Irmãos possenses são aprovados no Vestibular mais concorrido do País

(Felipe Oliveira Pinto Ribeiro, de 19 anos e Lucas Oliveira Pinto Ribeiro, de 18)

Dois irmãos, dois jovens possenses e a busca por um objetivo desafiador: ser aprovado para estudar no curso mais concorrido do País. Nos últimos anos, foi este o sonho que moveu praticamente tudo na vida de Felipe Oliveira Pinto Ribeiro, de 19 anos, e Lucas Oliveira Pinto Ribeiro, de 18. Mas eles não se limitaram a sonhar e partiram para a luta, ralaram muito, fizeram inúmeros sacrifícios e no final foram recompensados com a tão sonhada vaga na tradicional e disputadíssima Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde a concorrência chega a ser de 135 candidatos para cada vaga.

O mérito dos irmãos ganha ainda mais motivo de admiração pelo fato de sempre terem estudado em escolas públicas, onde a qualidade do ensino sabidamente deixa a desejar na comparação com as particulares de onde saem a maior parte dos universitários aprovados nos vestibulares mais concorridos do País. O feito e o bom exemplo dos jovens inclusive serão reconhecidos publicamente na Câmara Municipal, através de uma Moção de Aplauso que o vereador Antonio Carlos Cavalaro (Preto Eventos) irá propor na próxima Sessão. Preto é primo de segundo grau dos estudantes e testemunhou de perto a dedicação, a disciplina e o esforço dos irmãos Lucas e Felipe em busca desta conquista.

Na entrevista a seguir os futuros médicos contam um pouco dessa jornada até alcançarem a vaga no curso de Medicina da USP. Acompanhe:

Contem um pouco da trajetória de vocês até a aprovação.

Lucas – Realizei o ensino fundamental na EMEF Isaura de Carvalho Coelho e o ensino médio e técnico em eletroeletrônica no Colégio Técnico da Universidade de Campinas, o COTUCA, e não fiz cursinho. Atribuo grande parte de meu sucesso no vestibular a esse curso técnico, pois tínhamos que, sozinhos, correr atrás de muitos conteúdos e acabei desenvolvendo muito bem meu lado autodidata que, associado àqueles excelentes professores do ensino médio, me permitiu uma grande eficiência em adquirir conhecimento. Costumava estudar mais ou menos 3h por dia, todos os dias, desde o primeiro ano do ensino médio, então acabei não deixando muito conteúdo acumulado para a época dos vestibulares, o que foi decisivo para minha aprovação já ao terminar o Colégio, com 17 anos.

Felipe – Cursei o ensino fundamental na Escola Municipal Isaura de Carvalho Coelho e no ensino médio estudei na EE Santo Antonio, me formando em 2015. Foi durante o segundo ano que iniciei meus estudos voltados para o vestibular, pois já havia percebido que apenas com as aulas da escola não conseguiria ser aprovado em um curso tão concorrido como Medicina. Com muito esforço, adquiri uma boa base, mas ainda não o suficiente para conseguir ser aprovado e aí fiz dois anos de cursinho, o último com bolsa integral, em Campinas. No começo, Medicina parecia um sonho impossível, me sentia menos preparado que meus colegas de classe que estudaram em ótimas escolas. Ainda assim, consegui ser aprovado em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) através do ENEM, mas decidi fazer mais um ano de cursinho para passar na USP ou UNICAMP, meus maiores sonhos. Até o último semestre de cursinho, morava com meus pais na Posse, acordava 4h30 para pegar o ônibus até Campinas e chegava no Cursinho às 6h40. No caminho, aproveitava para ler as obras obrigatórias cobradas no vestibular. Depois das aulas, ficava estudando numa sala do próprio cursinho, pegava o último ônibus do dia e chegava em torno de 20h30. Jantava e voltava a estudar até 23h00. Nos finais de semana também tinha que ir para o cursinho para fazer simulados. Ficava estressado e cansado, pois não dormia mais do que 6 horas por noite, mas, a partir do segundo semestre, comecei a morar com um colega em Campinas, o que me rendeu mais tempo para estudar. No final do ano, todo o esforço se mostrou válido, pois fui aprovado em Medicina na USP, UNICAMP, UNESP e UFMG.

A que vocês atribuem terem alcançado este objetivo? E quais dicas dariam àqueles que têm o mesmo sonho?

Felipe – Atribuo minha aprovação ao fato de ter me submetido a uma rotina muito intensa de estudos, em que muitas vezes foi necessário abdicar de coisas que me tiravam o foco do vestibular, como redes sociais, videogame ou festas. Além disso, outro ponto fundamental foi o apoio que tive dos meus pais. Eles se esforçaram muito para que eu pudesse fazer cursinho e me dedicar integralmente aos estudos – oportunidade que eles mesmos nunca tiveram. Minha principal dica é se dedicar totalmente aos estudos, uma vez que é enorme a dificuldade de ser aprovado em Medicina. Nos estudos, dê atenção especial a fazer provas anteriores ou simulados e corrigir as questões que você errou. Dessa forma, é possível corrigir pouco a pouco suas falhas e aumentar sua pontuação até o necessário para ser aprovado.

Lucas – O conselho que eu daria àqueles que também desejam a aprovação numa universidade como a USP seria o de persistir no seu objetivo e de buscar uma vida equilibrada. Recomendo àqueles que têm dificuldade em se concentrar que tentem iniciar estudando apenas 50 minutos por dia, e ir aumentando progressivamente esse tempo até que se atinja o tempo desejado. Também diria para não ficarem ‘fissurados’ com os estudos, pois é preciso ser saudável tanto psicológica quanto fisicamente.

Não são muitas pessoas de Santo Antonio de Posse que já conseguiram passar em um vestibular tão concorrido. Como possenses, qual é o sentimento de alcançar este feito?

Felipe – Quando iniciei meus estudos para o vestibular, tinha a sensação de que ser aprovado em Medicina era algo impossível. O fato de não conhecer ninguém da cidade que havia conseguido esse feito só contribuía para isso. Entretanto, sinto que a minha aprovação pode, de certa forma, estimular os alunos da Posse a terem a iniciativa de se preparar para os vestibulares e o ENEM.

Lucas – Apesar de já estar na faculdade há alguns meses, ainda não acredito que passei: é um misto de felicidade, surpresa e mistério. A felicidade se dá, principalmente, por assistir à concretização daquilo pelo que tanto me esforcei nesses últimos anos. Queria muito agradecer aos professores da EMEF Isaura que me ajudaram a estudar para o vestibulinho do COTUCA e, claro, agradecer ainda mais à minha mãe Vilça Aparecida, ao meu pai Valdomiro Donizete e a todos meus amigos do COTUCA.

 

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