter uma “farmacinha” em casa pode ajudar em alguns casos, sendo preciso critérios.
“É comum as pessoas terem um analgésico/antitérmico que está habituado a tomar, para o caso de febre ou dores comuns, como cefaleia ou dor muscular. Pessoas que têm quadro crônicos como alergias, geralmente já têm orientado pelo médico o que pode usar nas crises. Para além disso, é recomendado conversar com o médico para saber quais remédios pode ter em casa além desses, para cada caso. É preciso tomar cuidado com os antinflamatórios, que as pessoas usam muito para dor, mas o uso crônico pode trazer comprometimento para estômago e rim. Além dos antibióticos, que nunca devem ser utilizados sem prescrição médica”, esclarece a médica.
Armazenamento e descarte corretos
Para a farmacêutica Mariane Bevilacqua, o armazenamento dos medicamentos também requer atenção. “É preciso que os remédios estejam fora do alcance das crianças, não sejam colocados em lugares úmidos ou com alta temperatura. O importante é sempre ver a recomendação que se encontra na embalagem ou na bula, verificando, por exemplo, se a temperatura precisa ser ambiente ou mais baixa, como na geladeira, e a validade. O mau armazenamento pode interferir na eficácia do medicamento”, alerta.
Segundo pesquisa da Universidade de São Paulo, quase 30 mil toneladas de medicamentos são descartadas anualmente por estarem vencidos, não serem mais utilizados, porque o tratamento acabou ou não deu certo. O descarte incorreto dos medicamentos também traz riscos. Ainda é comum jogá-los no lixo comum ou até mesmo despejá-los na torneira ou no vaso sanitário. Essas ações podem contaminar o solo, as águas superficiais – como rios, lagos e oceanos – e águas subterrâneas. Outro problema é que jogando no lixo comum, aquele retirado pelo serviço público, o remédio pode ser pego por outras pessoas.

O descarte correto dos medicamentos pode ser feito nas próprias farmácias e outros ambientes de saúde, que destinam o material com segurança.

 

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