OS ANIMAIS TÊM ALMA? Acredito que sim!
Gilberto Pinheiro
A vida veste-se de mistérios, enigmas, e buscamos verdades muitas delas com entendimento transcendental, intuitivo, além do que consideramos normal em nosso dia a dia. Tanto é verdade uma âncora desse navio que navega em águas pouco conhecidas, prende-se ao que é subjetivo, àquilo que entendemos como fé. Eu, por exemplo, acredito em Deus. O acaso, na elaboração dessa grande e fantástica obra que é a vida em sua plenitude não pode ser referência para a Criação. Muitos afirmam que “não conseguem ver aquilo que não é matéria e, consequentemente, não crê na divindade. Acredito que seja um pensamento ainda muito raso. Por quê?
Porque o acaso tem íntima ligação com o fator aleatório e esse mesmo fator tem também total ligação com o caos. Não há organização metódico, algo inteligente e a vida é investida de inteligência. A própria constituição humana é uma complexidade incontestável, organização que segue padrões de quase perfeição. Vejam, por exemplo, a questão dos cromossomos, responsáveis pelas características físicas e particulares de cada ser humano e compõem-se de 46 pares, sendo 2 deles sexuais, ou seja, definindo o sexo de cada humano.
Se a vida fosse ancorada no acaso, não existiriam formas definidas, não apenas humanas, mas, vegetais e animais.
Percebe-se que há uma fabulosa organização no contexto de cada ser vivo com variável complexidade. Há flores diferentes, de cores variadas – umas perfumadas, outras não; árvores maiores, menores que outras, , umas dando frutos e outras não. À noite, as mesmas absorvem o gás carbônico e, ao amanhecer, na presença da luz solar, produzem o oxigênio, método natural chamado de fotossíntese. Isso não pode ser o acaso. Há, sem dúvida, algo inteligente que tornou a vida maravilhosa e extremamente complexa, uma espécie de engenharia, algo muito inteligente que chamo e entendo como Deus. Não posso pensar diferente.
Por acaso, conseguimos ver o ar que respiramos? Não! Percebemos a energia elétrica? Também, não!
Agora, se colocarmos uma das mãos num fio desencapado, sentiremos choque. A gente não vê o ciclo energético, mas, sabemos que ele existe. As ondas eletromagnéticas que levam o som e a imagem não vemos. Mas, ao ligar um rádio, uma tv, ouvimos e vemos imagens, trazidas exatamente por essas ondas. Eu não vejo o imaterial mas, sei que existem. Basta observar.
ELES POSSUEM SUBSTRATOS RESPONSÁVEIS PELA CONSCIÊNCIA
Se eles têm consciência, deduzo que têm alma. É questão de lógica.
Depois dessas considerações iniciais, relativamente longas, não posso comprovar a existência da alma animal. Todavia, posso e tenho direito de deduzir que sim, os animais têm alma. Por que afirmo isso? A princípio, mera dedução. Se possuímos substratos neurofisiológicos, neuroquímicos e neuroanatômicos responsável pela senciência, entendo que os animais também possui essas peculiaridades. Isso permite que pensemos, que sintamos dor, frio, calor, sabor, etc. Os animais também possuem essas mesmas capacidades, haja vista os estudos à luz da neurociência e revelados ao mundo científico nos idos de 2012.
Abaixo, um dos trechos e estudos sobre a senciência animal e que constam na DECLARAÇÃO DE CAMBRIDGE.
Declaramos o seguinte: “A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais.
Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, como golfinhos, baleias, polvos, etc.
EM RELAÇÃO AO ESPIRITISMO
Bela religião, pregando o bem e o amor ao próximo. O espiritismo é uma bela religião, pregando o bem e o amor ao próximo. Confesso que fui espírita durante 21 anos consecutivos, levado ao centro espírita pela primeira vez pela minha mãe. Hoje, sou cristão apenas.
Claro que tenho profundo respeito por essa religião e, inclusive, tenho amigos(as) espíritas, pessoas de minha confiança.
Nunca houve polêmica entre nós. Apenas, concordância e discordância respeitosa em relação a alguns entendimentos kardequianos.
QUESTÃO 595 – LIVRO DOS ESPÍRITOS – livre-arbítrio dos animais
Respeito essa máxima espírita, mas, infelizmente, não concordo. Vejam!
Pergunta de kardec ao espírito verdade
Gozam de livre-arbítrio os animais, para a prática de seus atos?
Resp: Os animais não são simples máquinas como supondes. Contudo, a liberdade de ação que desfrutam é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar a do homem. Sendo muitíssimos inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele (…)
MEU COMENTÁRIO – Gilberto Pinheiro
Respeitosamente, não posso concordar integralmente com esse entendimento. Desde antes da época de kardec admitia-se que os animais eram seres autômatos, desprovidos de alma, verdadeiras máquinas vivas, haja vista René Descartes, séc. XVII, que também entendia-os como seres semoventes (que se movem naturalmente) e que não sentiam, inclusive, dor.
O espírito “verdade” asseverou que (a liberdade de ação dos animais é limitada pelas suas necessidades). Com todo respeito, discordo dessa consideração. Explico: Quando uma galinha, por exemplo, adota filhotes de animais de raças diferentes, não se enquadra nesse contexto que ele afirma. Isso não é instinto como pensa o espírito – isso é sentimento, amor de pai, mãe, portanto, senciência, o mesmo sentimento de amor que temos pela vida em sua ampla diversidade. Ainda: quando um cavalo conduzido por seu condutor para em frente a um abismo, não é instinto – é precaução, à luz do raciocínio. Quando um animal doméstico retribui um ato de carinho de seu tutor, ele não está se limitando às “suas necessidades instintivas”. É amor também!
Os animais, realmente, não têm os mesmos deveres que nos cabem – sair para trabalhar, pagar as contas; não sabem resolver equações do 1º e 2º graus; não entendem de logaritmos, não resolvem questões matemáticas simples, como somar, subtrair, somar; não raciocinam como filósofos mas…sentem como todos nós. Isso é o mais importante!!!
Esse mesmo espírito da verdade talvez tenha se confundido, pois esquece, infelizmente, que a maioria dos pássaros constroem seus ninhos nos altos das árvores; as águias nos topos das montanhas, os pica-paus escavam suas próprias aberturas nos troncos das árvores, isso sim, é instintivo, pois já nascem assim determinados.
Ratifico e reitero que tenho profundo respeito pela religião espírita e não tenho sobre o assunto conotação radical e excludente. Mas, divirjo sim, quando o assunto são os animais.
CONCLUSÃO: como afirmei acima, creio na existência da alma dos animais, todavia, não tenho meios de comprovação. Mas, a minha fé que entendo raciocinada, leva-me a crer que eles são conduzidos para a espiritualidade após a morte física. – É o que penso!
Gilberto Pinheiro é jornalista, palestrante em escolas, universidades, ex-consultor da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro
LEMBRANDO: maus-tratos a cães, gatos são considerados crimes, de acordo com a nova lei federal 14064/20, Lei Sansão, sancionada pelo ilustre presidente Bolsonaro, sensível à causa dos animais