O emprego morrendo
O terceiro trimestre continua trágico para a economia brasileira. Em relação ao segundo trimestre, 963 mil pessoas perderam seus empregos e elevaram para 12 milhões o número de desempregados. Foram extintos 2,255 milhões de postos de trabalho em um ano. O pior resultado já apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. O pior é que o fundo do poço ainda está longe.
Os números não mentem: há 166,499 milhões de pessoas em idade de trabalhar. Mas na força de trabalho de 101,857 milhões, só 89,835 estão ocupados. Há 12,022 de desocupados mais 64,842 fora da força de trabalho. O setor privado é o que registra o maior baque. Tem 34,110 milhões de empregados com carteira assinada e perdeu 1,306 milhões de postos. Os sem carteira assinada são 10,269 milhões e 35 mil foram mandados embora.
São 6,123 milhões de domésticos, dos quais 109 mil foram para rua. Até o setor público, a empregar 11,329 milhões, mandou embora 218 mil funcionários. A visão dos especialistas é tétrica: no momento em que a taca de desemprego se mantém no maior patamar já detectado pela pesquisa, a alta de inatividade indica desalento. Pessoas desistem de procurar emprego porque não acreditam que possam conseguir uma vaga. O número de inativos aumentou em 1,2 milhões de pessoas e os dados indicam que a taxa de desemprego aumentará até atingir 12,3% no fim do primeiro trimestre de 2017.
Por esse motivo ainda não é prudente comemorar sinais de esperança pois a retomada do crescimento é algo muito complexo. A recuperação do Brasil levará um bom tempo. Quem tem emprego, tente segurá-lo com muito carinho, pois não há família em que o fantasma do desemprego ainda não assustou. Quem puder, ajude o próximo a atravessar esta fase difícil. O futuro chegou e com ele o desaparecimento de funções e tarefas que podem ser desempenhadas por máquinas. Vamos redesenhar nossa vida e empreender, com criatividade, para sobreviver nesta era turbulenta e incerta.
José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo