Em única doação de sangue você pode salvar até quatro vidas
Matéria: Paula Partyka
Lançada no estado de São Paulo, a campanha Junho Vermelho ganhou status de lei estadual em 15 de março de 2017 (nº 16.386) e passou a ser promovida em todo o país. O mês destaca, anualmente, a importância da doação de sangue, visto a baixa nos estoques.
De acordo com o diretor da Divisão de Hemoterapia do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas da (Unicamp), Dr. Fabrício Bíscaro Pereira, a baixa doação nesse período de inverno, são comprovadas historicamente. “A queda é de aproximadamente 20%. Provavelmente devido às baixas temperaturas as pessoas acabam não se motivando para sair de casa e doar sangue”, acredita.
De acordo com o levantamento repassado pelo Dr. Fabrício, são coletados, atualmente, cerca de 6.500 bolsas de sangue por mês no Hemocentro da Unicamp, o equivalente a aproximadamente 78.000 bolsas por ano. “Contamos com até 60% de doadores de repetição, ou seja, aqueles que já são fidelizados e estão sempre dispostos para ajudar o próximo”.
Os dados do Hemocentro mostram que do início do ano até maio, as doações se mantiveram estáveis, porém, nas últimas semanas de maio e primeira de junho houve uma queda significativa. Só na primeira semana de junho a doação foi 16% abaixo da meta, isso representa aproximadamente 250 bolsas a menos “Em um mês se não houver melhora nas doações pode chegar a 1.000 bolsas a menos”, alerta.
A Campanha Junho Vermelho é volta para a doação e coleta de sangue. O Dr. Fabrício conta que a expectativa é conseguir manter a meta de 6500 bolsas coletadas neste mês. Mas ainda assim, mesmo com a campanha do Junho Vermelho, o Dr. revela que estão com dificuldades para atingir a meta.
O Hemocentro da Unicamp mantém um Banco de Sangue Regional e é referência no atendimento aos municípios de sua área de cobertura. Ele fornece sangue para transfusões, ou cirurgias, sempre que necessário e independentemente da origem do paciente, uma vez que o atendimento é pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os municípios do Banco de Sangue Regional não mantêm estoque de sangue em seus próprios hospitais, isso cabe ao Hemocentro da Unicamp. Para manter o estoque regulado, ele recebe a colaboração das Secretarias Municipais de Saúde que promovem Campanhas de Doação.
Além disso, o Dr. Fabrício salienta que, atualmente, o estoque de componentes do tipo O, principalmente os Rh negativos, estão em níveis preocupantes. Os demais grupos, principalmente o A, também requer atenção.
Além disso, é importante atentar-se às infecções respiratórias. Essas infecções, popularmente conhecidas como gripes e resfriados, impedem momentaneamente a doação causando a queda dos estoques.
Dr. Fabrício espera que o Junho Vermelho, mês dedicado a conscientização sobre a importância deste gesto, que ele acredita ser de cidadania e amor, consiga ajudar a manter os estoques. “Não sabemos quando nós ou algum conhecido vai necessitar de transfusão. Se apenas 3-4% da população se conscientizar e doar sangue regularmente não haverá falta e muitas vidas poderão ser salvas”, finaliza.
Doe vida
Lembrado nesta sexta-feira, 14, o dia Mundial do Doador de Sangue. A data foi criada por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2014, e o dia escolhido é uma homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner (14 de junho de 1868 – 26 de junho de 1943), um imunologista austríaco que descobriu o fator Rh e várias diferenças entre os diversos tipos sanguíneos.
O objetivo desta data é homenagear a todos os doadores de sangue e conscientizar os não-doadores sobre a importância deste ato, que é responsável pela salvação de milhares de vida. Alguns leitores do JJ se manifestaram sobre a ação.
Para Rafael Santos Amorim, a doação é um ato para ajudar quem precisa. “Tem muitas crianças que precisam e necessitam do sangue”, justifica.1
Enquanto Denni Bueno lamenta não poder doar sangue. “Não posso porque ser doadora por ter alguns probleminhas de saúde e tomar muito remédio, mas gostaria muito de ajudar”.
Eliana Campione diz que doou uma vez e pretende doar sempre que puder. Erica Fagundes Alves é doadora de sangue há mais de 15 anos. “Faço a doação para salvar vidas”.
“Fazer o bem não tem preço e nunca sabemos quando poderemos precisar. Ano passado, aqui em Holambra, uma moradora sofreu acidente e ficou hospitalizada em Minas, durante a semana a população se mobilizou, e por dias foram dezenas de pessoas. Não espere precisar pra ser solidário”, conta a doadora Janaína Frade.
Para ser doador é fácil:
Basta estar em boas condições de saúde, pesar no mínimo 50 kg, ter entre 16 e 69 anos, ter se alimentado quatro horas antes e estar bem descansado. Vale lembrar que é indispensável a apresentação de um documento original com foto.
O processo se concretiza somente após cadastro e triagem médica. São 50 minutos para realizar uma doação. São 450ml do seu sangue que podem salvar até quatro vidas.
No caso de estar tomando antibiótico, antiflamatório e medicação crônica a doação deve ser adiada. Em casos de resfriado, o doador deve aguardar até os sintomas desaparecerem, em média sete dias. Grávidas não podem ser doadoras, somente após 1 ano, quando o bebe não depende mais só do leite materno.
Não pode ser doador em hipótese alguma, pessoas portadoras de doenças crônicas, diabetes tipo 1, leucemia, quimioterapia e algumas doenças cardíacas. Também são vetadas as pessoas com evidência clínica ou laboratorial de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue.
O Hospital Municipal Walter Ferrari, localizado na Rua Amazonas, no centro de Jaguariúna, realiza frequentemente campanhas de doação. Entretanto, você pode doar a qualquer momento. Mais informações: (19) 3867-1122.