É tempo de chocolates: o que pode e o que evitar para o bem da saúde

Os tipos escuros são mais indicados para a saúde do coração; porém, quem sofre de enxaqueca, deve evitá-los.

Mesmo com a alta nos preços do cacau, principal matéria-prima para a produção dos chocolates, no Brasil a expectativa é de um cenário de consumo estável em relação ao ano passado. O volume de compras de chocolates no período de Páscoa em 2024 – entre os meses de março e abril – cresceu cerca de 15%, impulsionado principalmente pela venda de barras e caixas de bombons, segundo dados do “Painel de Compras” da Kantar, empresa de pesquisa que capturou o comportamento de consumo de 150 milhões de brasileiros.

Além de ser um dos doces preferidos no mundo todo, o chocolate pode ser um grande aliado da saúde do coração. E quanto mais cacau tiver na composição, melhor! Matheus Fileti Arruda, cardiologista no Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, explica que o consumo de chocolate, particularmente os escuros, ajuda na redução de alguns fatores de risco para doenças cardíacas porque são ricos em flavonoides, compostos com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e vasodilatadoras, contribuindo para a saúde dos vasos sanguíneos por aumentar a elasticidade das veias e reduzir a pressão arterial.

“Os flavonoides podem ajudar a melhorar os níveis de colesterol, aumentando o HDL (colesterol ‘bom’) e, potencialmente, reduzindo o LDL (colesterol ‘ruim’)”, completa o cardiologista.

O médico orienta, porém, que o consumo deve ser moderado e focado nos chocolates com mais concentração de cacau (a partir de 70%). Segundo ele, estudos sugerem que pequenas quantidades de chocolate escuro, de 30 a 60 gramas algumas vezes na semana, podem ser benéficas para a saúde. “É importante que o consumo de chocolate seja inserido em um contexto de dieta equilibrada e estilo de vida saudável”, alerta o Dr Matheus.

Não é para todo mundo!

Por ser um alimento estimulante, o consumo de chocolate deve ser mais limitado – ou até evitado! – no caso de pessoas com certos tipos de arritmias, que sofrem com insônia e ansiedade.

“O chocolate contém cafeína e teobromina, dois estimulantes que podem aumentar, temporariamente, a frequência cardíaca. No entanto, esse efeito é geralmente leve e mais comum em pessoas sensíveis a essas substâncias. Para a maioria, o consumo moderado de chocolate não deve causar um aumento significativo nos batimentos cardíacos”, explica o cardiologista Matheus Fileti.

A orientação vale para quem sofre de enxaqueca, cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, de acordo com a OMS. A neurologista Thaís Villa, especialista no diagnóstico e tratamento da enxaqueca, esclarece que, por ser um alimento estimulante, o cacau presente nos chocolates escuros pode ser um gatilho para as crises de enxaqueca como também podem colaborar para a cronificação da doença, aumentando a frequência, a intensidade e a duração das crises.

“O mesmo acontece com alimentos como o café, o cupuaçu, o fruto do guaraná e a erva mate. Todos eles contém cafeína, cujo efeito estimulante deixa o cérebro hiperexcitado característico da pessoa com enxaqueca ainda mais ligado, o que provoca dores de cabeça cada vez mais fortes. A cafeína também tem efeito analgésico, mascarando os sintomas e cronificando a doença”, alerta Thaís Villa.

Chocolate branco

Para quem tem enxaqueca, o chocolate branco é a melhor opção, segundo a neurologista, porque são produzidos a partir de substâncias diferentes dos tipos escuros, não contém massa de cacau na composição.

“É importante lembrar que o consumo deve ser feito com equilíbrio. Os chocolates brancos são ricos em açúcares e gordura, assim como o chocolate ao leite, por isso, requer atenção. É importante considerar as necessidades e condições de saúde individuais ao incluir a guloseima na alimentação”, finaliza o cardiologista Matheus Fileti.