Mogi Mirim tem escolinha Oficial do Palmeiras
Coordenador Luís Felipe Nogueira, conversa com o Regional e fala dos projetos e objetivos
Conversamos hoje com Luís Felipe Nogueira, que é coordenador técnico da Academia de Futebol Palmeiras, a escola de futebol oficial da Sociedade Esportiva Palmeiras em Mogi Mirim, inaugurada em maio de 2022 em Mogi Mirim, A escola faz parte do projeto do clube em se consolidar como referência na formação esportiva no País, não apenas desenvolvendo futuros atletas, mas, principalmente, cidadãos e potenciais torcedores e torcedoras para o Verdão.
Luís, como começou essa ideia de representar o Palmeiras de forma oficial em Mogi Mirim?
R: O Palmeiras é, hoje, uma potência no futebol brasileiro, quiçá sul-americano, no âmbito do processo formativo de jogadores. Os resultados deste ano dizem por si: no Sub-20, o clube ganhou Copinha, Brasileiro e Copa do Brasil. No Sub-17, venceu Brasileiro e a Copa do Brasil, além do Paulista. No Sub-15, foi campeão estadual e está na briga pelo título no Sub-13. No profissional, nem se fala – no masculino e no feminino. A Academia De Futebol Palmeiras, enquanto escola de futebol do clube, constitui parte da mudança de pensamento administrativo que o Palmeiras experimenta há quase uma década e nos últimos anos, o corpo diretivo, tanto ligado ao marketing, quanto às categorias de base, tem se debruçado a alavancar a imagem do clube e aproximá-la de seus torcedores e torcedoras, na esteira da fase vitoriosa da equipe. Assim como Praia Grande, Jandira, Piracicaba e Jundiaí, Mogi Mirim foi uma das cidades escolhidas para abrigar novas unidades da Academia De Futebol em 2022. O Palmeiras observa, há tempos, o potencial econômico e humano da Baixa Mogiana e o Jorge Polettini, gestor da unidade, foi muito feliz em articular, junto ao clube, sua vinda para cá.
Qual o objetivo da implantação da escola, em termos esportivos, na região?
R: Enquanto coordenador técnico da Academia de Futebol Palmeiras em Mogi Mirim, devo estar alinhado aos princípios metodológicos, a partir do currículo esboçado pelo próprio clube, à missão de prezar por um espaço de formação e entretenimento visto como referência, e ao pensamento de nosso gestor, Jorge Polettini. A ideia incutida por ele, que administra outras redes e franquias no interior de São Paulo, é que possamos disseminar uma cultura de iniciação esportiva ao futebol, condizente com o que as ciências do esporte, dentro e fora do país, defendem há algum tempo. Nessas instituições, temos a responsabilidade de ensinar futebol, tal qual as escolas no Ensino Básico e Fundamental I, ensinam língua portuguesa, matemática, história, geografia, ciências… O que quero dizer é que aqui temos o respaldo para não simplesmente reproduzir práticas realizadas no alto rendimento, como se os alunos e alunas fossem adultos em miniatura. Precisamos levar em conta a individualidade biológica, social e psíquica das crianças, principalmente em um momento que tiveram suas vidas muito afetadas pelo isolamento propiciado pela pandemia. Outra responsabilidade que possuímos é a de sermos honestos com as crianças e seus responsáveis: a carreira como futebolista profissional é, via de regra, muito árdua. O funil é muito, muito pequeno e mesmo ao passar por ele, chegar ao patamar de jogadores de Séries A e B nacionais é quase uma epopeia. O que não significa que o sujeito não possa aprender bem futebol, mais até do que futebol e continuar praticando em outros contextos, para a vida toda, e estar conectado ao clube que ama.
Sua escola participa de campeonatos?
R: Em 2022, julgamos – e coloco no plural, pois é uma decisão referendada, também e principalmente, por clube e gestor – que teríamos de enfrentar outros desafios no sentido de fincar raízes em uma região, que possui outras escolas de futebol consolidadas e representativas. Enfrentá-las, em um ambiente competitivo, seria uma falta de responsabilidade tremenda da nossa parte e uma contradição com tudo o que disse há pouco, porque, como um projeto iniciado do zero, temos etapas e desafios internos a superar. As competições são fundamentais ao desenvolvimento do aluno e aluna da Academia de Futebol Palmeiras e esperamos, em 2023, disputar algumas delas – desde que, claro, tenhamos competidores/parceiros que estejam alinhados aos nossos valores.
Como são realizadas as ditas “peneiras”?
R: A Academia De Futebol Palmeiras realiza, uma vez por semestre, um evento de culminância com meninos e meninas de todas as unidades do país, que pode indicá-los a um período de treinamento com as categorias de base da Sociedade Esportiva Palmeiras, em São Paulo. Por estarmos falando de um clube que, há alguns anos, realiza um dos trabalhos mais notáveis no que tange ao processo de formação de jogadores, não é fácil chegar lá. A concorrência é surreal. Porque, desculpe a redundância, o Palmeiras prima pelo processo. O evento mencionado é a cereja no bolo, mas não necessariamente podemos chamá-la de peneira, pois os alunos e alunas – talvez nem eles se deem conta disso – são avaliados todos os dias. A chave não está no produto e, sim, no processo. Em outras partes do mundo, sobretudo na Europa, a crença no dom, na lapidação de um talento bruto, deu lugar à formação longitudinal, perene, contínua. No Brasil, o Palmeiras não é o único, mas um dos poucos clubes a tentar romper esse paradigma inatista e, ao que parece, tem colhido os frutos.
Como você se sente ao ver um de seus atletas alcançando voos maiores?
R: Por aqui, optamos por não chamar os alunos e alunas de atletas. São crianças e adolescentes. Muitos buscam o sonho legítimo, mas precisamos respeitar as etapas. São seres humanos, que, tomara um dia, possam viver, a partir dos 15 anos, o contexto da especialização esportiva. É claro que será muito gratificante ter um jogador, oriundo de nossa escola, no contexto profissional e, mais ainda, vestindo a camisa do Palmeiras, Mas me dou por satisfeito se os garotos e garotas levarem para suas vidas, valores como união, excelência, vanguardismo e sustentabilidade .E que se reconheçam na própria história do clube, que se forjou pela colônia italiana que, ao pisar em São Paulo, com muita bravura, suor e coragem, veio, viu e venceu – da mesma forma como fizeram nortistas, nordestinos, mineiros, paranaenses e outros tanto, décadas depois e permitisse que o Palmeiras, como entoa o hino, soubesse ser brasileiro
Quais os critérios para que um pai possa inscrever o filho?
R: Basta que a criança tenha, no mínimo, 5 anos e o adolescente não mais que 14 e, mais do qualquer outra coisa, tenham prazer em jogar futebol. Não é preciso ser palmeirense (risos).
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