Produção e conservação da água é tema de seminário

O tema uso e cobertura das terras e suas relações com a produção, conservação e qualidade da água foi o tema do seminário técnico realizado na sexta-feira, dia 10 de junho na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). O evento teve a participação dos professores Silvio Ferraz do Departamento de Ciências Florestais da Esalq e José Teixeira da Feagri/Unicamp, além do pesquisador da Unidade, Ricardo Figueiredo.

O professor Ferraz falou sobre produção e conservação da água no contexto da bacia hidrográfica. No entanto, ele enfatizou em sua palestra que “ninguém produz água, porém pode-se manejá-la em função dos diferentes tipos de cobertura vegetal”. Ferraz também demonstrou que o solo é o principal componente regulador da disponibilidade de água; é ele que armazena, de fato, a água em combinação com diversos fatores ambientais, tais como cobertura vegetal, relevo e clima. A textura do solo influencia diretamente na capacidade de armazenamento; tanto é que os argilosos possuem maior capacidade de retenção de água no solo, funcionando como uma “esponja”.

A segunda palestra, proferida pelo professor José Teixeira da Feagri/Unicamp, abordou a qualidade da água enfatizando as diferentes fontes de contaminantes. De acordo com Teixeira, as atividades em todo o planeta utilizam atualmente uma infinidade de substâncias químicas, sendo que existe pouco conhecimento sobre as doses seguras de exposição aos seres humanos e ao meio ambiente frente à maior parte dessas substâncias. Teixeira enfatizou ainda as chamadas cargas difusas de poluição, estabelecidas para as condições de presença de resíduos em águas pluviais provenientes das atividades domésticas (cidades), industriais e agrícolas em tempo de chuva. Aliás, esse é um dos grandes problemas que afetam sensivelmente a qualidade da água dos mananciais em períodos chuvosos. O trabalho preventivo, nesse caso, seria muito mais producente do que aquele de remediação que demanda custos elevados. Afinal, é um problema de toda a sociedade civil e tem que ser solucionado exclusivamente por ela.

Na terceira e última palestra, o pesquisador Ricardo Figueiredo falou sobre os desafios científicos e em logística nos estudos com bacias hidrográficas no Brasil. No Estado de São Paulo as dificuldades são menores, mas ainda assim apresentam alguns entraves, principalmente em relação à disponibilidade limitada de informações, ou mesmo dificuldades relacionadas às diferentes escalas de trabalho disponíveis. Em outros Estados a situação é pior, colocando o país em uma situação de muita fragilidade frente à ausência de um banco de dados/informações, tanto primários (rede nacional de monitoramento de parâmetros hidrológicos em tempo real) quanto secundários em diferentes escalas de trabalho. Este conjunto de dados/informações permitiria suprir as demandas dos projetos de pesquisa no país. Dada a grande relevância dessas informações para os estudos ambientais/agroambientais em bacias hidrográficas, os trabalhos desenvolvidos em campo em escalas de maior detalhe apresentam maiores dificuldades para execução.

Logo após as apresentações, o pesquisador Marco Gomes, um dos organizadores e membro da equipe do subtema “Recursos hídricos, agricultura e meio ambiente”, foi o moderador do debate que teve duração de cerca de 30 minutos. A equipe desse subtema é composta pelos pesquisadores Anderson Pereira, Heloisa Filizola, Kathia Sonoda, Marco Gomes, Maria Lúcia, Mariana Silveira, Ricardo Figueiredo e Robson Barizon.

Matéria: Cristina Tordin

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