Batalha Política: Intolerância x Civilidade

Esta semana fui questionado a respeito do clima de “GUERRA” que toma as pessoas por conta das disputas eleitorais. Impossível neste espaço fazer uma explanação mais detalhada sobre o assunto utilizando um olhar da psicologia, porém convido o leitor a refletir sobre a questão. Já falei em outra ocasião da questão do fanatismo que envolve este tipo de GUERRA, em se tratando do desrespeito para com o outro presente nestas disputas creio ser necessário recorrer a este tema novamente para melhor esclarecimento.

A história da humanidade é cheia de exemplos de fanatismos dominando grupos humanos, quase sempre com consequências trágicas. Quando se fala em fanatismo nos vem à mente, com frequência, o fanatismo religioso, mas este não é o único tipo de fanatismo, há também o fanatismo por um determinado time de futebol, uma cultura, uma raça, por uma ideologia, O FANATISMO POR UM CANDIDATO OU PARTIDO POLÍTICO, e tantos outros tipos. O que caracteriza o fanatismo é ultrapassar a barreira da racionalidade, viver alienado à realidade, mergulhado num mundo de fantasia que, não raro, culmina em tragédia. O mundo é a soma das diferenças e o fanatismo é a extrema intolerância para com o diferente.

FANÁTICOS TRAZEM UMA CERTEZA DIVULGADA EM FORMA DE MONÓLOGO, JAMAIS DE DIÁLOGO OU DEBATE DE IDÉIAS. SÃO INCAPAZES DE OUVIR E RESPEITAR PESSOAS DE OPINIÕES, CRENÇAS, OU IDEOLOGIAS DIFERENTES, DEFENDEM COM UNHAS E DENTES SEU PONTO DE VISTA E ABOMINAM QUALQUER PENSAMENTO EM CONTRÁRIO.

Em tempos de disputas seja qual for o interesse defendido os ânimos quase sempre acabam exaltados. Em momentos de grande exaltação tendemos a rebaixar o controle sobre nossas características negadas e trancafiadas nas sombras de nosso ser, nesses momentos em que “deixamos de SER nós mesmos” é como se perdêssemos a razão, ficamos FORA DE CONTROLE, deixamo-nos guiar por tudo aquilo que foi rejeitado em nós, por conveniência de uma vida em sociedade, mas que permanece vivo em nosso inconsciente aguardando a oportunidade de MOSTRAR SUA CARA. PERDER A RAZÃO é agir de modo irracional, agir de modo totalmente instintivo.

Quando desejamos defender um ponto de vista a todo custo, cegos pelos próprios conceitos e sem levar em consideração a individualidade do outro acabamos por dar vazão ao nosso lado mais obscuro e “atropelar” a opinião alheia sobre o tema em questão. O pior acontece quando se esquece que defender uma opinião, tentar DERRUBAR uma opinião contrária não significa que devemos atacar quem discorda de nosso ponto de vista. A questão é que movidos (mesmo que por breve instante) por nossos aspectos mais sombrios deixamos transparecer muito mais do que imaginamos. Damos vazão à INTOLERÂNCIA. A dificuldade em ouvir e respeitar opiniões contrárias pode ser um sinal de imaturidade psicoemocional, aprender a tolerar frustrações faz parte de nosso processo de desenvolvimento, quando esse processo é falho nossa capacidade de relacionamento interpessoal tende a ser prejudicada.

Defender nosso ponto de vista, fazer saber nossa opinião sobre qualquer assunto é sem dúvida um exercício de nossa liberdade de expressão, porém quando para isso utilizamos de meios escusos e/ou ofensivos precisamos rever nossos conceitos e analisar mais calmamente o que se esconde por detrás de nosso ÍMPETO DESTRUIDOR, atentar para as características que nos dominam, OLHAR PARA NOSSA SOMBRA, aprender mais sobre nós mesmos, pois muitas vezes o OUTRO nada mais é que um espelho que nos faz entrar em contato com aquilo que somos e que conscientemente ou não, NEGAMOS, REJEITAMOS.

Poder exercer nosso direito de cidadãos através da participação política é um direito/dever, participar das decisões da sociedade para melhorar nossas vidas e a de outras pessoas também, mas o RESPEITO A QUEM DIVERGE DE NOSSA OPINIÃO é sem dúvida uma verdadeira mostra de CIVILIDADE.

Luciano de Oliveira Rocha
Psicólogo e psicoterapeuta
Crianças, Adolescentes e Adultos

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