MEIO – AMBIENTE – CEMA Dr. DARCY MACHADO DE SOUZA

Vamos contar mais memórias? Se falhar, corrijam-me! Os educadores de Jaguariúna perceberam a necessidade de desenvolver um vasto Programa de Educação Ambiental com suas comunidades escolares. Pois a bacia do Piracicaba formada pelos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia iria perder o volume de suas águas a partir dos anos 1970/80. O Rio Jaguari havia sido represado em Extrema, próxima de Bragança Paulista, para com os rios Jacarezinho e Atibainha (?) formar o Sistema Cantareira do governador Paulo Salim Maluf. Havia necessidade de abastecer a Grande São Paulo. O Jaguari que apresentava vazão de 33 m3 por segundo ofereceu 30m3 para a represa. E nunca mais vimos cheias da ponte do Jaguari! Era urgente salvar nossos rios com suas matas ciliares e libertá-los de toda poluição.

Todo tipo de lixo e esgoto era despejado nos rios. Eles recebiam poda de árvores, entulhos, móveis. Tudo o que muitas famílias ribeirinhas descartavam era lançado nos rios. A Prof.ª Isabel Bande Spinosa escreveu “Oração sobre o Rio” e com muitos educadores e alunos foi lançar flores da ponte da Maria Fumaça em 1990 e tentar repor ali a mata ciliar. Surgiu o programa ”Jaguari: Epopeia de uma Rio”. Também houve orientação da 4ª Delegacia de Ensino de Campinas. Os prefeitos foram conscientizados e houve a formação do Consórcio PCJ – com as bacias do Piracicaba, Capivari, Jundiaí. Os prefeitos compuseram a diretoria deste consórcio regional. Entre nossas comunidades escolares foram criados dentro do Programa vários projetos essenciais de conscientização da necessidade de preservação do Meio Ambiente.

Os mais significativos envolvendo a população foi a Procissão de Barcos a Remo no Jaguari e a Missa Ecológica. Na Semana do Município realizava-se a Semana de Educação Ambiental. E no dia 12 de setembro, rezava-se pela saúde dos rios, acontecia a Procissão de Barcos e a Missa Ecológica na praça dos Imigrantes. Os pescadores e canoeiros realizavam o evento no rio. Ia à frente o barco com a imagem da Padroeira Santa Maria. Recriou-se uma tradição religiosa que aconteceu em 1938… 1944. Dela a Casa da Memória coletou fotos. A 1ª aconteceu em 12/09/1992. Alunos traziam lixo descartável em algumas escolas. Canoeiros e defesa civil realizavam a limpeza simbólica no Jaguari.

Fizeram-se cinco procissões de barcos a remo, foram interrompidas devido ao perigo da febre do carrapato. Aconteceram 17 Missas Ecológicas. O Prefeito Maurício fez a recuperação do Parque Ecológico do Jatobazeiro. Depois o Prefeito Tarcísio criou o CEMA: Centro de Educação Municipal Ambiental que recebeu como patrono, Dr. Darcy Machado de Souza, um dos primeiros agrônomos da cidade. Assim o Programa Ambiental das Escolas colheu os frutos de intenso trabalho junto à comunidade. Criou-se a coleta seletiva do lixo seco e a COOPERJ cooperativa dos recicladores de Jaguariúna. O CEMA foi inaugurado em 22/03/2004. Em 2007 foi inaugurado o CEMAR: Centro de Materiais Recicláveis.

O CEMA recebia diariamente alunos do Ensino Fundamental. Ali as classes sob a orientação da bióloga Arlete Fantuzzi Gomes faziam uma caminhada ecológica observando as árvores, a lagoa, a riqueza da fauna. Havia mais educadores que auxiliavam em todo o processo: Prof.ª Laureen Carrara e a assistente Míriam Venturini. Alunos plantavam muda de palmito pupunha. Visitavam o Viveiro Municipal de mudas. .Aprendiam sobre Mata Ciliar , a razão da arborização das calçadas, o porquê das montanhas não poderem ser desmatadas. Passavam a observar a artística maquete natural da Bacia do Jaguari. No auditório onde após assistir a vídeo e a palestra, realizavam trabalhos. Tomavam lanche e suco. Eram recebidos na estação de Tratamento de Esgoto Camanducaia pela engenheira química, Maria Teresa de Toledo Lima e aprendiam que o processo de purificação do esgoto conseguia devolver ao rio a água com 95% de sua pureza original.

Voltavam ao CEMA para trabalho prático onde aprendiam a fazer a reciclagem do papel ou do plástico. A última atividade era visitar a Biblioteca “Sala Verde”. Semestralmente a equipe elaborava relatórios e fotografias deste trabalho que eram encaminhados à EMBRAPA. Estes eram enviados ao Ministério da Agricultura e Meio Ambiente. E semestralmente a Sala Verde recebia 50 títulos premiados no respectivo assunto para enriquecer a Biblioteca do CEMA cujo acervo já contava com 200 obras Desta forma a Secretaria de Educação movimentava a contento um fecundo trabalho. Hoje a Educação não é mais responsável pelo CEMA. Mas é a Educação que trabalha diariamente com as novas gerações e pode fazer crescer o elemento humano que tem em suas mãos.

Tomaz de Aquino Pires