FESTA DE SÃO SEBASTIÃO – FRAGRÂNCIA DE SANTA MARIA

Trata-se de um lídimo patrimônio cultural imaterial da Paróquia Santa Maria de Jaguariúna, criado em 1919, pelo Pe. Antônio Caravela, na época da Gripe Espanhola, surto epidêmico dos meados de 1918. D.

Therezinha de Almeida doou a imagem de São Sebastião, santo livrador das pestes, fome e guerra, portanto protetor da humanidade, da agricultura e dos animais. Até meados do século XX, muitas festas religiosas aconteciam em intensa e contínua evangelização daquela Igreja pré-conciliar. Oradores sacros pregavam incansavelmente o exemplo da vida dos Santos e dos mártires cristãos. Ela com seus sacerdotes, preenchiam todos os espaços do calendário canônico, trabalhando suas comunidades, dedicando-se aos altares, formando os fiéis, acolhendo-os em suas necessidades físicas e espirituais.

Assim esta festa religiosa permaneceu. E em 2024 realizou a 105ª edição. Interrompida só na pandemia da COVID 19 em 2021. Ela ostenta ainda hoje, a presença dos garrotes e novilhas doados à Igreja, em homenagem ao Santo Mártir, em desfile ao lado da Matriz Nova. Em ambiente fechado por especiais querências formando bretes apropriados, com segurança, os animais transportados com guias documentais legalmente exigidas, em local limpo com água e feno, coberto por tenda, após abençoados pelo Revmo Pároco, descansam aguardando o leilão beneficente e o transporte para a nova propriedade.

Junto a eles chegam carneiros DOPPER e cabritos. Arrematantes criadores são os maiores interessados nos animais do Leilão.

Até tempos atrás chegavam cavalos, éguas e potros para este evento. Hoje com a exigência da Vigilância Agropecuária, tais prendas só poderão ser recebidas com Exames de Anemia, Mormo e com Guia de Transporte Animal. Após Alvará Municipal e do Escritório de Defesa Agropecuária o leilão é acompanhado por Veterinário determinado para tal fim. Proprietários, industriais e comerciantes que não possuem criações doam prendas valiosas para este movimento em benefício da Paróquia: carne moída para o pastel, pernil, leitoas congeladas para o Almoço. Um banquete delicioso! Tempos antigos chegavam muitas vivas para leilão.

Desde 1919 até 2024, notamos a presença da 4ª e 5ª geração de festeiros em atividade na manutenção deste patrimônio cultural imaterial de Jaguariúna. Salvemos tão formosa festa popular. Segundo a Constituição Brasileira é dever de todo cidadão e dos Poderes Públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) proceder a este zelo e manutenção. Assim como do patrimônio cultural material: prédios, monumentos. Todo patrimônio cultural espelha a identidade de um povo e de uma cidade. A velha Comissão Organizadora do Leilão, depois de 40, 50 anos do famoso leilão, já sente uma limitação em suas condições físicas e psicológicas e teme pelo final da mesma.

Os órgãos públicos exigem farta documentação zelando pela regularização da mesma. Muito trabalho, mas o resultado é altamente compensador. Quem participa dela compara-a à mais rica fragrância da Paróquia Mãe Santa Maria. Quem haverá de nos suceder em tal trabalho voluntário de meses que apresenta as excelências de um voluntariado sério e dedicado em tão sublime e significativa festa? É linda demais! Ela não pode acabar! Já faz parte do calendário turístico da cidade. Realiza-se no domingo mais próximo do dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião. E para satisfação desta velha comissão organizadora já surgem herdeiros com força nova a substituir os septuagenários e octogenários que formaram uma comissão emérita.

Dentre os jovens já contamos com Neguita Torres, Eduardo Pegorai e Filhas, César Tenório, Alex de Campos, Lucas Fernandez, Rodrigo e Felipe Antoniazi, Víctor Pires Cranchi, Francisco, Eduardo, Luciano Pires, Dr. Fábio Chaparin, Samuel M. Fernandes, Pedro M. Souza, Marcelo Piffer. Não são apenas nossos convites, mas também as orações que trazem a luz do Espírito Santo de Deus a convocar novas forças para as próximas pelejas. A Comissão Emérita continuará nas campanhas e visitas e orientações necessárias, mas a força já anciã será substituída pela força juvenil em 2025.

Esta comissão sempre precisou do ânimo, apoio e incentivo do Sacerdote que conhece a Festa, sabe de seu valor religioso e cultural e da ação cidadã de voluntários que trabalham nos diversos setores das Pastorais da Igreja. O movimento culminante dos dias da própria festa compara-se ao trabalho de uma colmeia em que as abelhas voam em conjunto e harmonia, irmanadas para uma mesma função, em direção a um mesmo objetivo. Festa linda! Parabéns, somos a Paróquia Santa Maria em sua melhor fragrância: a centenária Festa de São Sebastião.

Tomaz de Aquino Pires